48.

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Caminhando de um lado para o outro. Hospital lotado, médicos rindo e conversando de um lado para o outro. Naquele fim de tarde, Mark apenas desejava chorar de desespero caso descobriasse que seu menino estivesse em um estado pior do qual teria o encontrado nos braços de Jeno naquele banheiro frio e úmido.

Ele tentava respirar fundo, tentando encontrar um lugar seguro dentro de si, mas tudo que houvesse ao redor causava aquela sensação horrível na barriga e na camada avermelhada e quente abaixo de sua pele.

— Cadê ele? — o pai perguntaria desesperado para alguma enfermeira por perto. Em um ar pesado e movimentos bruscos, ele caminhara até o corredor onde estivera o ex psiquiatra — Cadê o meu filho? O que aconteceu com Donghyuck? — ele questionou a esposa que chorava sem parar ao notar o estado caótico do marido.

Senhor e Senhora Lee. — o canadensce se aproximou em passos receosos do casal, se segurando para não desabar em lágrimas aflitas, apresentou-se — Me chamo Mark Lee, sou o antigo psiquiatra de Donghyuck.

— Doutor, ele está bem? — a mãe preocupada questionou o moreno. Mark abaixou os olhos para o chão, tentando buscar uma forma de dizer.

— Donghyuck teve uma intoxicação de remédios. O estado possa ser grave, mas quando o encontrei no colégio ainda estava acordado. — visou novamente os olhos dos pais. — Houve muita coisa para chegar a esse ponto, está na hora de conversarmos sobre Donghyuck.

[...]

O silêncio naquele corredor. O homem mais maduro dormia ainda aguardando o médico chama-los. Enquanto isso, aquela mulher e Mark tentavam se entender, de seus jeitos.

Em breves palavras. Eles não expressaram uma reação muito chocante, mas demonstraram estar surpresos. Senhor Lee até brincou com o canadensce dizendo que os "Lee" indicava o destino. Mas a Senhora Lee foi diferente. Ela não estava brava, ela se manteve calada, pensando e chorando algumas vezes. Deveria ser difícil imaginar o filho naquela situação e ainda mais que tudo houvesse sido causado por um amor proibido, pensava Mark.

Foi difícil explicar que amavam um ao outro, mas foi pior ainda fazer-los compreender que aquilo tentou ser absorvido a distância e de formas mais profissionais. Mas nem sempre as coisas funcionam como imaginamos.

A luz da rua já era dos postes de luz. Naquele lugar existia apenas alguns enfermeiros e médicos pois o restante já houvessem ido para casa mudar de turno e os pacientes em maior tempo lá já houvessem sido atendidos.

Você manteve alguma relação íntima com o nosso Hyuck? — ela questionou outra pergunta, baixo, curiosa, ainda apreensiva pela notícia.

— De maneira alguma! Donghyuck e eu sempre respeitamos o espaço um do outro... — ele cruzou seus dedos das mãos, afundando aqueles punhos no banco, entre as pernas.

— Parece cansado. Você pode ir para casa. Não precisa ficar aqui. — a mulher mencionou receosa.

— Preciso ficar aqui até Donghyuck acordar. — suspirou pesado — Estou preocupado com ele. Sinto muito se esteja incomodando.

— Está tudo bem. — sorriu fraco com os lábios, pegando sua bolsa e tirando dela o dispositivo celular, para ver as horas.

Era um pouco estranho aquele clima entre os dois. Não sabia decifrar se estava realmente "tudo bem" ou se era apenas a negação por parte da mulher. Ele se questionava isso, pressentia isso.

— Acho até bacana... — ela guardou o celular novamente — Nenhum outro namorado de Hyuck foi tão atencioso nesse ponto, se posso chama-lo assim. — o canadensce olhou para ela — Donghyuck sofreu na mão de muitas pessoas. Muitos meninos. Todos perversos, fizeram ele se culpar por coisas banais e que não tinha culpa alguma... mas... você se importa com ele... de verdade.

Ele sorriu, de certa forma, era o primeiro a estar ali por ele. Não conseguia imaginar como fosse sofrer tanto. Um privilégio de ser Mark Lee.

O moreno olhou seus pés, ajustou o óculos no rosto e cruzou os braços. Conforme aquele tempo passava, ele continuava pensando sobre o loiro. O sorriso caindo de seu rosto. Era bobo mas intenso.

— Antes de encontrá-lo, Donghyuck pediu ao meu irmão que ligasse a ajuda, segundo Jeno, mas ele preferiu ligar para mim... — disse baixo, apreensivo, segurando aquelas lágrimas dos olhos — Eu não pude pensar duas vezes, a ideia de algum dia ele não estar mais nesse mundo me assusta... eu amo muito seu filho. — murmurou baixo.

Quando suspirou fundo, as lágrimas de seu rosto caíram. Ele tentou evitar aquilo, tentou esconde-las. Mas conforme mais tentava, mais caiam sobre sua derme. Ele passou a mão sobre o rosto, em uma tentativa de enxuga-las.

— Estamos preocupados, mas irá ficar tudo bem, certo? — ela manteve um sorriso fraco nos lábios, passando sua mão sobre as costas do moreno.

Aquele toque de mãe. Sutil e delicado. Ela era uma pessoa boa. Ele sentiu pela primeira vez a compreensão, depois de tanto tempo. Aquela dor parecia se aliviar conforme o carinho dela seria transmitido sobre as costas, como se um peso fosse tirado dali.

— Droga. — riu sem jeito — Me perdoe.

— Está tudo bem, Mark. — ele olhou para ela, outra vez — Você é um bom garoto, Donghyuck merece você. — seus olhos marejaram rapidamente ao tocar no nome do filho — Quando tudo isso acabar, promete cuidar dele por nós? — com dificuldade, continuou. Ele sorriu, em um nível discreto que quase não houvesse como notar.

Ele concordou com um gesto, abrindo os braços e recebendo um abraço caloroso da mais velha. Estava tudo bem. Iria ficar tudo bem.

Visitas em espera para Lee Donghyuck? — perguntou olhando em volta. Os dois olharam rapidamente para a mulher — O paciente acabou de acordar. — a enfermeira diria calma, com uma planilha sobre as mãos — Ainda está muito fraco pela lavagem gástrica. Por Deus ele não adormeceu. — sorriu com os lábios — Podem me seguir!

can you help me? | markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora