As aulas iniciaram há alguns dias e admito que estava com saudades. Na minha cama, estava pensando e refletindo um pouco, até que tirei uma conclusão:
Estou na minha zona de conforto...
Sinto que preciso falar de Jesus para os meus colegas!
Estava tão focada que, no dia seguinte, reuni alguns colegas da minha sala, e do colégio em geral, e nos sentamos em um canto bem silencioso.
— Gente, eu vim falar do amor de Jesus! — Meu coração estava exaltado!
Vi alguns rostos com cara de "Me trouxe aqui pra isso?" . Olha a ousadia da garota: Peguei a Bíblia para ler, mas logo "mentes pequenas" me interromperam.
Me xingaram e foram embora.
— Por que as pessoas não ouvem a verdade?! — Fiquei tão irritada que chutei uma lixeira.
— Você parece zangada, Pocema.
— Bruna?
Depois que a Bruna conheceu a Jesus, ficou mais fácil falar com ela sobre o que eu penso das coisas. Então contei tudo pra ela.
— Insista com eles como fez comigo. — Ela riu pra mim.
- Tá.
Logo a Bruna ficou séria.
— Algum problema? — Perguntei.
— Nada, só estou com vontade de beijar...
Quase ri, e muito! Eu não esperava por essa!
— Quero um namorado... da vontade do Senhor, claro. Mas eu não gosto de ninguém.
— Esperar em Deus não é fácil. Você ainda tem que conhecer o Senhor melhor. Aproveita a juventude para estudar!
— Temos a mesma idade!
— Mas eu sou, digamos, exceção. A maioria não espera desde jovem.
A Bruna só sorriu pra mim. Acho que ela queria ouvir isso de mim.
— Ei, por que não convidamos a Nina e a Carol?
— Claro!
Fomos até as meninas, mas elas disseram não de imediato.
Sempre vi a Bruna como uma líder delas. Quase como um power rangers vermelho, mas desta vez não.
— Bruna, respeita nossa decisão! — Carol estava brava, já.
A Bruna se revoltou:
— Vocês duas não estão entendendo! Vão morrer assim! — A Bruna estava quase chorando.
— Deus não existe! — Foi a vez da Nina.
A situação ficou preta a ponto de eu levar a Bruna para longe!
— Por que elas não entendem?!
— Você também não entendia!
— Sim, mas eu me enganei!
— Cada um tem o seu tempo. Obrigar as pessoas vão fazê-las afastar ainda mais! — Então ela me abraçou.
O resto do dia foi tranquilo, fiquei com a minha família jogando mímica à tarde.
No dia seguinte, eu estava tentando fazer um dever de matemática que o professor me explicou duas vezes, mas pedi uma terceira. — Acontece.
No recreio, eu fiquei andando de mãos dadas com o Miguel e conversando. Adoro passeios românticos! Nem que seja pelo colégio!
— Sete de setembro está chegando, né?
— Eu sei qual é a sua intenção, mocinho. — Ri.
Para quem não sabe, sete de setembro, depois do desfile, acaba a nossa côrte.
Nós ouvimos uma pequena discussão perto da gente.
Não era uma discussão, e sim um debate... sobre o aborto.
A representante era uma garota loira e de olhos cor-de-rosa, iguaizinhos da Lokita. — Eu devia esquecê-la.
Ela e outras garotas estão defendendo o tal ato.
— São seres vivos! — Me intrometi!
— Mas e antes dos três meses? — Uma menina, bem criança, perguntou.
— Garotinha, você teve três meses. — Disse, gentilmente.
— Meu corpo, minhas regras! — Disse a garota loira.
Ela perguntou se eu tinha religião e eu disse que sim. E isso foi o gatilho pra dizer que eu não tenho direito de opinar, que a mulher decide, não é obrigada a nada. — Quando o Miguel foi se meter, ela disse que homem não entende e blá blá blá.
Eu fiquei tão nervosa, que saí correndo! Ela me perguntava muitas coisas e ela não me dava tempo para pensar! Como as pessoas são contra elas mesmas?!
Eu não conseguia me concentrar na aula. A minha falta de resposta, para aquela garota, fez o meu dia ficar péssimo!
No elevador de casa, eu só pensei em chorar, mas haviam pessoas do meu lado. Então só dei bom dia e corri para a minha cama o mais rápido possível!
Eu não queria abraçar nem mamãe, nem papai, nem jogar com o Daniel e nem brincar com a Carlota!
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O Mundo de Pocema
FantasySinopse: Pocema é uma menina que vive com duas amigas, Lokita e Talita. A mesma utiliza um tapa olho por motivos misteriosos. Todos os seus passeios tranquilos, acabam virando grandes aventuras! E, por vezes, no meio do caminho, elas tem que lutar...