A Espada - Parte 7

238 34 15
                                    

Sasuke conhece o roteiro de toda a sua vida, conhece todos os passos que deu até agora e não imaginava, nem remotamente, que algum deles o levaria a uma conchinha apertada com Naruto no chão de uma sala, buscando ocupar o menor espaço possível devido à quantidade inacreditável de pessoas ali presentes, naquela casa minúscula feita para dois.

Hinata dividia a cama de casal com Karui e Gai, os três sendo os mais feridos das batalhas travadas no Templo e, no caso do último, nas masmorras. Do lado de fora, dois dragões enormes haviam se enroscado em volta do corpo do grifo Leo. Pousados entre as dobras de seus membros, um tigre, um lobo, uma raposa e um corvo também aproveitavam, indiretamente, a dádiva da invisibilidade. Haviam recebido a benção da força vital dos deuses que foi mencionada para os demais por Obito e Gai. Kurenai ficou desconsolada e se sentiu culpada por não ter rezado para os deuses certos, não sabendo que a vida precisa acabar. Em uma poltrona pequena, Kakashi estava sentado com Obito em seu colo, enroscado em si. Nenhum dos dois se atrevia a falar sobre Tenten, sobre Obito ter corrido risco de vida, sobre o que estava por vir. Eles só se agarravam um ao outro com um medo palpável. Não podiam perder aquilo que tinham construído.

Izuna estava sentado com as costas rentes à parede, Kurama entre suas pernas. O Uchiha o abraçava forte, o rosto inalando o cheiro forte do pescoço do Uzumaki, o cheiro de casa que ele tinha. Kurama era tão bom. Tão lindo. O coração de Izuna doía só de pensar dele. Doía pela força do sentimento, pela força daquela conexão.

- Você está bem? Está tremendo - o ruivo perguntou deitando a cabeça no ombro do mais velho.

- Estou sim. Estava pensando em você.

- Eu também estava pensando em você. Eu não paro de pensar em você. Em como vai ser quando a gente voltar.

Quando. Ele falava com tanta certeza.

- Prometo que quando voltarmos você vai conseguir dormir - Izuna disse dando um beijo na bochecha dele. Kurama sorriu se aninhando mais entre os braços do seu único amor.

Mais e mais Sasuke entendia o que tinha com aquele deus. Mais e mais aquela Lua na palma da sua mão se parecia com o astro de verdade. E o Sol na mão de Naruto queimava cada vez mais forte também. Ali, naquele canto apertado, com o corpo firme de Naruto entre seus braços, ele inalava o cheiro de casa que o loiro tinha e dava graças aos céus.

- Você está bem, amor? - Naruto perguntou preocupado, sussurrando. Ninguém ali dormia realmente. Era difícil demais. Mas precisavam ao menos tentar.

- Não. Mas estou feliz por ter você.

- Espero ter você no final da guerra também.

- Você terá. Teremos um ao outro. Eu prometo. Mas por favor, nunca pare de rezar.

- Eu nunca parei. Mas acho engraçado. Será como rezar para mim mesmo? Será que os deuses da história são mesmo eles dois? A história dizia "dois amantes" e, no entanto, eles se chamavam de "irmão", não é?

- Pensei nisso também. Acho que a história já não era mais sobre eles, e sim sobre os primeiros que eles escolheram.

- Queria que eles nos contassem a história deles. Mas, mudando de assunto, você viu como o Sol olhou para você?

- Naruto, você viu como a Lua olhou para você?

Naruto riu baixinho.

- Em algum momento, acho que não vou mais sentir seu corpo assim. Digo, durante a guerra. Preciso que lembre... - e deu uma pausa, ficando de frente, entrelaçando as pernas, tocando o rosto dele - Que eu estou com você de todo jeito, ouviu? Que nossa conexão não é só física. Eu amo que seja física, mas vai muito além. Você tem meu corpo e tem minha alma. Minha alma não sairá de perto de você. Preciso que confie.

O espelho, a espada e o escudo | SNSOnde histórias criam vida. Descubra agora