Capítulo 26: Xadrez

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 Depois do meu encontro, a semana ficou tão bela, que desconfio que a minha visão esteja cor-de-rosa!

— Podemos marcar a nossa noite do pijama?

— Eca! Para de falar de boca cheia, Nina! — Disse Carol com nojinho.

— Semana que vem, que tal? — Sugeri. — Já volto, meninas.

Fui até lixeira jogar o papel do meu lanche fora e coloquei um pé na frente pra voltar, quando um garoto tropeçou nele.

— Por que você fez isso?! — O garoto estava catando suas peças de xadrez.

— Me desculpe! Não foi de propósito! — Me agachei para ajudá-lo.

— Claro! Uma burra pondo o pé na frente. Claro que não foi de propósito!

— Como?! — Peguei no seu rosto e o direcionei aos meus olhos. Ele parecia um peixinho.

Eu o estava segurando tão forte, que me deu vontade de quebrar os seus dentes.

— Você deveria olhar para frente e não para baixo.

— E você para os lados, sua burra! — Que ódio! — Nem deve saber jogar xadrez! — Ele arrancou minha mão da cara dele.

— Claro que eu sei!

Ele se levantou e disse:

— Amanhã, no recreio. — Se você fosse inteligente, já estaria de pé! —  Foi embora, rindo.

Me levantei rápido. Havia um tempo que eu não ficava vermelha de raiva.

— Ahn...oi? — Era o Miguel.

— Você viu tudo, não?

— Vi. Então você sabe jogar xadrez?

Eu lhe dei um braço e disse choramingando:

— Não!

— Posso te ensinar. Tenho um tabuleiro lá em casa.

— Tudo bem! Vou ligar para os meus pais.

Meu pai atendeu o telefone:

Eu posso te ensinar!

— Você tem o jogo?

Papai ficou quieto por um tempo, até dizer:

Tá bem! Mas vai ser aqui em casa! — Pode ser às cinco horas.

— Obrigada, papai! Te amo, beijos! — Miguel, hoje cinco horas, ok?

— Até lá, então!

Mesmo sendo só um treinamento, eu me vesti bem. Um short, uma blusa preta e tranças porque hoje eu quero ser fofa!

Depois coloquei uma mesinha velha e duas cadeiras no meu quarto.

— Já arrumou o seu quatro para a visita? — Disse meu pai entrando no meu quarto.

— Já, pai! — Levei um susto. — Que cara é essa, papai?

— Por que vocês não jogam na sala?

— Ah pai! Todo mundo vai ficar olhando para a gente!

— Pocema, eu não quero ser avô!

Arregalei os olhos:

— Nossa, pai. Que Pesado.

— Vou dar duas opções: Com vergonha e sem bebê ou sem vergonha e com bebê?

O Mundo de PocemaOnde histórias criam vida. Descubra agora