Capítulo 12: Morrer para viver

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 A paisagem branca se transformou em noite, e elas entraram no castelo. A rainha foi cumprimentar as meninas.

— Sejam bem-vindas para a festa do ano!

A luz se apagou e começou uma boate do tamanho de um estádio de futebol, mas Pocema não estava com vontade de dançar e saiu pela porta dos fundos.

Ao sair, encostou-se na parede, do lado da porta. Mesmo tão perto da festa, o som estava abafado o suficiente para pensar.

— Sabe que se você não contar que tá ciente de tudo você vem comigo, não é? — A loira apareceu de repente.

Pocema virou o rosto para não olhá-la.

— Tô ciente disso. — Eu vou contar.

A mulher bufou e disse:

— Sua determinação me enoja.

— Obrigada.

— Que tal um abraço?

— Humpf, sem chance.

— Bom, então isso é um adeus. Licença, eu vou onde existem pessoas que não tem toda essa fé. — E foi embora.

Logo Pocema entrou na festa, ligou as luzes e pegou o microfone para falar:

— Desculpe pela interrupção, porém preciso dizer uma coisa! — Uma música triste surge no clima. — Eu sei que esta festa é para a minha despedida. Isso tudo é minha imaginação!

Depois largou o microfone e desceu do palco.

— Como descobriu? — O semblante da Lokita entristeceu-se.

Pocema fechou os olhos por uns segundos e os abriu.

— Entendi, Pocy.

— Eu amo todos vocês! — Queria que fossem reais.

— Na verdade somos, sim! — Lokita se alegrou um pouco. — O cérebro não tem capacidade de criar rostos quando está dormindo. Só estamos "maquiados".  — Vai haver sempre alguém parecido com a gente.

— Quase todos. — Disse Talita olhando para baixo.

— Como assim? — Pocema perguntou.

— Nós somos as suas criações. — Disse Lokita. — Você nos fez acordadas. Temos o seu jeito fofo de ser! — Deu um risinho.

— Só que um pouquiiiinho mais exagerado. — Talita quebrou um pouco o clima tenso e todos riram.

Logo em seguida, vieram Porcelana e a Lola Blue de mãos dadas e depois soltaram.

— Nós só temos que agradecer. — Lola Blue.

— Por quê? — Pocema ficou curiosa.

Lola Blue chorava demais, então Porcelana entrou em seu lugar.

— Você foi para uma cantina comer. O moço de lá lhe deu um pastel com achocolatado, e estava muito bom. — Um tempo depois chega uma moça irritada e com a maquiagem borrada de tanto chorar. Ela desabafa com o moço que era amigo dela. Ela estava com dívidas, chefe horrível e só queria que os problemas acabassem.

Quando você ficou em coma, criou a gente inconscientemente.

— Eu não lembro disso.

— Claro que lembra. — Deu uma piscadinha.

— Oh... é mesmo! — Porcelana, deixa eu fazer uma última coisa.

Pocema colocou sua mão no olho dela.

— Minha cicatriz/rachadura sumiu! — Porcelana começou a chorar de alegria. — Você fez a Lola Blue para extravasar todos os sentimentos, sem guardar nada com nada! E eu, bom, eu estou em paz! Como você quis. Eu não sei como eu, ou melhor, nós — Pôs a mão no ombro da Lola Blue. — estamos no mundo real. Mas agradeço assim mesmo, de coração!

— Fico feliz por vocês! — Agora chega de tristeza e vamos dançar! — Pocema secou as lágrimas.

As luzes se apagaram novamente e a festa começou. Dançaram mesmo, como se não houvesse amanhã.

E não teve mesmo porque o lugar tinha começado a tremer e as luzes ascenderam mais uma vez.

— O que é isso?! — Pocema.

— A hora chegou! — Talita.

— Não! Eu não quero ir agora! — Pocema começou a chorar.

Lokita segura o rosto da Pocema e disse:

— Não recue! Esta é a hora!

Talita apontou para o coração da Pocema e disse:

— Não se preocupe. Nós sempre estaremos com você porque — As irmãs falam juntas. — nós somos você!

Pocema riu com um pouco de conforto que recebeu.

— Adeus! — Pocema as abraça fortemente, deixando cair algumas lágrimas.

— Adeus! — disseram ambas, saindo do abraço e Lokita pegou a mão da Talita. — Vai! Não se preocupe com a gente!

Pocema se afastou delas e saiu correndo com tudo se desmanchando, até a paisagem ficar branca, novamente. — Junto com o nada, batia um vento um tanto forte. A corrida parecia não ter fim, até que ela para.

— Dona Branca?

As asas da Dona Branca surgiram.

— Vamos?

— Então você era um anjo esse tempo todo...—  Sim, vamos...

— Você está triste?

— Um pouco, mas estou contente por ir onde Deus está. Só tenho que agradecê-lo. — Dona Branca sorriu com o comentário.

Pocema retirou o seu tapa-olho e suas roupas se transformaram em um vestido branco.

— Vamos.

Pocema foi até a Dona branca e subiu no seu colo.

— Hora de irmos.

Dona Branca levantou voo.


 *   *   *


O hospital ganhou mais um falecimento.

— Não! — A Pocema não pode morrer! — Doutor, traz ela de volta!

— Desculpa, garoto. Sua irmã não resistiu.

O garoto segurou a mão da irmã enquanto chorava.

— Nossas brincadeiras vão acabar por aqui?

— Filho, solta a mão dela! — Disse o pai segurando o choro. — Ela morreu!

— Por favor, filho. —  A mãe olhava o monitor cardíaco sem coragem de enfrentar a filha morta. — Aceita que a Pocema faleceu...

— MINHA IRMÃ NÃO MORREU!!! — O pai o segurou e o puxou fazendo a criança soltar a mão da Pocema, que caiu, sem vida na maca.



De repente, o monitor cardíaco voltou a funcionar.

O Mundo de PocemaOnde histórias criam vida. Descubra agora