O lugar que Deny me levou era simples, não imaginava que ele fosse me levar em uma lanchonete comum, com as pessoas em volta comendo e bebendo, já fazia tempo que eu não convivia com pessoas como eu, pessoas normais, e não celebridades.
- gostou daqui? Ele perguntou enquanto eu olhava para o ambiente e as pessoas.
- é um lugar diferente para mim, só isso.
- você vivia em lugar de luxo por acaso? Senti uma ponta de sarcasmo em sua voz.
- passei alguns meses em uma casa onde todos eram bem distintos e com muito dinheiro se é que você me entende.
- você era feliz lá?
- eu era sim, fui para lá com minha gata, infelizmente tive que deixar ela lá, não tinha como trazer comigo, e todos me tratavam muito bem.
- e porque você saiu?
Eu o encarei e arquiei minha sobrancelha.
- você é do FBI por acaso? Para que tanta pergunta?
- sou curioso, só isso, só acho que você está fugindo de algo.
- sim, do meu passado.
Logo os nossos lanches chegaram, eu pedi um misto quente e ele um pastel, de beber tínhamos suco de laranja.
- então seu passado pertuba você?
- podemos mudar de assunto por favor?
- desculpa Malú, eu não quis...
- tudo bem só... vamos falar de outra coisa.
- ok, eu começo, desde o dia que te salvei daquele cara eu fico pensando o que teria acontecido se eu não tivesse chegado?
- prefiro nem pensar.
- vai ver é o destino nos unindo, primeiro foi aquela noite e agora hoje, o que será que o futuro nos aguarda?
Ele disposto a dar mais assunto na conversa, enquanto eu só o respondia, aquilo era novo para mim, essa nova eu não sabe mais como lidar com os caras, antes era o Michael que é totalmente diferente, agora Deny, eu nem sei como reagir com seu olhar, seu sorriso, ao mesmo que eu me sentia indiferente em relação a ele, também me sentia próxima, mas tenho tanto medo de ser magoada outra vez.
●●●
- eu soube que a senhora Stevens teve uma filha, o que aconteceu com ela?
- ela detesta ser chamada de senhora Stevens sabia?
- mas, Alfred me disse...
- ele é só o mordomo da casa que se sente superior aos empregados, ele não é nada.
Deny e eu estávamos caminhando pela praça, a noite já havia caído e as pessoas passavam pela rua, eram poucas, mas mesmo assim tinha crianças, idosos, casais etc...
- qual é a história da Rachel? Perguntei novamente.
- há muitos anos Rachel vivia com sua família, eles sempre foram ricos e Rachel é filha única, mas, para ser dona da herança ela deveria casar com seu primo, seus pais sempre planejaram isso, mas enfim, não se pode mandar no coração, então, ela se envolveu com um rapaz, que é Ivan, o marido dela, foi um verdadeiro romance de verão, mas os pais dela detestavam ele e queriam que a todo custo ela separasse dele porém...
- ela o amava. Conclui.
- ela o amava. Ele repetiu.
- e o que aconteceu ?
- o pior, Rachel engravidou, o rapaz era pobre, não tinha um tostão, como eles poderiam criar um bebê? Os pais dela obrigaram eles a se casarem, entretanto, ela não receberia um centavo da herança.
- isso é terrível! Eu disse.
- e não para por aí, Rachel e Ivan se casaram, só que não tinham onde morar, ficaram em uma simples cabana por alguns meses, ela teve o bebê lá, e toda noite a menina chorava com fome, o leite de Rachel tinha secado, e ela não sabia o que fazer, sua filha morria aos poucos, mas Ivan amava a bebê e não queria deixá-la, então, em uma noite, Rachel pegou a menina a cobriu com um pano e saiu com ela, andou muito até encontrar um orfanato e deixar sua filha lá, ela nem tinha escolhido o nome.
- ela deve ter sofrido muito. Eu disse sentindo um aperto no coração, porque eu também fui deixada na frente do orfanato e essa ligação que sinto com ela não pode ser mera coincidência, e se for? E se ela for minha mãe?
- tudo bem Malú?
- eu também fui deixada na frente do orfanato, nunca cheguei a conhecer meus pais, e se... e se ela for...
Deny pegou meu rosto e me olhou fixamente.
- eu sinto muito Malú, mas a alguns anos Rachel voltou para o orfanato para ter sua filha de volta, então disseram que a menina teve uma doença e acabou falecendo, não pode ser você.
- é que, eu sinto algo de especial por ela, uma conexão, eu só queria sentir que faço parte de uma família.
Deny secou minhas lágrimas que já estavam para derramar.
- não fique assim, você é ainda mais linda quando sorri.
Dei um sorriso com o que Deny falou e ele fez o mesmo.
- que tal um sorvete antes que eu te leve até sua amiga para pegar suas coisas? Ele perguntou.
- um sorvete seria bom. Eu disse.
- vamos lá.
Eu pedi de morango e ele de flocos, sempre que eu desviava o olhar ele roubava um pouco do meu, no fim, eu corria atrás dele e batia em seu braço, até que o meu caiu e ele me deu o dele, andamos pela praça, subimos no banco e ficamos olhando o lugar, comemos algodão doce também, ele deu uma bocada só no dele me fazendo rir até engasgar, até que começou chover, ele me deu seu casaco para me proteger da chuva e corremos até o carro dele, eu entrei primeiro, depois ele, não sei se eu estava fazendo o certo, voltar a confiar em alguém, mas Deny tinha algo mágico, me fazia sentir eu mesma.
●●●
- boa noite Malú.
- boa noite.
- quer que eu te espere? Você pode pegar suas coisas e voltar comigo para a mansão.
- acho que vou dormi aqui hoje, amanhã eu pego o ônibus e volto.
- tem certeza? Olha que não volto mais viu.
Comecei a rir e bati na sua cabeça se leve.- tenho certeza, tá tudo bem, pode ir.
- boa noite senhorita.
- tchau.
Ao ver ele indo embora aquele mesmo pensamento voltou para minha mente, e se Rachel for mesmo minha mãe?
Cap quentinho manas e manos, espero que gostem 🤭

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PELO OLHAR DELA
FanfictionMaria da Luz, ou como preferir Malú, uma jovem de 20 anos que nunca conheceu o amor puro sendo que foi abandonada pelos pais ainda pequena e nem sabe quem são, quando era apenas uma menina fugiu do orfanato onde estava sendo criada, e acabou passan...