●Capítulo 41 - Dores do passado●

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{Narrado por Jungkook}


— Sendo assim, a decisão é toda sua Jungkook, está tudo na suas mãos.

Estar aqui sentado nessa mesa, olhando nos olhos de cada guardião nessa sala me fez perceber o quanto tudo mudou, ter o destino de uma dimensão inteira nas minhas mãos me faz se sentir engasgado, era como se algo estivesse preso em minha garganta me fazendo sufocar, estou com medo, e isso tudo me faz lembrar de como tudo começou, desde quando me sinto engasgado.

— Jungkook o que você tá fazendo aí parado? — Diz Taehyng que me puxa pelo pulso em meio da multidão de pessoas.

Ele sorri largo enquanto olhava para minha expressão assustada.

— Agora que estou aqui você não precisa sentir medo, eles não vão te machucar.

Eu era tão medroso naquela época, perdi toda minha confiança desde quando minhas presas apareceram, me sentia perdido e desconhecido diante de tudo a minha volta, mas o que mais de dói lembrar, é o quanto eu me odiava, mesmo eu não ter escolhido ser assim, me sufocava o fato de ver todos felizes quando eu me sentia triste e morto por dentro."

Andei pelo corredor da 'escola, pessoas, armários' e a luz do sol que refletia das janelas largas do corredor, era isso que eu ficava repetindo na minha cabeça enquanto andava pela multidão de pessoas, Taehyung me puxava em meio de todos. Ele sempre me guiava quando eu estava perdido, sempre foi assim, é o melhor amigo que eu podia ter, me repreendia quando errava, mas me abraçava quando me arrependia, por mais que tudo desse errado, ele sempre tirava um sorriso do meu rosto, sempre.

E o que isso tem haver com a reunião? Quase nada, mas me fez lembrar do quão covarde eu era naquela época e de coisas que eu podia ter feito diferente, mas por medo nunca tentei, e tomar essa decisão sozinho me fez ver que agora eu estou diferente, eu mudei, sou o guardião de um reino todo, estou aqui porque sou corajoso, não sou mais aquele garoto medroso de dez anos de idade.

— Jungkook? — Diz Hushi que me tira dos meus pensamentos.

Suspiro fundo e não me sinto mais sufocado.

— Alguns não ficarão felizes pela minha decisão, mas nesse momento prezo pela segurança de todos nós, mesmo desagradando algumas pessoas. — Digo olhando diretamente para Nély que me olha com seus par de olhos castanhos intimidadores. — Eu deixarei com que um dos demônios se nomeie, mas eles terão que participar de todas as reuniões assim como qualquer um de nós, e o nomeado terá que passar por nós antes, já que pela primeira vez faremos uma aliança com o submundo, não confio cem por cento neles e para mudar isso terão que fazer por merecer.

Nély revira os olhos e sai da sala derrubando a cadeira no chão, o guardião rei nos olha e parece pedir desculpas, mas sai apressado atrás da filha antes de dizer qualquer palavra.

Hushi me olha e sorri, me sinto bem, tomei a decisão certa por agora.

{Narrado por Jimin} – Meio termo


Ando pela neblina que me cegava em meio das árvores e folhas que passavam por meu rosto, ouço as vozes de angústia ficarem cada vez mais longe, como se a cada passo que eu dasse eles se afastassem de mim, minha única referência era o rabo de pelos brancos de Nárset que eu segurava na ponta para me guiar. Sinto raiva, desde pequeno meu maior sonho era encontrar meus pais, mas agora que sei que a razão pela morte da minha mãe foi meu pai, tudo aquilo que me fazia se sentir completo sumiu, sinto que uma parte de mim se foi, esse espaço vazio que ficou se completou com raiva.

O vejo de longe em meio às árvores, o corpo grande de Nárset passando em meio da neblina me fez conseguir vê-lo por um piscar de olhos, ele está de cabeça baixa e posso ouvir seu choro mesmo estando longe. Li em um livro que as almas que choram no meio termo são as que têm arrependimentos de quando estavam vivas, as que imploram por ajuda morreram de um jeito brutal, e as que gritam foram assassinadas, elas não tiveram escolha, a vida delas foi tirada por alguém que nem ao menos tinha direito. As almas que ouço rir são os seres que se suicidaram ou morreram infelizes, eles que se sentiam mortos em vida, se sentem vivos aqui, e isso os faz rir pois finalmente estão felizes.

