O alarme tocou cinco para as cinco.
— Bom dia! — Bocejei. — Daniel?
Já vi que vou ter que acordá-lo. — Fui até o seu quarto:
— Daniel. — Mexi nele de leve. — Daniel!
— Ah, Pocema! É madrugada!
— Por isso mesmo!
Sem resultados.
— Eu vou tomar banho primeiro e me trocar, daí eu venho te chamar.
— Te amo, maninha.
— Está me devendo uma dormida a mais.
— Ta tá...
Tomei um banho quente e me troquei para chamá-lo.
— Daniel, acorda.
— Só mais cinco minutos... — Dei um grito. — O que foi isso?!- Ele caiu da cama.
— Vai pro banho, menino!
Ele pegou a toalha, mau humorado:
— Você não é minha mãe!
— Sou sua irmã mais velha! Então sou sua irmãe!
— Não me venha com essa!
— Xiu! Cala a boca e vai logo, fimão!
Depois eu fui para a cozinha tomar café:
— Bom dia, mãe.
— Parece que não precisei acordar vocês.
— E o Daniel também!
— Percebi. — Ela riu.
Tomamos café da manhã e minha mãe nos levou até o colégio.
— Dá um beijo, filhotes!
MUAK!!!!
— Tchau, mãe! — Daniel.
— Até! — Eu.
— O pai de vocês vem buscá-los.
No colégio, aprendemos a marchar, fazer continências e ver o colégio inteiro, no primeiro dia. No segundo dia foi a mesma coisa, embora senti alguns olhares sobre mim.
Olhava para todos os lados e não conseguia saber quem era, então decidi deixar para lá.
Todo mundo é aluno novo, não vejo motivo para tal! Deve ser coisa da minha cabeça. — No recreio estava paradona. Não sabia para onde ir.
Alguém tocou no meu ombro:
— Comprei salgado e refrigerante pra gente!
— Obrigada, Daniel!
— Sabia que você iria ficar perdida. — Então resolvi comprar para você! — E obrigado por me acordar. — Ele ficou corado.
— Por nada! — Somos irmãos! — O abracei.
Nos sentamos no banco do pátio e ficamos comendo e conversando, até quatro garotas nos interromperem: Uma era branca, de cabelo cacheado e gordinha; A outra era branquela, magricela e ruiva; E a última não estava em nenhuma extremidade em conceito de gordura; E uma descendente de indígenas.
— Quanto tempo, ahn, Pocema?
— Oi, desculpe?
— Você lembra da gente? — A ruiva perguntou.
— Não.
O Daniel a interrompeu meio irritado.
— Pocema, vamos embora. — Daniel pegou no meu braço.
— Irmão, por favor, quero ouvi-las. — Ele respirou fundo e sentou-se novamente.
— Elas são suas amigas de infância, até te visitaram quando você estava em coma.
— Ah. Desculpe, meninas. Depois que saí do coma eu pedi a memória.
Elas ficaram bem tristes e me abraçaram.
— Por favor, espaço pessoal. — Não aguentava mais estranhos me abraçando e chorando.
— Foi tão difícil te ver naquele estado! — A gordinha estava chorando.
Eu não chorei, estava acostumada com o drama da minha vida.
— Daniel, você parece irritado. O que foi? — Perguntei.
Ele cerrou os punhos.
— Eu não sabia que você iria encontrar essa trio de idiotas!
— Idiotas?! — Foi a vez da indígena.
— Na infância, elas E VOCÊ me maquiavam! — Você me pedia desculpas, mas, sempre que você estava com elas, parecia que ficava possuída!
— Você ficava lindo! — Disse a gordinha, provocando-o.
— Eu sou homem! Eu não uso maquiagem!
— Podemos voltar como era antes, não? — Disse a ruiva, rindo.
— Não! — Entrei na frente do meu irmão, defendendo-o. Ele sentiu-se aliviado. — Não vou ser mais manipulada por vocês!
— Ok, ok, vamos parar com este assunto. — A gordinha estendeu a sua mão. — Prazer, Bruna!
Apertei, lógico.
— Pocema! — Ri.
— Carol! — Disse a ruiva.
— Nina!
— Bom, eu vou indo.
— Fique, Daniel!- Insisti.
— Eu também quero fazer amigos, fui!
O resto da semana foi legal, eu falava da minha vida em outra cidade e elas falavam de como a gente brincava. Mas não lembrei de nada.
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O Mundo de Pocema
FantasiSinopse: Pocema é uma menina que vive com duas amigas, Lokita e Talita. A mesma utiliza um tapa olho por motivos misteriosos. Todos os seus passeios tranquilos, acabam virando grandes aventuras! E, por vezes, no meio do caminho, elas tem que lutar...