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- Chamou Flora? - entro no quarto.

- Olha, (S/N) o que eu achei. - ela me estende uma boneca. Arregalo os olhos. A boneca era igualzinha a mim.

- Aonde você achou isso, Flora? - me sento ao seu lado na cama, segurando a boneca.

- Em um báu pela casa. Ela é igualzinha à você. - Flora sorri e eu tento sorri mais não consigo. A situação era estranha demais.

A boneca era de porcelana, mais o mais estranho era os olhos grandes que ela tinha. Olhos de botões. Parecia que por um momento poderia ver tudo a sua volta.

Mas não poderia discordar que era muito bonita. A roupa estava perfeitamente costurada e o tecido era macio.

- Flora - a chamo sem desviar o olhar da boneca - Posso ficar com ela?

- Claro, (S/N). - ela diz e começa a rodopiar pelo quarto.

Eu coloco a boneca sentada na cama e me levanto indo até o guarda roupa branco. Flora tem muitos vestidos e sapatos. Todos em caixas e cabides, tanto que dou um "glória" quando acho uma camisola.

Vou ao banheiro e encho a banheira com água quente e depois com a fria. Coloco sabonete, uma esponja e uma toalha a postos. Flora tira o vestido e se senta com as roupas de baixo na banheira. Não tinhamos tanta intimidade ainda para nos vermos sem roupas.

Volto para o quarto para pegar uma escova, e olho denovo para a boneca. Eu a pego e levo pro banheiro.

- Gostou mesmo dela, não foi (S/N)? - Flora fala assoprando uma bolha de sabão.

- Sim... - digo alisando o cabelo da boneca e a colocando sentada na pia. - A pequena (S/N).

Volto para a banheira e ajudo Flora com o banho. Depois eu a envolvo com a toalha e começo a enxuga-lá, enquanto ouvimos o barulho da aguá descendo pelo ralo da banheira.

- Sabe por que Sra. Grose não contrata meninas da minha idade? - Pergunto para Flora.

- Eu acho que foi por causa de um assasinato. - eu paro de enxuga-lá e a olho espantada.

- Como? - vejo ela levantar os braços esperando eu vesti-lá.

- Tem muito tempo. Essa casa tem mais de cento e cinquenta anos. Acho que foi uma garota da sua idade, que encontraram morta. - eu fico espantada pelo fato de uma garotinha de cinco anos saber de tanta coisa.

- Não precisa me dar tantos... detalhes. - ajeito a camisola nela.

- Você sabe que temos cavalos? - ela muda de assunto.

- Não sabia. Talvez o Milles possa me ensinar como montar. - pego a escova e aliso os cabelos de Flora. Como minha mãe fazia quando eu era criança.

- É pode ser. - ela volta para o quarto e se senta na cama.

- Vamos dormir agora - falo - Você teve um dia muito cheio, não? - ajeito os travesseiros e ela repousa a cabeça neles. Puxo as cobertas e enrolo Flora como uma largata em um casulo.

- Boa noite, (S/N). - ela fecha os olhos, começando a adormecer.

Me distâncio dela. Começo a puxa às cortinas da janela. O ar estava ficando mais frio a cada minuto. Eu sabia disso. Sabia por que a cada respirada minha, enbaçava a janela do quarto.

Depois que ajeito às cortinas ouço um barulho vindo do banheiro. Franzo às sombrancelhas e olho para Flora que ainda dormia em sono raso.

Acendo a luz do banheiro e vejo a boneca ainda encima da pia. Foi uma embalagem de Shampoo que estava caida no chão. Me abaixo para pegar e coloco no lugar em que estava.

Olho para a boneca. Os olhos de botão me encaravam profudamente, e apartir desse momento tenho uma grande certeza de que ela é mais velha do que eu pensava. Aliso pela terceira vez os seus cabelos naquela noite.

- Por que estava se escondendo pequena (S/N)? - Sorrio e a levo para fora do banheiro.

Olho para Flora e posso concluir que estava em um sono profundo. Apago às luzes e vou para o meu quarto, até que vejo Milles no corredor.

- Boa noite, Milles. - digo. Ele olha para a boneca que eu segurava.

- Uau... ela é igualzinha à você. - ele parece estar surpreso.

- Eu sei. Por isso que eu vou leva-lá para o meu quarto.

- Não acha estranho - ele gesticula - ela estar usando os mesmo sapato, o mesmo suéter, a mesma calça, que você?

- Nem um pouco. - solto um riso nasalado.

- A Sra. Grose mandou te avisar que amanhã pode sair para explorar o lugar. - ele coça a nuca - Sabe, conhecer os vizinhos. O labirinto. O estabúlo...

- Aqui tem um labirinto? - pergunto franzindo às sobrancelhas.

- Sim. Fica atrás da casa, não dá pra ver daqui.

- Ah, sim. - o encaro - Acho... que vou dormir.

- É... eu também! - ele fala, mais continua me olhando.

- Boa noite, Milles! - digo andando.

- Boa noite, (S/N).

Volto para o meu quarto e tomo um susto.

A janela estava aberta. Lembro-me que eu a havia deixado fechada. A lareira que antes mais cedo estava acessa, agora está totalmente apagada.
Acendo à luz e corro para fecha-lá quando vejo um gato preto sentado no parapeito. Ele tem olhos azuis da cor do céu. Muito bonito.

- Oi gatinho! - ele mia para mim - Vem cá.

Pego ele e fecho a janela.

O deixo encima da cama, enquato vasculho o cesto em busca de toras do tamanho certo. Ocupei-me em atiçar o fogo. Abri a porta do queimador, cutucando as toras incandescentes com o atiçador.

Volto-me para o gato e faço carinho nele, enquanto ouvia o som do fogo cripitando. A boneca estava debaixo do meu braço, abraçada comigo.

Quando o sono finalmente chegou, eu coloquei o gato em um tapete e a boneca encima do criado-mudo ao lado da minha cama.

- Boa noite pequena (S/N). Boa noite gatinho.

Eu me viro para o lado e durmo.

Sonho.

As coisas não serão mais as mesmas.
As coisas não serão mais as mesmas.
Não deixe passar, não deixe passar.
Corra, Salve-nos.

Um lago, um labirinto, um carro, uma casa.

Corra, Salve-nos.

Antes da meia-noite.
Antes da lua cheia.

Ou irá morrer também.







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Confesso que estou cagada de medo. Gente, o que eu tô fazendo da minha vida?

Eu concerteza vou ter pesadelos.
Boa noite pra vocês.

Eu vou dormir com a minha mãe.

Kiss.


SCARY LOVE - MILLES FAIRCHILD.Onde histórias criam vida. Descubra agora