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As palavras de Verônica foram seguidas pelo barulho de talheres indo ao chão.

Lauren deu de ombros e seguiu para o bar. Depois de alguns passos, parou e voltou-se para Camila.

— Funciona muito bem, não?

— O quê?

— Essa filosofia sua e de Verônica: você na sua e eu na minha. — Como Camila não responde acrescentou: — Bom, deixo Verônica e Arthur por sua conta. Você a contratou, então cuide das confusões que ela criar. Já tenho problemas demais.

Camila se levantou e foi para a cozinha, aliviada. Pelo menos por enquanto, iria tirar da cabeça seus próprios problemas.

— O que está acontecendo? — perguntou, entrando na cozinha. E a primeira coisa que viu foi uma gaveta virada, tombada ao lado de um monte de facas, colheres e conchas.

— Arthur estava demonstrando sua força e tirou a gaveta do armário — explicou Verônica. — Agora vai ter de arrumar a confusão.

— Essa mulher — falou ele, apontando para Verônica — anda mexendo nas minhas coisas. Ela é quem terá de arrumar tudo.

— Eu… — principiou Vero.

— Mas só depois de encontrar minha faca de limpar camarão.

— Nunca mexi nas suas coisas — Vero conseguiu falar. — Camila e eu passamos duas horas limpando a cozinha depois da festa, ontem, e coloquei tudo no seu devido lugar.

— Então, onde está a minha faca?

— Bem, estava na gaveta: agora deve estar no chão. — Verônica foi até a pilha de talheres e observou com cuidado.

— Trate de encontrá-la — exigiu Arthur.

Ela se inclinou elegantemente com um gesto dramático. Agitando os ruidosos braceletes em seus pulsos, pescou a faca da pilha e estendeu-a a Arthur.

Ele a pegou sem dizer nada e evitou os olhos da ex-esposa. Um silêncio desconfortável invadiu a cozinha.

Camila pigarreou.

— Hã… Acho que tudo acabou bem, não? Arthur está com a faca de limpar camarão, e Verônica e eu escapamos da forca.

O mestre-cuca cruzou os braços sobre o peito, em absoluto silêncio.

Camila tentou de novo:

— A salada de camarão estava deliciosa, Arthur. Apreciamos muito, não é, Verônica?

Verônica concordou com um gesto de cabeça.

— Senti vontade de fazê-la. Às vezes tenho vontade. Outras vezes, não — disse ele.

— Eu sei, eu sei, todos nós temos nossos dias — falou Camila, conciliadora.

Ela dirigiu-se para a porta. Iria aproveitar aquele momento de paz para fazer uma retirada estratégica. Uma outra observação de Verônica, porém, a fez parar no meio do caminho:

— A salada de camarão do restaurante de Ben Crowley é muito boa, também.

— Como sabe disso? — perguntou Arthur.

— Passei por lá para comprar uma e levar para casa, ontem à noite.

— Eu fiz salada de camarão no SummerSun e você foi comprar a do Crowley? — perguntou Arthur em tom ameaçador.

— A sua havia acabado.

— As mulheres que vieram à festa adoraram, Arthur — interveio Camila. — Comeram tudo num piscar de olhos.

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