Capítulo 11: A verdade

16 1 0
                                    


 Pocema abriu os olhos e já era de manhã.

— Bom dia! — Disse Lokita. — Trouxe o seu suquinho na cama!

— Obrigada.

— Olá! — Disse Talita. — Trouxe os nossos bichinhos de pelúcia! — Ela os jogou na cama.

— Eu quero o meu Roberto! — Pocema escolheu um tigre branco.

— E eu a Cecília! — Talita escolheu uma ursa rosa de gravata borboleta roxa.

— Carlota! — Lokita escolheu um pinguim amarelo.



Cecília acabara de acordar da hibernação. Ainda havia neve na floresta, então Cecília percebeu que acordou cedo demais.

Ela encontrou seus amigos: Roberto e Carlota. Era a primeira vez que os vira num ambiente de neve.

Eles também ficaram surpresos e Roberto pegou um copo de café na máquina de refrigerante e ofereceu a ursa.

No meio da brincadeira, Pocema largou as bonecas e se lembrou da noite anterior.

— Porcelana...

— Quê? — Ambas se perguntaram.

— Porcelana? Porcelana! Ela está em perigo!

— Sabemos. Agora vamos voltar para a brincadeira! — Talita fazia seu bichinho dançar em suas mãos.

— Se sabiam, por que não a salvaram?!

— Pocy, você não entenderia. — Lokita largou seu brinquedo.

— Não entenderia o quê?! Ela tá em perigo!

— Mas... — As duas gaguejavam e não conseguiam explicar.

— Sem mas! — DESAPAREÇAM!

Quando abriu os olhos, viu que seu quarto sumiu e ficou tudo branco. Literalmente um nada.

— O que aconteceu?

Então Pocema decidiu caminhar sem rumo.

Em meio de um cenário branco e sem fim, Pocema vê uma menina que aparentava ter cinco anos. E tinha um casal da cintura para baixo e estavam mais transparentes, comparados a menina.

— Papai, deixa eu segurá-lo? — Disse a menina.

Apareceu os braços do pai com o bebê, também transparente.

— Olá, sou sua irmãzinha!

A menina olhou para a Pocema e entregou o bebê aos pais, e os mesmos sumiram. Pocema entendeu isso como um ato de aproximação.

A menina usava um vestido fofo, maria-chiquinhas, cabelo castanho e olhos roxos.

— Tudo bem, Pocema?

— Como sabe o meu nome?

— Eu sou você.

— Quê? Não é possível! — Pocema ficou na altura da menina para dar uma bronca nela. Porque brincar com isso não é legal.

A menina rapidamente tirou o tapa-olho da Pocema que a fez tampar com a sua mão.

— Você não pode fazer isso! Me devolve! Ninguém pode ver o que eu tenho!

— Fique calma, Pocema.

— Calma?! Você pegou o meu tapa-olho!

Ela pegou a mão da Pocema e retirou, calmamente, para ver o seu olho.

— Você tem olhos muito bonitos.

Pocema se levantou, surpresa.

— Seu olho é absolutamente normal.

— Ahn?? — Mas, por que tudo isso? — Pocema chorava um pouco.

Ela explicou:

— Olha, esta realidade aqui não existe. Você...ou melhor nós estamos em coma entre a vida e a morte. Tudo que você viveu foi feito para te restabelecer e curar sua enfermidade.

— Cala a boca! Cala a boca! É mentira!

— Por quê eu mentiria, Pocema?! — Ela se acalmou e voltou a falar. — Aqui é o mundo dos sonhos! Você não acha estranho existir monstros, flores falantes e e pessoas tabuleiros??

— Não.

— Ok, eu imaginava isso. — Mas você não achava estranho ocorrerem dias tão intensos e tão calmos de forma forçada e perceptível?

— Então era por isso que meus dias alternavam em aventuras e atividades caseiras?

— Aham! Nós íamos lhe contar a verdade quando seu corpo ficasse estável.

— Então quer dizer que eu vou tipo acordar?

A garotinha mordeu os lábios e deixou umas lágrimas escaparem.

— Pelo contrário, seus olhos continuarão fechados....para sempre.

Pocema sentou no chão, perplexa.

— Eu....vou...morrer?

— Pocema! — Veio um grito de longe.

— Lokita? — Pocema olhou para trás.

— Ela vai levar você para o castelo da rainha para festejar antes de você partir. — E a menina sumiu.

— Pocema! Te procurei por toda parte!

— Desculpe, Lokita. — Pocema já colocou o seu tapa-olho.

— Vamos! Não quero me atrasar!

Lokita pegou a mão da Pocema e a levou correndo. Pocema ficou olhando sua amiga de costas e fechou os olhos, apertando, e depois ela os abre.

— Acelera, Pocema! Te puxar cansa!

— Estou indo... Talita.


*    *    *

Em um hospital, em um determinado quarto, havia uma máquina que vê os batimentos cardíacos fazendo incansáveis "bip's".

 Do lado, havia um triste garotinho que olhava para um pé coberto.

— Acorda! Eu não quero te perder. Eu quero a minha irmã de volta!

O menino abafou o choro com o rosto no colchão.

 O monitor cardíaco encerra sua atividade.

O Mundo de PocemaOnde histórias criam vida. Descubra agora