02.

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Miserável! Filho de uma puta! — murmurou o tailandês, irritado, batendo a mão na mesa com força — Eu não acredito que ele foi capaz de fazer isso!

— Amor, se acalme... — respondeu Hendery ao lado passando as mãos sobre o casaco do companheiro.

— Acalmar?! Acalmar o caralho! — olhou atentamente para Mark a sua frente — Olha as olheiras de choro desse idiota?!

Mark riu irônico das palavras do amigo, passando os dedos sutilmente sobre o rosto cansado.

Chittaphon Leechayapornkul, o melhor amigo que você desejaria ter. Era companheiro de Wong Kunghang Hendery, o namorado bonito e engraçado.

Sentados naquela mesa do café da manhã, se encarando atentamente sem mencionar muitas palavras pela tensão no ar provocada pelo acontecimento da noite passada.

Mark sorria com os lábios diante qualquer reação que aquele terapeuta a sua frente tinha ao mencionar o nome do ex namorado.

— Eu não consegui dormir na cama. — respondeu firme e baixo, sorrindo maior e tendo os olhos preenchidos pelas lágrimas.

— Ei! Isso não é motivo para chorar! — disse Hendery franzindo as sobrancelhas em demonstração de preocupação — Você não tem culpa de nada disso...

— Ah! Mark... eu achava que ele era uma boa pessoa... — murmurou baixo enquanto olhava triste o amigo com os olhos encharcados — Não imaginava que ele pudesse ser capaz de fazer isso com você.

— Eu pensei que iria acabar me casando com ele algum dia... Johnny me traiu na minha cama... eu não dormi a noite toda pensando nisso... — ele secou as lágrimas que caíam, não mantendo o contato visual com os amigos, por opção.

De tal modo, era compreensível aquela reação do psiquiatra.

Mark Lee e Suh Johnny eram parceiros a mais de anos. Eram íntimos e companheiros. Nunca lhes faltou carinho ou motivo para manter um segredo sujo diante aquele tanto de amor. Bom, pelo menos era assim até algum momento, esse momento do qual Mark deveria estar se perguntando insuportavelmente até aqui.

— Você precisa de um tempo para você agora, amigo... — começou o tailandês — É dolorosa a sensação da traição e perda, mas você não pode se manter firme nesses pensamentos. Agora é tempo para cuidar de você!

— Cuidar de mim! — ele riu de maneira ácida e irônica — Eu quero é encher a cara até esquecer o meu nome.

Uma traição nunca ocorre por razões inexistentes. Talvez algo tenha dado errado e Mark não tenha percebido.

Aquilo doía como uma estaca no estômago e a culpa martelava sua cabeça como se fosse um prego.

Aquilo tudo doía.

[...]

Lee Donghyuck. — respirou cansado e ajustou seu óculos no nariz enquanto lia os relatórios dos pacientes deixados na porta. Ele olhou em volta e viu um ser de cabelos amarelados e se aproximar aos poucos. Sorriu simplista e deu espaço para o garoto entrar na sala. — Pode se sentar.

O garoto coçou sua nuca e sorriu com os lábios de forma meiga, cruzando suas mãos logo após sobre as pernas. 

O moreno anotou no fichário, deixando um silêncio quase longo naquela sala. Donghyuck se sentiria tenso um pouco pelo local tão silencioso que era a sala.

— Olá, Donghyuck! Meu nome é Mark e serei seu psiquiatra temporariamente. — olhou para o garoto com atenção — Como sabe, a doutora Jisu, que seria sua psiquiatra, entrou em recesso de gestação. — o garoto suspirou fundo, cansado.

— Sim, eu soube... fico feliz por ela! — sorriu de canto, não parecendo levar muito bem a sério o terapeuta.

— Bom... ela estará descansado um pouco agora, isso é certo de afirmar... — riu brevemente — Eu lhe farei algumas perguntas por essa ser nossa primeira consulta, está tudo bem para você?

— Claro! Está tudo certo, vamos lá! — concordou com a cabeça, apertando sutilmente a ponta dos dedos na cadeira.

— O que aconteceu para decidir se consultar? — ajustou novamente seu óculos no rosto. 

— Ah, doutor... eu tenho históricos com vício em calmantes e tive uma forte crise de dor de cabeça alguns meses atrás e me consultei ao neurologista. Ele me diagnosticou com ansiedade crônica.

— Ah! E quando, em específico identifica que sua ansiedade está lhe atiçando? — indagou atencioso, prestando atenção a cada detalhe do paciente a sua frente.

— Uma pergunta um pouco difícil, mas eu tô ferrado da cabeça com o trabalho, aulas de dança e o ensino superior.

— Frequentava outras consultas psiquiátrica antes?

— Sim, já fui em alguns antes, mas não deu certo por algumas razões...  

— Estava tomando algum remédio? — ajustou seu óculos, outra vez — Energéticos, antidepressivos ou calmantes. Preciso saber do seu histórico com medicamentos...

— Não, não estava. Meu último médico disse que não era necessário já que não tive crises e pudesse ser inútil. — revirou os olhos — Mas tomei alguns remédios para dores musculares, como Paracetamol e Dorflex. — o moreno anotou no fichário as informações deixando um garoto quieto a sua frente.

— Mais alguma coisa a acrescentar?

— Você tem certeza que vai conseguir me ajudar? Não questionando seu trabalho! De forma alguma... eu apenas estou preocupado. Doutora Jisu tratou de mim por mais de meses. Não quero fazer tudo isso atoa.

Mark, após anotar tudo no fichário, largou sua caneta e continuou com um olhar fixo sobre Donghyuck. Sabiam que aquela pergunta do loiro era boba, mas afinal, estava tudo bem fazer perguntas idiotas dentro daquela sala.

O mais novo sentia suas bochechas corarem pela vergonha de suas palavras e fez Mark sorrir, de orelha a orelha, com aquele rosto vermelhinho. 

— Ansiedade crônica é preocupante, mas costuma ter um tratamento de no máximo seis meses. De acordo com sua ficha, o tratamento deve terminar daqui dois meses. — ele sorriu com os lábios — Prometo fazer de tudo, do possível para o impossível para lhe ajudar até Jisu voltar, Donghyuck. Será um prazer ajudar você nesse tratamento.

can you help me? | markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora