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Lauren e Camila correram para a cozinha. Verônica e Arthur situavam-se em lados opostos da reluzente peça. Havia dezenas de panelas jogadas ao chão entre eles. Por um longo instante, o quarteto ficou se entreolhando. Verônica rompeu o silêncio:

— Arthur ficou tão entusiasmado ao me ver aqui que derrubou toda uma fileira de panelas de cobre — explicou, antes de se virar para Lauren com um largo sorriso. — Olá, Lauren querida! Venha me dar um abraço.

Ela abriu caminho por entre os destroços e abraçou-a.

— Faz um tempão, Vero. Você não mudou nem um pouco.

Camila sentiu uma estranha inquietação ante aquelas palavras, mas Verônica não pareceu perturbar-se.

— Você também não, querida. Fico contente em vê-la de novo.

Enquanto as duas se abraçavam, Camila ousou dar uma espiada no rosto de Arthur. O cozinheiro parecia se esconder atrás de um escudo de cautela, com olhos atentos e vigilantes, a boca em linha reta, impassível.

Arthur se mexeu e outra panela da fileira deslocada veio ao chão. Os outros olharam para ele, na espera do que viria a seguir. Veio apenas uma pergunta, dirigida a Verônica:

— Então, o que está fazendo aqui? — Sua voz retumbante soava estranhamente desafinada.

— Começando em meu novo emprego — afirmou ela, evasiva.

— Em Cypress Key?

— Ora, sim.

— Onde?

Lauren e Camila apenas observavam, em completo silencio.

— Aqui — arriscou Verônica.

— Aqui onde?

— Aqui. No SummerSun.

— Ah, não… — a voz explosiva de Arthur agora era inaudível.

— Ah, sim. Camila me contratou como sua assistente.

Era evidente que Verônica estava satisfeita consigo mesma e queria que todos, ao menos Arthur em especial, soubessem disso.

O olhar dele passou da ex-esposa a Camila. Seus olhos castanhos, dardejantes, pediam uma explicação.

De repente, Camila também resolveu ousar.

— Verônica era perfeita para o cargo — explicou. — E eu não tinha a menor idéia de que…

— Não vai dar certo. — As palavras de Arthur agora se dirigiam a Lauren. — Não vai dar certo de jeito nenhum. Esta cozinha não é grande o bastante para nós dois. Cypress Key não é grande o bastante para nós dois. — Como ninguém negasse sua afirmação, ele exigiu: — Você tem de fazer algo a respeito disso, Lauren. Agora.

Camila prendeu a respiração, aguardando a reação de Lauren. Esperava que ela apoiasse o cozinheiro e que a mandasse escolher entre Arthur e Verônica.

Lauren, com todos os olhos sobre si, foi até o refrigerador, abriu a porta e retirou um jarro de chá gelado.

— Alguém quer um pouquinho? — ofereceu.

Todos sacudiram a cabeça ao mesmo tempo.

Ela foi até o armário, pegou um copo, serviu o chá e deu um grande gole.

Camila desconfiava de que Lauren gostava de ser o centro das atenções. Mas logo percebeu que ela estava era tendo dificuldades em tomar uma decisão.

— Lauren… — arriscou ela, sem saber depois como prosseguir.

Ela encarou Camila por um longo instante, para então declarar.

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