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Lauren não lhe deu tempo:

— Quer que a ajude a arrumar a cama?

— Posso fazer isso sozinha, muito obrigada — declarou ela, tentando soar o mais formal que podia. Então, decidindo que a cabine era pequena demais para ambas, sugeriu: — Por que não vai trabalhar e me deixa organizar as coisas aqui?

— Está me mandando embora, Camila?

Ela aproximou o pé e esfregou-o no pé dela. Camila deu-lhe um chute.

— Sim, Lauren, estou mandando você embora. Essa sua artimanha…

— Que artimanha? — perguntou Lauren com ar inocente, reclinando-se.

Camila tentou não reparar nos músculos de seu peito por trás da camiseta apertada. E ela… Bem, ela insistiu:

— Que artimanha?

— Vários. Todas elas. Primeiro, você me traz até aqui, até este lugar, esperando que eu trema de horror e vá embora correndo. Ora, isso não vai acontecer, porque encaro a estadia neste barco como um arranjo temporário. Agora, vem com as suas insinuações sexuais. Acho que pensa que se tentar me seduzir, eu vou… eu vou…

— Sucumbir? — ela se antecipou. — Não você, Camila. É uma mulher sofisticada demais, que veio da cidade grande. E eu sou apenas uma caipira.

Camila detestou o tom zombeteiro e irônico que ela usara, e teve uma vontade repentina de se afastar daquela mulher. Só queria ficar longe dela.

Afastou-se sem dizer nada, mas Lauren se levantou e foi atrás dela.

— Tem razão, não vou cair na sua cantada — falou ela, encarando-a.

Aquilo foi um erro, pois seu gesto obrigou-a, pela primeira vez a realmente prestar atenção nos olhos de Lauren. Não eram tão escuros quanto ela pensara: tinham reflexos de verde e dourado. Reparou também que Lauren tinha uma cicatriz numa das faces e outra, menor, junto à boca. Uma boca muito, muito bonita…

Ela ergueu a mão e passou-lhe a ponta dos dedos pelo contorno do rosto.

— Não sei por que acha que estou tentando seduzi-la, Camila. Mas, se estiver interessada e quiser experimentar os meus carinhos…

Sentindo que enrubescia, ela amaldiçoou as emoções que lhe provocavam aquele constrangimento. E afastou a mão de Lauren com um tapa.

— Nem sonhando, Lauren Jauregui. Quero mesmo é arrumar minhas coisas. Por isso, por que não trata de voltar ao trabalho? Tenho certeza de que estão precisando de você no SummerSun. Afinal, não tem que vestir o uniformezinho na nova garçonete?

Lauren recuou, com um sorriso.

— Tem razão. Há trabalho a fazer e eu estou adiando minhas tarefas desde que você chegou aqui. Nos veremos no jantar?

— Estarei lá, sim — Ela a acompanhou até o convés. — Pronta para trabalhar.

A meio caminho, antes de chegar ao jipe. Lauren se voltou e gritou:

— Camila, sobre esse negocio de sedução… Por que não vai em frente e tenta? Não sou fácil de conquistar, querida, mas vale a pena tentar.

Camila olhou em volta, mas não conseguiu achar nada que pudesse atirar nela.

Camila não voltou ao SummerSun. Depois de deixar o hotel, fez algumas compras e foi se apresentar aos vizinhos: quando terminou essas tarefas, já eram seis horas. Cansada como estava, a idéia de ter outro confronto com Lauren era tão atraente quanto entrar num ringue de boxe com o campeão dos peso-pesados.

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