Capítulo 34: Evangelizar

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 As aulas iniciaram há alguns dias e admito que estava com saudades. Na minha cama, estava pensando e refletindo um pouco, até que tirei uma conclusão:

Estou na minha zona de conforto...

Sinto que preciso falar de Jesus para os meus colegas!

Estava tão focada que, no dia seguinte, reuni alguns colegas da minha sala, e do colégio em geral, e nos sentamos em um canto bem silencioso.

— Gente, eu vim falar do amor de Jesus! — Meu coração estava exaltado!

Vi alguns rostos com cara de "Me trouxe aqui pra isso?" . Olha a ousadia da garota: Peguei a Bíblia para ler, mas logo "mentes pequenas" me interromperam.

Me xingaram e foram embora.

— Por que as pessoas não ouvem a verdade?! — Fiquei tão irritada que chutei uma lixeira.

— Você parece zangada, Pocema.

— Bruna?

Depois que a Bruna conheceu a Jesus, ficou mais fácil falar com ela sobre o que eu penso das coisas. Então contei tudo pra ela.

— Insista com eles como fez comigo. — Ela riu pra mim.

- Tá.

Logo a Bruna ficou séria.

— Algum problema? — Perguntei.

— Nada, só estou com vontade de beijar...

Quase ri, e muito! Eu não esperava por essa!

— Quero um namorado... da vontade do Senhor, claro. Mas eu não gosto de ninguém.

— Esperar em Deus não é fácil. Você ainda tem que conhecer o Senhor melhor. Aproveita a juventude para estudar!

— Temos a mesma idade!

— Mas eu sou, digamos, exceção. A maioria não espera desde jovem.

A Bruna só sorriu pra mim. Acho que ela queria ouvir isso de mim.

— Ei, por que não convidamos a Nina e a Carol?

— Claro!

Fomos até as meninas, mas elas disseram não de imediato.

Sempre vi a Bruna como uma líder delas. Quase como um power rangers vermelho, mas desta vez não.

— Bruna, respeita nossa decisão! — Carol estava brava, já.

A Bruna se revoltou:

— Vocês duas não estão entendendo! Vão morrer assim! — A Bruna estava quase chorando.

— Deus não existe! — Foi a vez da Nina.

A situação ficou preta a ponto de eu levar a Bruna para longe!

— Por que elas não entendem?!

— Você também não entendia!

— Sim, mas eu me enganei!

— Cada um tem o seu tempo. Obrigar as pessoas vão fazê-las afastar ainda mais! — Então ela me abraçou.



O resto do dia foi tranquilo, fiquei com a minha família jogando mímica à tarde.

No dia seguinte, eu estava tentando fazer um dever de matemática que o professor me explicou duas vezes, mas pedi uma terceira. — Acontece.

No recreio, eu fiquei andando de mãos dadas com o Miguel e conversando. Adoro passeios românticos! Nem que seja pelo colégio!

— Sete de setembro está chegando, né?

— Eu sei qual é a sua intenção, mocinho. — Ri.

Para quem não sabe, sete de setembro, depois do desfile, acaba a nossa côrte.

Nós ouvimos uma pequena discussão perto da gente.

Não era uma discussão, e sim um debate... sobre o aborto.

A representante era uma garota loira e de olhos cor-de-rosa, iguaizinhos da Lokita. — Eu devia esquecê-la.

Ela e outras garotas estão defendendo o tal ato.

— São seres vivos! — Me intrometi!

— Mas e antes dos três meses? — Uma menina, bem criança, perguntou.

— Garotinha, você teve três meses. — Disse, gentilmente.

— Meu corpo, minhas regras! — Disse a garota loira.

Ela perguntou se eu tinha religião e eu disse que sim. E isso foi o gatilho pra dizer que eu não tenho direito de opinar, que a mulher decide, não é obrigada a nada. — Quando o Miguel foi se meter, ela disse que homem não entende e blá blá blá.

Eu fiquei tão nervosa, que saí correndo! Ela me perguntava muitas coisas e ela não me dava tempo para pensar! Como as pessoas são contra elas mesmas?!


Eu não conseguia me concentrar na aula. A minha falta de resposta, para aquela garota, fez o meu dia ficar péssimo!

No elevador de casa, eu só pensei em chorar, mas haviam pessoas do meu lado. Então só dei bom dia e corri para a minha cama o mais rápido possível!

Eu não queria abraçar nem mamãe, nem papai, nem jogar com o Daniel e nem brincar com a Carlota!

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