Finalmente estou frente a frente com meu pai, quem eu tanto procurei, pensei que quando o visse me sentiria aliviado, mas não, só sinto raiva.

— Você é o décimo quinto herdeiro dos lobisomens?
— Digo e ele rapidamente leva toda sua atenção a mim e para de chorar.

— Quem é você? — Ele diz limpando as lágrimas escuras que desciam por seu rosto.

Não consigo ver o rosto dele, está borrado pra mim por algum motivo.

— Sou Park Jimin, seu filho.

Ele se aproxima de mim e tenta me tocar, mas falhou pois sua mão atravessou meu braço.

— Então você esta vivo.

— Quero que me diga como aprisionou Nárset. — Digo com a voz trêmula.

— Como você pode ser um herdeiro se nem ao menos sabe falar sem perder a postura.

— Não foi isso que eu perguntei. — Digo firme.

Ele ficou alguns segundos em silêncio, virou a cabeça para Nárset que o olhava atentamente, ele parecia estar cansado.

— Minha mulher tinha um caso com Jeon Hakyo o guardião chefe dos vampiros, e a esposa dele era minha amante, tínhamos raiva um do outro, por esse motivo dormia com sua mulher várias vezes, mas eu mal sabia que ele fazia o mesmo. Em uma dessas noites elas engravidaram e não contaram a ninguém, mas quando a barriga começou a crescer elas mentiram, minha mulher disse que era meu filho e a esposa de Hakyo fez o mesmo com ele, mas as datas não batiam e nos sabíamos disso, e para não contar um ao outro que tínhamos elas como amantes decidimos matá-las junto com a criança. Eu matei a minha amante, a esposa de Hakyo, e ele sabia disso, mas não fez o mesmo com sua amante e a deixou viva pois a amava. Eu não podia deixar as coisas assim então pedi a bruxa para que a aprisionasse, não consegui matá-la, tentei diversas vezes mas ele era esperto e a protegeu, para tirá-la do meu caminho eu pedi a uma velha bruxa que a aprisionasse em Nárset, e assim foi feito.

— Mas ela não estava grávida de Hakyo, o que fez com a criança?

— Provavelmente morreu, a velha bruxa me disse que matou a criança.

— A criança está viva, e agora comanda o reino dos vampiros.

Ele fica em silêncio, parecia não acreditar no que ouvia, mas mesmo assim não disse nenhuma palavra.

— Achei que seria difícil tirar algo de você pois está arrependido.

— Não me arrependo de aprisiona-la, mas sim de matar a minha amante, o pior de tudo é que eu fui tão tolo naquela época, só percebi o quanto a amava quando a perdi.

— Que magia foi usada?

Absque vita.

Antes de sair fico o olhando, encarando-o talvez esperando que ele diga alguma coisa pra mim, não sei, uma parte de mim ainda o vê como um pai, e isso me faz ficar com ainda mais raiva.

— Qual o nome?

— De quem.

— Da minha mãe.

— Eu não me lembro mais, depois de tantos anos nesse lugar horrível tudo se foi, só me lembro do rosto dela, tão angelical e delicado, sua personalidade apaixonante foi o que me fez ama-la, era gentil e doce com todos, mas mesmo a amando vivo e morto não consigo nem se quer lembrar seu nome, as únicas memórias que tenho são as que te contei, pois tudo que esse lugar faz é me lembrar diariamente delas, para que eu saiba o quão horrível fui em vida, e a cada segundo me faz se sentir arrependido, me arrependo de não ter a amado mais quando estava viva, ela não merecia o final que teve.

Eu não conseguia mais ficar ali, uma vontade de chorar tão grande tomou conta de mim, agora que toda verdade foi contada era pra mim se sentir melhor, mas estou pior do que antes, tenho que sair daqui, não quero ver esse homem nunca mais.

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⏰ Última atualização: Jan 01, 2021 ⏰

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