Capítulo 11

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Assim que ele abre a porta eu levanto-me e vou ao seu encontro.

- André - digo no meio de um suspiro. Quando ele olha pra mim, esboço um sorriso. Agora percebo que algo o está a perturbar.

- Luísa - Ele dá dois passos e abraça-me.

Abraço-o de volta e encosto a minha cabeça ao seu peito, sentido que aquele é o meu porto de abrigo.

- Estás bem? - Ele pergunta-me ao ouvido.

Provavelmente, sentiu como o meu abraço foi mais forte do que o habitual.

- Sim... - digo no meio de soluço. Merda. Não queria chorar.

- Luísa.

O André diz o meu nome de forma firme.

- O que se passa? - ele move-se um pouco para olhar para mim - Porque estás a chorar? O que se passa? É o Tiago?

- Não... o Tiago está bem-

- Papá?

O nosso filho está no cimo das escadas. Eu não digo que ele anda por todo o lado?

O André sorri para o filho e eu desvio-me.

Estava a prestes a dizer-lhe o que tinha acontecido, mas... mas agora não vai acontecer. O André abraça o pequeno da maneira que pode:

- O que te aconteceu, campeão?

- Caí... - Tiago encolhe os ombros. Olho para as horas. Tenho de lhe dar algo de comer. Vou para a cozinha.

Em menos de um minuto, o André entra na cozinha com o Tiago. Ele chega perto de mim, coloca a sua mão ao fundo das minhas costas.

- Estás a deixar-me preocupado.

- Não fiques - olho para ele, a emoção nos meus olhos - Falamos depois. Também tens muito para me contar.

Acabámos de jantar. O tempo que o André teve foi para estar com o filho. Ele estava preocupado, era evidente. Mas, cedo percebeu que o Tiago não tinha nada de grave. Os olhares furtivos que me enviava, diziam-me como ele estava inquieto quanto ao meu estado de espírito.

Nós os dois deitámos o Tiago. O miúdo estava cansado, não demorou muito a adormecer. Em silêncio, eu e o André saímos do quarto do pequeno.

- Vou ao quarto mudar de roupa. Já vou ter contigo à sala.

Aceno.

O André precisa ao menos de se refrescar. Ainda não parou desde que chegou a casa.

Termino de lavar a louça. Entro na sala e oiço os seus passos. Estou nervosa, não sei porquê, estou nervosa. Não devia. O André está comigo e tenho de partilhar isto com ele.

- Luísa, podes explicar-me isto?

Viro-me e fito-o. Ele traz uns papéis e vejo como o seu semblante está carregado. Merda. São os papéis do hospital.

Não consigo formular nenhuma palavra. Faz tempo que não me sentia aterrada desta maneira.

- Podes explicar-me isto ou não?!

O André deixa agora os nervos entrarem na sua voz.

As lágrimas vêm aos meus olhos e coloco as minhas mãos sobre o meu ventre.

- Eu... André eu... tive um aborto.

O rosto do André endurece.

- Quando?

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