23 - Ultimo

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- Qual?

- Está no meio do jardim de Kyle. Ele ficou um pouco aborrecido, pois sua plantação de tomates jamais será a mesma! - Lauren caiu na gargalhada outra vez.

Diante do absurdo e do desespero da situação, Camila uniu-se a ela na gargalhada. Juntas, caíram no chão molhado, abraçadas, rindo para o vento e para a chuva até lágrimas correrem por seus rostos.

- Não fale, Camila - avisou Lauren, enxugando as lágrimas e os pingos da chuva em seu rosto. - Não fale que temos tudo de que precisamos: temos uma a outra, o sol de manhã, a lua à noite. Acho que eu não ia suportar uma dessas agora.

- Mas é verdade! Temos uma a outra e isso é tudo o que importa. Nossos amigos estão bem e temos um cachorro, molhado e sujo, mas com saúde. Podemos viver no barco até reconstruirmos o SummerSun e... - Viu a rápida mudança de expressão no rosto de Lauren. - Vamos reconstruí-lo, não vamos?

Lauren não respondeu.

- De certa forma, esse furacão foi a resposta às nossas preces, não foi? - ela insistiu.

Nenhuma resposta ainda.

- Podemos reconstruí-lo de acordo com as normas de segurança e mandarmos Harry Stiles passear. Tenho certeza de que o seguro... Oh, não! - Ela respirou fundo, estremecendo. - Você não se esqueceu de pagar o seguro, esqueceu?

- Não, não esqueci. Não precisava. Alejandro pagou todo o seguro e deixou as apólices com Tommy. Verificamos esta tarde. Temos o seguro, mas não chega nem perto do valor que precisamos para a reconstrução. Alejandro tinha uma teoria de que as companhias de seguro cobravam demais, então escolheu a taxa mais baixa e com maiores descontos. E eu fui na onda.

- Vamos receber algum dinheiro? Por favor, me diga!

- Um pouco. - Lauren a estreitou nos braços. - Agora estou começando a me sentir feliz só com o sol, a lua e você. Podemos reconstruir, Camila, mas terá de ser algo do tamanho de uma barraca. Uma barraca para vender os camarões fritos de Arthur. Não há como reconstruir nada parecido com o que tínhamos.

Camila afastou o cabelo molhado de Lauren da testa. Apesar de todas as más notícias, de repente se sentiu como se elas tivessem vencido.

- Talvez seja bom. Talvez seja melhor nós pegarmos o dinheiro e tentarmos algo diferente.

- Nós? - Lauren olhou em volta, sob o brilho sombrio do crepúsculo chuvoso. - Consegue olhar para isso... para esse lixo... e ainda dizer "nós"? Cheguei aqui há dez anos sem nada, Camila. E aqui estou novamente, sem nada.

- Não vou deixá-la, Lauren Jauregui, nunca mais. Vou grudar em você feito cola. O que acha disso?

Lauren se inclinou e beijou seus lábios molhados.

- Acho que você é louca.

- Bem, pelo menos não sou louca a ponto de rir histericamente porque um barco está no meio de uma horta.

- É tão louca que quer viver com uma indigente. Num barco no meio de uma horta.

- Pode apostar que sim!

Lauren a abraçou e após um longo beijo, pôs-se a levá-la para longe dos destroços. Então parou e assobiou bem alto.

- Venha, Bop! Vamos para casa!

Fim

SummerSunOnde histórias criam vida. Descubra agora