Laura Costa
- Pode conversar?
- Sim, Rafael. - Me sento na cama e olho para ele. Seu cabelo estava bagunçado, dois botões de sua blusa estavam abertos e os outros estavam uma bagunça. - Eu atrapalhei alguma coisa?
- Sim... Não, não é isso! - Ele sorri e tenta arrumar o cabelo. - Enfim, eu queria pedir desculpas pela aquela noite.
- A noite que você me usou como boneca para o show?
- Não foi bem assim... Eu gostava de você, você sabe disso.
- Eu sei disso? - Me levanto. - O que eu sei é que você me encheu de bosta, encheu minha cabeça com coisas idiotas e em seguida me usou para o seu teatro, Rafael. - Digo de costas.
- Eu fui forçado a fazer isso.
- Então você acha que por ter sido "forçado" diminui tudo?
- Porra Laura eu estou tentando arrumar!
- PORRA LAURA O CARALHO! - Meus olhos começaram a lacrimejar e a minha voz a falhar. - Rafael, você me chamou para um jantar, disse que queria fazer uma surpresa para a Marta e precisava da minha ajuda.
- Sim, mas-
- Chegando lá, você começou a me iludir, dizendo que gostava de mim e que estava dando todos os sinais possíveis e eu, burra, já tinha notado os sinais. No momento que você me fez dizer "Eu te amo". - Eu faço uma pausa. - Várias risadas surgiram. Era tudo uma armação sua e da Marta para me expor, sendo que o errado era você!
Olho para o Rafael enquanto tento limpar minhas lágrimas.
- Você acha que eu consegui dizer "Eu te amo" para outra pessoa depois desse dia? Toda vez que eu olho no seu rosto eu me lembro da merda do dia.
- Você pode ouvir o meu lado? - Ele se levanta. - VOCÊ PODE OUVIR A MERDA DO MEU LADO, LAURA?
Eu engulo o seco.
- Você sabe como a Marta é, e tudo que eu te contei era verdade. Sim, eu gostava de você porra! Mas a Marta me dava popularidade... E me ameaçava! Ou eu fazia isso contigo ou ela ia me matar! Porra! Você conhece a Marta, sabe do que ela é capaz!
- E você realmente acreditou que ela ia te matar? Patético.
- Sim, depois de ter mandado uma faca no meu correio 3 vezes eu acreditei! E entre você e a minha vida, você sabe o que eu escolhi!
- Por que você ainda está com ela? Fazendo esse show todo? - Pergunto limpando minhas lágrimas.
- Medo? Talvez...? Nós já terminamos, terminamos 1 mês depois daquele jantar, mas mesmo assim ela vem atrás de mim.
- Já pensou em ir na polícia?
- Laura, você está se ouvindo? - Ele pergunta vindo em minha direção. - Você já foi amiga dela, sabe como a família dela é! Só de pensar em contar tudo para a polícia eu sinto que vou perder algo importante.
Ele se aproxima cada vez mais, e eu ando para trás até tocar na parede.
- Eu estava ansioso para te ver, de verdade. Eu nunca me perdoei por ter feito aquilo contigo, eu te fiz mudar de escola... Foi tudo culpa minha, eu sei.
- Sim, é bom que você saiba que destruiu a minha adolescência e que eu vim pra universidade com a intenção de esquecer tudo e seguir em frente.
- Você pode esquecer, por favor? - Ele olha nos meus olhos. - Eu odeio acordar e carregar a culpa em meus ombros. Eu sei que você é uma mulher incrível, todas as vezes que eu disse que gostava de você eram verdade.
Nossos rostos estavam perto, eu conseguia sentir a sua respiração.
- Rafael... Eu quero te esquecer. - Digo firme. - Por favor, me ajuda.
Saio do transe dos seus olhos e me afasto para o lado.
- Eu não quero começar algo agora ou fazer por impulso, mas se você quer que eu aceite as suas desculpas eu... Eu irei pensar.
- Eu entendo, desculpa se eu pareci muito estranho. Eu queria te encontrar para dizer tudo isso no mesmo dia que aconteceu, mas eu não podia. A gente pode recomeçar?
- Não é como se eu fosse esquecer. Só vamos recomeçar quando você finalizar tudo que tem que acabar.
Meu celular começa a tocar, vejo o horário e o nome no ecrã, como sempre, era a Ana.
- Vou comer com as meninas no refeitório. E por favor, quando estiver com ela no quarto, põe alguma coisa na porta para sinalizar.
Pego meu celular na cama e vou em direção a porta.
Que merda acabou de acontecer aqui?
No caminho do refeitório eu tento limpar o meu rosto, mas era inútil. As lágrimas escorriam cada vez mais.
Pego meu celular e resolvo mandar uma mensagem para Ana.
Não vou conseguir ir
Código M.Falar que tá menstruada sempre da certo.
Mudo o caminho e vou para o gramado do campus, ele está vazio, como se ninguém ao menos soubesse da sua existência.
Sento na arquibancada mais alta e começo a chorar, sem ter o controle algum das minhas lágrimas.
Eu só queria esquecer tudo, sabe? Não queria ter que me encontrar com eles na minha frente.
Marta estragou a minha vida. Éramos melhores amigas e melhores amigas brigam, é normal! Mas no caso da Marta... Melhores amigas não brigam, ou são ameaças.
Eu entendo o medo do Rafael... Mas eu só não entendo o porquê dele ter me feito passar por tudo isso.
Todos os nossos momentos... Sabe? Éramos um trio, parecíamos um trisal! Sempre estavamos juntos, fazíamos tudo juntos! Minha família o acolheu tão bem! E vocês sabem, a pior parte é contar para a família o porquê da pessoa que eles gostam não aparecer mais lá.
Eu sinto a brisa no meu rosto e respiro fundo, olho para o céu com o objetivo de encontrar estrelas... mas hoje o céu está vazio.
Se não fosse pela Ana, eu não estaria aqui hoje. A única que acreditou em mim, que era tudo uma armação da Marta e que eu não gostava do Rafael... Sim, eu gostava mesmo dele, tivemos vários momentos juntos! Mas eu me convenci que ele era só como um irmão pra mim... Nathan que me perdoe!
- Você não está com frio? - Escuto uma voz masculina dizer.
- Não... Obrigada. - Me levanto no mesmo estante. Eu não quero ficar sozinha com um homem.
- Eu não vou fazer nada, calma. - Sinto algo sendo jogado em mim, era um casaco. - Tá tendo um dia difícil?
- Obrigada pela gentileza, mas eu não preciso. - Coloco o casaco na arquibancada e continuo descendo.
- BOM, MEU NOME É IVAN! QUALQUER COISA A GENTE SE ESBARRA POR AÍ! - Escuto ele gritar.
Eu acabo sorrindo com a situação e volto para o maldito dormitório.
Rafael não está aqui, então eu posso por um pijama e me jogar na cama.
Bom, amanhã é um novo dia.
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Maldito Dormitório!
Storie d'amoreVocê já imaginou entrar na universidade e seguir os seus sonhos? Provavelmente sim! Então você tem algo em comum com a Laura... Mas ela não contava muito bem com as coisas que iriam acontecer durante o seu período letivo, quem imaginaria que isso ia...