Jimin
Quando abri os olhos pela manhã, não soube exatamente o quê tinha me acordado, porém, não demorou para que eu percebesse o som do meu celular tocando. Tentei me esticar para pegá-lo sobre o criado-mudo, mas ele aparentemente não estava ali, abri os olhos e levei meu olhar para onde ele deveria estar, constatando que, não, ele realmente não estava ali.
Reparando um pouco em volta, percebi que não estava em minha casa, e estranhei isso de início, me obrigando a forçar um pouco a mente, que ainda estava um tanto adormecida. Subitamente, me lembrei que estava na casa de Jungkook, e que a propósito, ainda não havia dado sinais de vida.
Jeon não estava deitado ali na cama comigo, a porta de seu quarto estava aberta, e eu continuava nú sob seus lençóis. Quando o celular começou a tocar novamente, percebi que o barulho vinha do chão, o que indicava que o aparelho estava lá.
Me levantei cuidadosamente, sentindo uma pequena ardência pela noite que tive. Enrolado em um lençol, eu me levantei e andei até as roupas que eu estava usando na noite passada, que ainda estavam no chão. Me abaixei ali e peguei meu celular, atendendo antes que parasse de tocar mais uma vez.
— Sim? — atendi, um tanto sonolento.
— Jimin, onde diabos você está? — era Taehyung, extremamente nervoso.
— Ai meu Deus, desculpa não ter avisado que dormiria fora, nem eu sabia na verdade.
— Onde você está? — seu tom já não é tão nervoso, agora está mais para curioso.
— No apartamento do Jungkook, mas quando eu chegar eu te explico, agora não dá, acabei de acordar. Até mais tarde — eu me despedi dele e comecei a vestir minhas roupas, sem pressa alguma. Em seguida, fui para o banheiro que tinha no quarto. Por sorte eu sempre carrego uma escova de dentes na bolsa.
Onde ele poderia estar? Está tudo tão silencioso que eu me recuso a pensar que tenha alguém em casa. Será que ele se arrependeu? E se eu chegar na sala e tiver um bilhete dizendo que é para eu ir embora e não voltar mais?
Ele não faria isso comigo, faria?
Espantei esses pensamentos, achei melhor não tirar conclusões precipitadas. Ao sair do quarto, eu segui para o corredor que dava na sala. Não encontrei ninguém. Entretanto, me assustei assim que vi Jungkook sair da cozinha com uma bandeja nas mãos. Ele ia levar café para mim?
— Jimin, que bom que acordou. Eu ia levar o café para você, mas como já está de pé podemos comer aqui mesmo — ele disse, pousando a bandeja sobre uma mesa que tinha na sala.
— Obrigado — eu respondi, um tanto surpreso pelo fato de ele realmente não ter me mandado embora.
— Você não parece tão feliz.
— É que... Não sei, não esperava que fosse ser assim, imaginei que você fosse me mandar embora — eu expliquei, baixando a cabeça um tanto envergonhado.
— Ei, eu não faria isso, você deveria saber — por seu tom de voz, ele parecia preocupado.
— Desculpa — eu ainda estava com um tom de voz baixo.
— Esquece isso. Vem, vamos comer — eu abri um sorriso simples e me aproximei, sentando ao seu lado na mesa.
Quando começamos a comer, algo veio à minha mente. Me lembrei que no dia em que eu fui ao seu apartamento pela primeira vez — para decidir coisas sobre a reforma — Jungkook disse que queria reformar pelo fato de que o apartamento o lembrava uma pessoa. Hoje, enquanto eu trocava de roupa em seu quarto, vi o retrato de uma mulher, muito linda por sinal, que estava ao seu lado. Seria aquela mulher? Qual seria a história deles?
— O que foi? — ele perguntou, talvez por ter me percebido pensativo.
— Não é nada — eu disse, porque não queria parecer intrometido ou curioso demais.
— Pode dizer. Você precisa ter mais confiança em mim, Jimin — ele sorria enquanto dizia, o que acabou me deixando minimamente mais confortável com o assunto.
— É que eu não sei se temos tanta intimidade para falar sobre isso.
— Depois de ontem? Sim, com certeza temos.
