Capítulo 17

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Estou deitada à espera de que o André volte ao quarto. Ele foi tratar do Tiago, deixando-me ir para a cama mais cedo. Estou cansada e tenho receio de não estar a fazer tudo bem na minha recuperação.

Tudo está na mesma. Passaram dois dias desde que o André regressou e não há nenhuma notícia da imprensa. Talvez a Susana tenha desconfiado ou não quer largar já a ligação com o André. Até porque se tudo vier para a imprensa, ela sabe que o André vai saber quem foi. E a ligação dos dois pode terminar.

O telefone do André toca. Alguém lhe enviou uma mensagem. Pode ser muita gente, mas, invariavelmente, o meu pensamento vai para ela. Para essa Susana... Tudo isto me deixa com os nervos à flor da pele. Mas, não é isso que me dá o direito de espreitar o telefone do André. Nunca fizemos isso um ao outro e não vou começar agora. Esta tipa não merece.

- O Tiago demorou a adormecer, mas já está.

Oiço o André e olho para o meu homem, que acaba de fechar a porta.

- Ainda bem...

- Amanhã tenho de ir ao escritório. Mais uma reunião... Se há uma coisa que descobri e que detesto são reuniões. Haja paciência.

- Hum... Hum...

O André despe a camisola.

Deus!

O André é lindo. Com tudo o que se tem passado, o sexo é a última coisa em que penso. Ainda nem sequer sei se o posso fazer. A verdade é que eu e o André tinhamos uma vida sexual bastante ativa. Mas, desde o que me aconteceu... Preciso da sua proximidade, de estar com ele perto de mim, é claro. No entanto... Não sei se conseguiria entregar-me de uma outra forma. O André nunca fez nenhuma tentativa desse tipo desde que perdi o bebé. Mas, sinceramente, não estou preparada para esse contacto físico.

Às vezes penso que fiquei danificada para sempre.

- Está tudo bem? - oiço-o a perguntar e levo o meu olhar ao dele.

- Sim... - digo, baixinho - recebeste uma mensagem.

Prefiro mudar de assunto. De outra maneira sei que ele me vai perguntar no que é que eu estou a pensar.

Vejo-o a pegar no telemóvel e a sentar-se ao meu lado.

- A Susana não agarrou o isco... Mas, não me parece que esteja desconfiada.

Ele mostra-me a mensagem.

Afinal por quanto vai ser vendido o naming do Seixal? Podiamos marcar um encontro em minha casa para me esclareceres.

Olho para o André.

- Ela quer-te na cama.

- Não vou. Não nos vou expôr a isto - ele diz firmemente e eu respiro de alívio.

- O Benfica joga daqui a dois dias. Amanhã, telefono-lhe com uma grande novidade: a venda de mais um jogador e um contrato para venda do nome do Estádio da Luz. Ela não se vai aguentar. É o timing certo.

Sinto o meu coração a acelerar e aperto-lhe a mão.

- Tens a certeza disto?

- Absoluta.

- E se não der resultado?

- Não vou ter sexo para isto, Luísa. E o Benfica vai entender isso. Já estamos a falar de ultrapassar linhas.

Beijo-o e encosto-me ao seu ombro.

- Tenho medo de que tudo isto continue por mais tempo.

- Não tenhas. Vamos conseguir acabar com isto e... eu não quero que tenhas medo. Tens de te recuperar, temos de nos recuperar. Temos o Tiago. Temos uma vida para pensar e para viver.

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