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Camila Cabello estacionou o carro ao lado do Bar e Restaurante SummerSun, tirou os óculos escuros e fitou, pensativa, a antiga construção caindo aos pedaços. Tratava-se de uma espelunca, bem como imaginara, mas seus arredores e a vista para o mar... Pelo menos, eram muito melhores do que ela esperava!

Quando herdara do pai o restaurante na costa oeste da Flórida, pensava que tinha recebido de presente um verdadeiro presente dos céus. Uma boa propriedade. Um excelente terreno com magnífica vista para o Golfo do México, que ela trataria de converter em dinheiro vivo o mais rápido que pudesse. Agora, ao constatar com os próprios olhos que sua herança realmente não passava de um velho bar quase em ruínas, não tinha dúvida alguma sobre o que fazer com ele: vender.

Penteou os cabelos e retocou a maquiagem no espelho retrovisor antes de sair do carro. Embora fosse uma manhã de abril, primavera na Flórida, o calor era intenso; Camila desejou estar usando short e camiseta, em vez de um vestido de linho, meias e sapatos de salto alto. Mas sua viagem tinha por objetivo uma transação comercial e ela planejava comportar-se de maneira profissional. Afinal, era a primeira vez que iria acabar com um negocio. Esse pensamento a deixava ansiosa, pois odiava fazer com que alguém perdesse o emprego: esperava, mesmo assim, que os empregados do SummerSun entendessem que, com o falecimento do pai, as mudanças seriam inevitáveis. Além disso, o SummerSun era o "queridinho" de seu pai. E ele não significava nada para ela.

Subiu as escadas que levavam a uma plataforma de madeira que circundava o bar. As mesas eram dispostas ao acaso, embaixo de guarda-sóis desbotados. Havia um certo encanto naquele lugar em ruínas que parecia brotar naturalmente do cenário, como as trepadeiras emaranhadas e as árvores imensas que o cercavam. Gaivotas mergulhavam no céu sem nuvens, e um vento fresco do oeste trazia o aroma inebriante de água salgada. Camila parou um instante para admirar a cena.

- É um lugar paradisíaco - murmurou para si mesma. - Bom demais para ser verdade.

A propriedade, uma ponta de terra avançando sobre o Golfo do México, era mais extensa do que Camila fora levada a crer. De um lado havia um rio: de outro, além do estacionamento, um bosque de ciprestes, carvalhos e palmeiras. A vista era espetacular. Olhando numa direção, ela via cais de pesca cercados por barcos balançando sobre as ondas e na direção oposta, uma praia em curva, com diversos hotéis. Em frente, um píer avançava para as águas: adiante, apenas o mar e o céu infinitos.

Com um sorriso de satisfação, ela abriu a porta desconjuntada do bar onde, às dez horas, deveria encontrar-se com Lauren Jauregui, a gerente do SummerSun. Saindo do brilho do sol viu-se dentro de um salão frio e escuro, em meio a madeira negra, ventiladores no teto e um cheiro azedo de cerveja misturado ao ar marinho.

Havia uma mulher junto ao balcão, de costas para ela, virando despreocupadamente as páginas de um jornal. Ela não se moveu quando Camila entrou, o que lhe deu um instante para observá-la em silêncio.

Vestia um short caqui, tênis velhos e uma camiseta preta bem apertada. Ela observou os seus músculos rígidos, a pele bronzeada e os densos cabelos castanho-escuros. Cabelos longos numa mulher nunca haviam lhe chamado tanto a atenção, mas Camila não pôde deixar de lhes notar a bonita textura: eram espessos e levemente ondulados.

Afastando de si aquelas sensações levemente sensuais que não tinham nada a ver com um encontro de negócios, ela pigarreou.

- Sra. Jauregui - chamou, tentando dar um tom ríspido e autoritário à voz - vim para termos aquela conversa.

Ela deu um giro sobre o banco e encarou-a, franzindo as sobrancelhas. O nariz perfeito, que parecia ter sido esculpido por um divino pintor, dava um toque de severidade a seu rosto de beleza clássica.

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