— Mesmo se for sobre você? — ele endireitou a postura, parecendo meio tenso. Talvez eu tenha sido muito direto, mas foi ele quem insistiu para que eu falasse.
— Acho que sei sobre o que deve ser. Você confiou em mim para contar sobre seu passado, então vou confiar em você para contar o meu.
— Obrigado — agradeci baixinho.
— É sobre a mulher da fotografia, certo?
— Também — ele esperou que eu terminasse, arqueando uma das sobrancelhas. — Ela é a mesma pessoa na qual o apartamento te faz lembrar? — tomei coragem para perguntar.
— É, sim.
— O quê...?
— O que aconteceu com ela? — ele me interrompeu, recebendo um aceno positivo de minha parte. — O nome dela era Yojin. Ela era muito agitada, não parava nem um minuto, e costumava não me escutar — ele começou, provavelmente resumindo a história para chegar ao ponto principal. — Um dia tive que sair correndo por causa de uma reunião, eu tinha acabado de entrar na empresa, deixei ela sozinha no apartamento, que a propósito ela mesma havia decorado.
— Ela tem bom gosto — eu comentei quando ele deu uma pausa.
— Tinha — ele riu soprado, como que com sarcasmo. — Naquele dia, ela decidiu ajudar o vizinho com a mudança, acabou tropeçando e caiu da escada — eu levei a mão a boca, assustado com a história. — Ficou em coma alguns meses, e no fim acabou não resistindo, a pancada na cabeça havia sido muito forte. E sabe o pior? — neguei com a cabeça, colocando a mão no peito. — Ela estava grávida.
Grávida? Meu Deus!
— Ela ia se casar dois meses depois do acidente — Ela? Então, não ia se casar com ele? Se não... o que ela era dele?
— Ela era sua... — eu ponderei antes de perguntar, não sabia exatamente o que deveria dizer.
— Irmã — ele respondeu antes mesmo de eu terminar meu raciocínio.
— Eu... Eu sinto muito, Jun — não sabia se devia me aproximar, ou abraçá-lo, era óbvio que isso mexia muito com ele. — Eu posso... — ele assentiu, permitindo qualquer coisa que eu quisesse fazer, então me levantei e o abracei.
Ele não estava chorando, mas estava extremamente triste, e eu percebi isso não só pela atmosfera que havia se formado ao nosso redor, mas também pela forma em que ele me abraçava, como se precisasse disso mais do que parecia. Então, apenas o deixei me abraçar pela cintura, enquanto eu fazia carinho em seus cabelos escuros durante todo o tempo.
Uns minutos depois ele me soltou, se levantando da cadeira e olhando em meus olhos, transparecendo tanta coisa que foi impossível de ler. Depois, o que ele fez foi me beijar de forma intensa, e claro, com minha permissão. Querendo ou não, esse beijo foi diferente, e estava longe de ser algo ruim.
— Vem, vamos comer logo. Não quero que você fique com fome, sua barriga está roncando e eu sei disso — eu corei com seu comentário, mas deixei escapar um risinho logo depois. — Depois, vamos ter sua primeira prática de BDSM.
— Já? — me assustei com a rapidez na qual as coisas estavam acontecendo. Eu nem havia me preparado mentalmente ainda.
— Pelo que eu me lembre, deu trabalho para te fazer parar ontem — Jungkook disse baixo, bem perto de mim e olhando em meus olhos, me causando certos arrepios. Após isso, nós sorrimos e voltamos a comer, e dessa vez mais alegres que no início.
Fico feliz que Jungkook tenha confiado em mim para contar coisas do seu passado. Com isso, vejo que nossa relação não é só a de Dom e Sub, mas acredito que de amizade também, ambos confiam um no outro, e para mim, isso é o que mais importa no momento, a confiança, mesmo que para mim seja um pouco mais difícil.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Perdição • Pjm + Jjk • Livro I [Concluído]
FanfictionLivro um da série "Perdição". "Até onde vai seu limite?" Sabe quando você se sente perdido? Desolado por causa de uma simples paixão que não deu certo? Park Jimin se sentia assim. Construiu uma barreira em seu coração e nada nem ninguém nunca havia...