Capítulo 17: Primeiro dia de aula

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 O alarme tocou cinco para as cinco.

— Bom dia! — Bocejei. — Daniel?

Já vi que vou ter que acordá-lo. — Fui até o seu quarto:

— Daniel. — Mexi nele de leve. — Daniel!

— Ah, Pocema! É madrugada!

— Por isso mesmo!

Sem resultados.

— Eu vou tomar banho primeiro e me trocar, daí eu venho te chamar.

— Te amo, maninha.

— Está me devendo uma dormida a mais.

— Ta tá...

Tomei um banho quente e me troquei para chamá-lo.

— Daniel, acorda.

— Só mais cinco minutos... — Dei um grito. — O que foi isso?!- Ele caiu da cama.

— Vai  pro banho, menino!

Ele pegou a toalha, mau humorado:

— Você não é minha mãe!

— Sou sua irmã mais velha! Então sou sua irmãe!

— Não me venha com essa!

— Xiu! Cala a boca e vai logo, fimão!

Depois eu fui para a cozinha tomar café:

— Bom dia, mãe.

— Parece que não precisei acordar vocês.

— E o Daniel também!

— Percebi. — Ela riu.

Tomamos café da manhã e minha mãe nos levou até o colégio.

— Dá um beijo, filhotes!

MUAK!!!!

— Tchau, mãe! — Daniel.

— Até! — Eu.

— O pai de vocês vem buscá-los.

No colégio, aprendemos a marchar, fazer continências e ver o colégio inteiro, no primeiro dia. No segundo dia foi a mesma coisa, embora senti alguns olhares sobre mim.

Olhava para todos os lados e não conseguia saber quem era, então decidi deixar para lá.

Todo mundo é aluno novo, não vejo motivo para tal! Deve ser coisa da minha cabeça. — No recreio estava paradona. Não sabia para onde ir.

Alguém tocou no meu ombro:

— Comprei salgado e refrigerante pra gente!

— Obrigada, Daniel!

— Sabia que você iria ficar perdida. — Então resolvi comprar para você! — E obrigado por me acordar. — Ele ficou corado.

— Por nada! — Somos irmãos! — O abracei.

Nos sentamos no banco do pátio e ficamos comendo e conversando, até quatro garotas nos interromperem: Uma era branca, de cabelo cacheado e gordinha; A outra era branquela, magricela e ruiva; E a última não estava em nenhuma extremidade em conceito de gordura; E uma descendente de indígenas.

— Quanto tempo, ahn, Pocema?

— Oi, desculpe?

— Você lembra da gente? — A ruiva perguntou.

— Não.

O Daniel a interrompeu meio irritado.

— Pocema, vamos embora. — Daniel pegou no meu braço.

— Irmão, por favor, quero ouvi-las. — Ele respirou fundo e sentou-se novamente.

— Elas são suas amigas de infância, até te visitaram quando você estava em coma.

— Ah. Desculpe, meninas. Depois que saí do coma eu pedi a memória.

Elas ficaram bem tristes e me abraçaram.

— Por favor, espaço pessoal. — Não aguentava mais estranhos me abraçando e chorando.

— Foi tão difícil te ver naquele estado! — A gordinha estava chorando.

Eu não chorei, estava acostumada com o drama da minha vida.

— Daniel, você parece irritado. O que foi? — Perguntei.

Ele cerrou os punhos.

— Eu não sabia que você iria encontrar essa trio de idiotas!

— Idiotas?! — Foi a vez da indígena.

— Na infância, elas E VOCÊ me maquiavam! — Você me pedia desculpas, mas, sempre que você estava com elas, parecia que ficava possuída!

— Você ficava lindo! — Disse a gordinha, provocando-o.

— Eu sou homem! Eu não uso maquiagem!

— Podemos voltar como era antes, não? — Disse a ruiva, rindo.

— Não! — Entrei na frente do meu irmão, defendendo-o. Ele sentiu-se aliviado. — Não vou ser mais manipulada por vocês!

— Ok, ok, vamos parar com este assunto. — A gordinha estendeu a sua mão. — Prazer, Bruna!

Apertei, lógico.

— Pocema! — Ri.

— Carol! — Disse a ruiva.

— Nina!

— Bom, eu vou indo.

— Fique, Daniel!- Insisti.

— Eu também quero fazer amigos, fui!

O resto da semana foi legal, eu falava da minha vida em outra cidade e elas falavam de como a gente brincava. Mas não lembrei de nada.

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