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Ainda assim, não via sinal de Lauren. Em meio a uma certa balbúrdia os fregueses começavam a sair do bar. Como Dinah lhe dissera, a maioria era de homens de meia-idade. Cumprimentaram-na com um amistoso “olá”, antes de descerem ao cais e entrarem em barcos.

Alguns casais, talvez aposentados, trouxeram seus cafés ao terraço e sentaram-se ao sol por algum tempo. Não mais do que duas dúzias de pessoas haviam almoçado no SummerSun, e Camila queria mudar isso. Parecia tão simples, que se perguntava por que Lauren e seu pai jamais haviam pensado naquilo.

Bem, logo teria a oportunidade de perguntar a Lauren, porque ela vinha subindo a escada, vindo do estacionamento. Parecia uma boxeadora indo atrás de seu adversário no ringue. Só havia um problema: ela era o adversário.

Bob levantou a cabeça, bateu o rabo preguiçosamente no piso e então retornou à sua sesta.

Lauren veio imediatamente na direção de Camila. Ela tentou afetar tanta despreocupação quanto Bob.

— Por que diabos esteve com o meu contador esta manhã?

Camila fez uma pequena correção:

— Nosso contador. — Então sorriu. — Boa tarde para você também, Lauren.

Lauren tinha educação suficiente para ficar um pouco embaraçada, mas isso não a impediu de fulminá-la com uma bateria de perguntas.

— Por que foi lá? O que está acontecendo? Como soube…

— Ally me deu o telefone do nosso contador e marquei um encontro. Simples, não? Precisava ter uma idéia de como nós estamos financeiramente. — Camila percebeu que o uso contínuo de palavras como “nosso” e “nós“ não agradava a Lauren. Pior para ela — Vamos indo muito bem. Fiquei surpresa.

Lauren se acalmara um pouco e apoiara-se no parapeito do terraço. Mas ainda parecia uma boxeadora, recuperando as forças antes de partir para o nocaute. Finalmente, falou com frieza:

— Sei quão bem o SummerSun está indo, Camila. Não preciso que me diga. Na verdade, não preciso de você para nada.

— Pode não precisar de mim, mas estou aqui e não há nada que nenhum de nós possa fazer a respeito. Também sei o que estou fazendo, e vou fazer muito mais.

— Porque foi ao banco? Um dos caixas me contou que passou por lá.

— Devia ser óbvio. Fui registrar meu nome nas contas, nos cartões, e assim por diante. Fui fazer o que qualquer sócio faria.

— Devia ter falado comigo primeiro.

Lauren cruzou os braços diante do peito, gesto que irritou-a ainda mais, sobretudo porque salientava de modo perturbador seus bíceps e seu amplo tórax. Ela podia ao menos se vestir de modo mais formal, pensou, já que tinha ido ao banco. Mas usava short, uma camiseta vermelha esfarrapada e cinto de couro. Camila estava elegante, de saia e blusa. Por que então, se sentia em desvantagem?

— Só levei os documentos necessários para provar que sou sócia do SummerSun. Não achei que precisasse da sua permissão.

— Talvez não, mas não gosto de saber por um caixa de banco do que está acontecendo em meu próprio bar.

— Nosso bar — salientou Camila. — Se já se acalmou o bastante para sentar, gostaria de conversar um pouco com você.

Lauren grunhiu, tombou sobre uma cadeira e gritou para Dinah:

— Traga uma cerveja, por favor. — Então, comentou com Camila: —Tenho a impressão de que não vou gostar dessa conversa.

— Como não gosta de nada que diga respeito a mim, isso não seria surpresa. — Ela respirou fundo, pegou a bolsa e retirou o caderno. — Tenho um plano.

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