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— Isto está parecendo um funeral — proclamou Zayn, carrancudo.

Camila não gostou de ouvir aquilo, mas sabia que ele tinha razão.

Estavam todos reunidos no Sundowner: Camila, Zayn, Dinah e Verônica, atirados em cadeiras, no salão; Buck, Arthur e Lauren no balcão do bar, conversando em voz baixa, expressões sinistras em seus rostos.

Por todo o SummerSun, no andar de cima e no de baixo, no terraço e embaixo da construção, inspetores representando várias empresas públicas, conselhos e repartições bisbilhotavam em todos os cantos como se examinassem um paciente terminal.

— Creio que devemos agradecer a Harry Stiles por programar esta invasão — continuou Zayn. — Como será que conseguiu que todos os inspetores chegassem no mesmo dia?

— Ele tem influência e poder junto à administração do município. Quer nos intimidar e nos fazer crer que qualquer esforço da nossa parte será inútil… O que provavelmente, é verdade. — Os olhos de Dinah estavam vermelhos de tanto chorar. — Se fecharmos, acho que vou ter de largar a escola por uns tempos.

— Talvez não — falou Camila. Estava cheia de preocupação e exausta de tentar conservar o otimismo.

— Não há muitas alternativas. — De todo o grupo. Dinah era a mais abatida e a que mais falava. — Procurei por toda a cidade antes de começar a trabalhar aqui. Não há nada, só emprego em lanchonetes que pagam salário-mínimo e sem gorjeta. Não posso pagar o aluguel e a escola com isso. Se perder este emprego…

— Nada está perdido ainda — interveio Verônica.

Camila fitou-a, agradecida. Durante os últimos dias, Verônica não se cansava de lhe fornecer apoio, carinho e compreensão. Zayn não era menos pessimista do que Dinah:

— Se bem conheço esse pessoal da prefeitura, este é o nosso fim. Eles faziam vista grossa para o SummerSun por causa de Alejandro. Agora foram apanhados em negligência no cumprimento do dever e Stiles está de olho neles: então, precisam compensar o tempo perdido sendo durões. Vão fechar o restaurante em uma semana.

Camila se sentia enjoada. Não conseguia comer nem dormir e a lembrança do rosto de Lauren, tão severa e tão fria, despedaçava-lhe o coração.

— Sinto muito — falou, pela milésima vez.

— O que está feito, está feito — Verônica era mais realista.

— Devíamos fazer alguma coisa! — gritou Dinah.

— O quê? — perguntou Zayn.

— Não sei. Você pode sobreviver com o salário de sua esposa. Mas e quanto a Buck? — Dinah estava prestes a chorar de novo. — Ele não tem casa nem família. O SummerSun é toda a sua vida.

— Ele vai encontrar alguma coisa — falou Verônica. — Todos nós vamos. Se for preciso.

— E quanto a você e Arthur? — perguntou Zayn.

— A gente se vira, daremos um jeito.

— Vocês têm qualificações. Este emprego é o melhor que posso conseguir até me formar — disse Dinah.

— É o melhor que posso conseguir, ponto final. — Zayn estava entrando no baixo astral de Dinah.

Camila não agüentava mais.

— Vou sair para tomar um pouco de ar.

Ao sair, escutou Verônica repreendendo os outros:

— Deixem a garota em paz. Não vêem que ela está um caco?

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