Capítulo 7: Xackmat!

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 Talita estava cortando cenouras bem rápido e, logo depois, guardando os pratos. Lokita estava jogando argolas em uma garrafa vazia. Uma troca de papéis.

— Chegou cartinha. — Pocema entrou na cozinha com um bolo bem gordo de papel. — Contas, contas, convite?

— Deixa eu ver. — Lokita tirou seus pés da mesa. — Fomos convidadas para uma festa do chá.

— De quem? — Brotou uma pontinha de curiosidade na Pocema.

— Da viúva mais chique e civilizada do mundo! — Lokita ficou admirada.

Pocema achou desnecessário a parte da "viúva", mas talvez a senhora fosse conhecida por isso, então não disse nada.

— Eu posso não ser chique, mas sou civilizada! — Disse Talita com ciúmes e com a boca cheia de biscoitos.

— Talita, você é chique sim, viu? — Lokita apertou suas bochechas. — Ai, ai, ai! Não pense mais assim, entendeu?

— Sim!

— Quem é ela? — Pocema quebrou o clima. Foi até engraçado.

— Ok, vou explicar. — Existem vários tabuleiros nesse mundo. São como pequenas vilas. E um deles não era mais jogável, sabe por quê?

— Não.

Talita roía queijo.

— O tabuleiro de nascimento da senhora é o xadrez. Existem vários do mesmo jogo, mas esse o final foi diferente. As civilizações desse jogo são os brancos e os pretos e ambos fizeram as pazes quando o rei negro e a rainha branca se casaram. Então deu xackmat e nasceu a senhora que nos convidou e vamos nessa!


*   *   *

— Olá princesa Xadrez! — Lokita.

— Hu hu hu! Vocês vieram!

Princesa Xadrez era alta e usava coque de suas madeixas grisalhas; Pele cinza bem clarinho, quase branco; Seu vestido era sépia que cobria até os seus pés; Olhos cinza escuro e quatro braços com luvas sépias até o cotovelo.

As três se sentaram na mesa e uma criança estava chegando. Os olhos dela eram sem vida.

Os olhos eram cinzas, como os da mãe. O cabelo era espetado e ruivo; Pele branca; Camisa amarela; Bermuda marrom e sapatos da cor marrom.

— Esse é o meu filho, Arcuíru. Ele está meio tristinho hoje.

— Ele deve estar na fase da adolescência, ha ha! — Talita.

— Cala a boca, trançuda!

— Humpf! Minhas tranças são melhores que seu cabelo que fura os meus olhos!

Pocema dá um beliscão nela e sussurra:

— Não o provoca! Ele é só uma criança.

— Se comporta, filho! É visita!

Ele se sentou olhando de cara feia para a Pocema.

As quatro conversavam bastante.

— Uma perguntinha. — Pocema.

— Vai nessa, sem medo. — Disse Princesa Xadrez como uma verdadeira dama das antigas.

— Por que o seu filho é colorido?

A princesa deu um sorrisinho e corou para, enfim, responder:

— Digamos que eu não sou muito chegada a peças de xadrez. — Na minha juventude, eu adorava passear entre tabuleiros! Já que minha família não tinha mais.

Lembro quando construímos nosso próprio no meio do campo. — Mas enfim, eu fui parar no jogo Ludo. O mais legal é que as cores se relacionavam entre si. Meus olhos não estavam acostumados com tanta diversidade, estava perdida. — Então apareceu o Dado, meu amigo até hoje! Que mostrou-me tudo da cidade! Estava feliz de conhecer outro bicolor.

Aí eu conheci o Prisma. — Ela deu uma parada para respirar. Estava emocionada de alegria. — O Prisma era meio tristinho porque não podia jogar. Ele era todo misturado com as quatro cores do ludo e ainda tinham cores novas por causa da mistura das outras.

— Ele deveria ser lindo! — Pocema se derreteu com o conto de romantismo.

— Você não podia estar mais certa! Ok, vou continuar. Então ele disse o porquê.

Já haviam dez gerações que a família da sogrinha se casam com outras cores. A mãe dele disse que o DNA "explodiu" nele em comemoração da décima geração, ha ha ha! — E o Arcuíru o décimo primeiro! — Ela fez um cafuné na cabeça dele e o mesmo tirou a mão dela. Isso a entristeceu.

— Que fofos! Um romance inesperado! — Pocema.

De repente o Arcuíru ficou irritado, subiu na mesa, pegou uma tigela de biscoitos e jogou na Pocema, mas Talita entrou na frente e socou a tigela, transformando em vários cacos. Então ela o olhou com seu olhar zangado disse:

— Sei que está triste, mas não é motivo para jogar coisas nas pessoas!

— Filho, você não é assim.

Arcuíru chega até a Pocema, mas ela segura ele e o examina bem.

— Arcuíru, o que está acontecendo?

Ele chutou o rosto dela, dando um mortal e saiu correndo pela janela.

— ARCUÍRO! — A mãe não entendia a atitude do filho. Ela chorava desesperadamente.

— MÃE! — Uma criança saiu da gaveta, amarrada.

— Meu bebê! — Ela o desamarra.

— Vamos atrás dele? — Lokita perguntou.

— Temos? — Talita estava comendo bolo e não estava a fim de parar.

— Não, deixem isso com os policiais.

— Mais chá? — Perguntou o garoto verdadeiro.

As quatro levantaram as xícaras e disseram:

— Mas é claro, Arcuíru!

A Princesa Xadrez o pegou no colo e o encheu de beijos.

— Te amo, viu, meu bebê?

— Vi!

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