Capítulo 16

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- O que se passou?

- Já te conto. Eu estou bem, conta-me por favor, primeiro, como foi o exame.

Contei ao André como tinha sido essa experiência e não deixei de lado como me sentia angustiada por ninguém me dizer nada. A minha irmã tentou tranquilizar-me, dizendo que era natural isso ser assim. Os médicos que fazem os exames não deviam dizer o que quer que seja, em circunstância alguma.

- A tua irmã tem razão, Luísa. Sei que estás nervosa com tudo isto, eu também. Mas a tua irmã tem razão quando diz para não stressares.

- Estou a tentar fazê-lo... Não me enervar. Se a médica só consegue dizer se se passa alguma coisa quando tiver na sua posse todos os exames, então não tenho outro remédio sem ser esperar.

- Eu sei que detestas esperar, mas acredita que agora é o melhor que podes fazer.

- Mas e tu? Passou-se alguma coisa?

Ele demora algum tempo a responder, o que eu acho ser estranho.

- André?

- Ah... Mais ou menos. Ouve, eu não queria estar a dizer-te isto por telefone, mas realmente não quero que haja mal-entendidos entre nós.

Sinto uma dor de cabeça enorme. O que será que vem daí?

- Não me deixes mais enervada...

- Ela beijou-me.

Fecho os olhos e a minha respiração fica em suspenso. A dor de cabeça torna-se mais evidente. Mas que merda... No fundo, eu sabia que havia uma probablidade de isto acontecer, mas... Ouvi-lo assim desta forma... É real. Aquilo que eu mais temia, está a acontecer.

- Luísa? Luísa, estás bem?

- O que se passou? - tento controlar as minhas emoções. Não posso mostrar-lhe como isto me está a afectar. Isto foi acordado entre nós, cientes dos riscos que estávamos a correr.

- Estávamos a falar, bebemos um copo e ela atirou-se a mim. Eu afasteia-a, mas... Eu quis ser rude, mandá-la passear, mas tive de me conter. Luísa, sinto-me uma merda por te estar a dizer isto agora, nestas circunstâncias, tu não merecias nada disto.

Percebo que, de facto, ele está irritado com tudo isto. É fácil percebê-lo... O André não é pessoa de se irritar muito facilmente. Por ser tão raro de acontecer, sei bem que ele está, de facto, irritado.

- Não tens culpa de teres sido apanhado nisto tudo...

- Estou arrependido. Eu não devia ter-me metido nisto. Eu estou irritado, tu sofres... Isto não está certo!

- André, por favor... Temos de ser racionais agora. É duro ouvir-te dizer o que disseste, é duro... Mas estávamos conscientes de que isto iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

- Eu já lhe dei as informações todas. Só estou à espera de que amanhã tudo saia na imprensa, para eu poder terminar com isto.

- Vai acontecer, temos de acreditar que vai acontecer.

- Vens buscar-me amanhã?

- Posso ir... Mas... Tens a certeza?

- Sim, não quero estar com esta mulher nem mais um minuto.

- Mas tu deix-

- Luísa, Luísa, desculpa-me.

- André...

- Desculpa-me por te estar a sugerir isto! Eu não estou bem da cabeça, só pode.

O André apercebeu-se agora que se o for buscar amanhã ao aeroporto, é mais do que provável que veja esta mulherzinha. Mas, se calhar, o melhor é mesmo eu ir e mostrar que eu e o André somos felizes. Pensando bem, talvez isso a chateie ainda mais e ela ponha o pé em falso...

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