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Camila e Lauren saíram juntas do edifício Palmetto. Sem se falarem.

O sol era tórrido e a leve brisa que agitava as folhas das palmeiras não chegava a refrescar o ar. Em silêncio, andaram até o estacionamento. Chegando a seu carro, ela não ficou surpresa ao ver Lauren parar diante de um jipe marrom. Combinava com ela. Tinha as cicatrizes de guerra de um veículo que trabalhara duro e por muito tempo, mas parecia limpo, robusto e valente. De repente. Camila pegou-se admirando-a.

Quando voltou o olhar para Lauren, a expressão de simpatia desapareceu de imediato do seu rosto; não queria deixá-la com a impressão de que alguma coisa ali a agradava. Nem o jipe, nem ela própria. Lauren ainda estava com a camiseta preta, mas trocara o short por um par de calças caqui limpas e bem passadas. Penteara o cabelo comportadamente e escondia os olhos com um par de óculos escuros. Camila desviou os olhos e segurou o trinco da porta de seu carro.

- E aí? - perguntou ela.

- Aí o quê? Vou voltar ao hotel.

- Sem dizer nada?

- Tudo bem. Suponho que queira que eu diga que você não estava mentindo, que meu pai realmente lhe vendeu metade do bar.

- Não quero que diga isso, se não acreditar.

- É óbvio que acredito. Falei com o banco antes deste nosso encontro e soube que a sra. Brooke tem ótimas referências. Os documentos que me mostrou estão todos em ordem. Isso a satisfaz?

- Se isso te satisfaz, e se quiser dizer também que vai voltar para Atlanta e deixar a direção do SummerSun comigo...

- Espere um instante!

- Não se preocupe, vai sair tudo certinho. Esta é a minha proposta: todos os meses eu lhe mando um relatório dos lucros e um cheque. O cheque conterá a sua parte nos lucros e a maior parte da minha. Um dia terei comprado a sua parte. Compraria agora mesmo se tivesse o dinheiro, mas em oito ou dez anos, até menos, se puder, pagarei tudo. Você fica feliz e eu também. E o melhor de tudo: nunca mais nos veremos.

Lauren apoiou-se no jipe e esperou. A resposta veio imediatamente:

- Esse é um jeito de resolver as coisas. O seu jeito. Mas como deve ter notado, sra. Jauregui, não gosto do seu jeito. Além disso, há uma peça faltando no seu quebra-cabeças. - Ela adorou devolver-lhe a frase de efeito. - Não estou nem um pouco interessada em receber um pouquinho de dinheiro de vez em quando e, pelo pouco que conheço da senhora, tenho certeza de que seria mesmo muito pouquinho e bem de vez em quando. Estou interessada em muito dinheiro e agora. Não tenho intenção de esperar oito ou dez anos até que compre a sua parte. - Camila puxou os óculos escuros para a testa e fitou-a apertando os olhos devido ao brilho do sol. - Essa é a minha proposta. Entramos em contado com um corretor, vendemos o SummerSun e dividimos os ganhos. A senhora segue o seu caminho, e eu sigo o meu. O final permanece o mesmo: nunca mais nos veremos. Até lhe dou cinco por cento a mais de brinde.

Ela sacudiu a cabeça.

- Nada feito. Não vou vender e ponto final. Sendo assim, parece que chegamos a um impasse. O que eu gostaria mesmo de saber é por que está com tanta pressa de vender o bar. Precisa de dinheiro ou coisa parecida?

- Não é da sua conta, mas preciso da minha parte do dinheiro na venda do SummerSun para um projeto especial que exige capital.

- Que projeto especial? - insistiu ela.

- Como falei, não e da sua conta.

- OK, ok... Tudo bem, então.

Ela abriu a porta do carro, disposta a encerrar a conversa. Mas logo mudou de idéia. Contar o plano a Lauren não ia lhe fazer nenhum mal. Talvez, ela até se tornasse mais compreensiva.

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