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Alguns dias depois:

Lauren praguejou e ajeitou a gravata-borboleta.

— Sei que é o dia do seu casamento, Arthur. Mas tinha de sugerir traje a rigor?

— Foi idéia de Verônica, que queria um casamento formal. Também não gosto destas frescuras.

— Podíamos usar só terno preto.

— Lauren, você não tem terno preto. Nem eu. — Arthur riu. — É melhor nos rendermos ao formal do que sair para comprar um terno.

— Isso é verdade. Mas, com um terno simples, eu poderia usar uma gravata normal. Não consigo ajeitar esta coisa direito. — Parou em frente ao espelho, tentou de novo e falhou. — Vocês não podiam se casar no cartório?

— Foi o que fizemos da primeira vez. Acho que Verônica pensa que se fizermos algo diferente hoje, vai durar para sempre.

— E o que está achando, Arthur? Somos amigos há bastante tempo. Qual é a verdadeira história?

— Olhe aqui, deixe que ajeite isso para você. Vai ficar aí o dia todo. — Arthur afrouxou a gravata-borboleta de Lauren e deu um nó perfeito. — Pronto. — Recuou e admirou o seu trabalho. — Quer mesmo saber o que acho?

— Foi o que lhe perguntei, amigão — confirmou Lauren.

— Bem, uma mulher como Verônica é como uma droga para um viciado. Não dá para viver com ela, mas também não dá para viver sem ela. Ela me deixa louco.

— Não parece muito recomendável.

— Mas é, Lauren. É o tipo de loucura de que preciso. Sou louco por ela. Sou perdidamente apaixonado por essa mulher.

— Talvez os dois devessem tentar viver junto por uns tempos.

— De jeito nenhum. Para Verônica é casamento ou nada. E para falar a verdade, para mim também. — Arthur estendeu a Lauren um cravo vermelho. — Você é a minha "padrinha". Ponha isto na lapela.

— Ah. Tudo bem.

Lauren tentou enrolar o cabo da flor no falso botão da lapela, sem sucesso. Arthur correu para ajudá-la novamente.

— Ainda bem que é o meu último casamento. Arrumar você não é fácil. Isso se chama bontonnière e é assim que se coloca. — Fixou-a na lapela de Lauren. — Ainda parece preocupada, o que é?

— Nada.

— Acha que vai haver problemas na cozinha entre mim e Verônica? Esqueça. Ela faz o almoço e eu faço o jantar. Não vai mais haver desentendimentos.

— Espero que esteja certo. As coisas têm andado já bem agitadas desde que… Bem, neste último mês. Ou melhor, nos últimos dois meses. Mas não é isso o que me preocupa, na verdade.

— Mesmo?

— Não, estou preocupada com algo muito mais sério.

— O que é, Lauren?

— Durante a cerimônia, quando chegar a hora de eu lhe entregar a aliança, o que acontecerá se eu a derrubar?

Arthur soltou uma risada melodiosa.

— Oh, nada. Eu apenas a mataria. — Veio um som de piano lá de baixo. — Vamos descer. Estou pronto para me casar.

Camila escutou a música com um arrepio de ansiedade. Com os dedos trêmulos, ajeitou a grinalda de flores de seda nos cabelos escuros de Verônica pela décima vez.

— Está ótimo, Camila. Não fique remexendo.

— Não posso evitar. Estou tão nervosa. — Camila deu uma risada. — Você é quem vai casar e eu é que estou nervosa!

SummerSunOnde histórias criam vida. Descubra agora