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existem 5 estagios de luto:

2° estágio do luto: raiva

- nao vou fazer quimioterapia. Ele repetiu, olhando para o teto, eu não fiquei chateada, claro que não, fiquei furiosa.

- Deni, a quimio vai te salvar. Eu disse

- ou terminar de me matar. Ele falou.

Eu estava ofegante, sentia minha pele fria como se meu sangue tivesse gelado, as chances dele se salvar não eram grandes, mas era a chance que tínhamos.

- entendemos seu lado Deni, então vou dizer pra você as consequências de não fazer a quimioterapia - o médico disse, e eu rezei pra que ele fizesse Deni mudar de ideia - não realizando o tratamento o tumor chegaria de uma forma mais agressiva, se espalharia pelo seu cérebro impossibilitando sua fala, seu andar e todos os sentidos que são comandados pelo cérebro, ele então poderia invadir outras áreas do seu corpo, como fígado, pâncreas, e seu coração, você seria feito totalmente a base do câncer até morrer.

Deni pareceu pensar, apertou os lábios e olhou para as mãos, ele não tinha muito tempo, eu queria poder dar mais tempo a ele.
- eu posso ter uma conversa em particular com o senhor ?

- não! - Eu disse - você vai fazer esse tratamento, você está doente não está pensando direito, o doutor tocou meu ombro, seu olhar era sério e sereno.

- me deixe conversar com ele, ele precisa saber dos benefícios e riscos que o aguardam.

Eu estava mal, mal por mim, pelo Deni e pelo nosso filho. Ao sair da sala dou de cara com Michael que estava lá o tempo todo em pé.

- como foi lá?

- ele não quer se tratar. Minha voz saiu fraca e precisei me sentar, apoiei meu rosto nas mãos, Michael sentou ao meu lado.

- eu estou tentando lutar por ele, mas ele não quer ser ajudado. Michael ficou em silêncio, ele só queria me ouvir, e eu queria que alguém se importasse com o que eu sentia.

- eu não sou a pessoa certa pro serviço mas, posso falar com ele. Michael sugeriu.

- ele te odeia. Falei em tom esnobe.

- odiar é uma palavra forte, e se ele não quer fazer o tratamento vai morrer em 1 ano então o que eu tenho a perder?

Levanto a cabeça e começo a prestar atenção em Michael que continua dizendo:

- ele por outro lado tem muito a perder, tem você e o filho de vocês e sabe, tem que ser muito idiota pra te perder, não quero que ele cometa o mesmo erro que eu.

Por um milésimo de tempo tudo estava parado, eu não estava mais frustrada ou nervosa, Michael se aproximou só mais um pouco de mim e eu não me afastei nenhum pouco dele, e as malditas lembranças voltaram, quando a gente se viu pela primeira vez, nosso beijo e comecei a sentir borboletas no estômago como se elas nunca tivessem ido embora.

A porta se abriu e o médico saiu do quarto e foi até nós, me levantei e dei dois passos pro lado, longe de Michael.

- ele está muito confuso sobre o tratamento, talvez precise de mais tempo até estar certo do que vem pela frente.

- posso conversar com ele doutor?. Michael se ofereceu.

- se a senhorita estiver de acordo não vejo problema. Eles me encararam esperando minha resposta, uma tentativa a mais não seria má ideia, acenei com a cabeça, Michael arrumou o cabelo e antes de entrar no quarto me olhou por breves segundos, se esse sentimento voltar eu mesma farei questão de acabar com ele, eu o amei  uma vez, e foi e será a última vez.

PELO OLHAR DELAOnde histórias criam vida. Descubra agora