O Escudo - Parte 2

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O Castelo não tinha mais os quadros opressores dos reis. Do contrário, agora tinham imagens de Mito em todos os lugares, e Kagami se derramou em lágrimas ao se deparar, em um corredor, com um quadro grande da mãe de Shisui, seus cabelos negros e olhos cinzentos. Estava majestosa de um jeito que na realidade nunca teve oportunidade de estar. Kagami não teve tempo de lhe oferecer os céus e a terra, como a muito prometera.

- Pai? Quem é essa? - Shisui perguntou confuso.

- Sua mãe.

"Em memória de Kin Takeda, amor do príncipe Kagami, mãe do príncipe Shisui.", dizia a inscrição na parte de baixo da moldura. Shisui sentiu os olhos molhados. Aquela era a mulher mais linda que ele já tinha visto. Ele abraçou Kagami longamente e os dois agradecerem, baixinho, aos deuses, por aquele presente que não tinha preço.

Todo o teto do Castelo continha pinturas que remetiam ao sol e à lua, fossem os deuses, fossem os astros. O lugar parecia cheio de vida, ainda que, naquele momento, estivesse completamente vazio.

- Tsukuyomi - Itachi sussurrou para o corvo - Peça aos moradores de outras aldeias que venham dormir nos alojamentos dos funcionários enquanto não voltamos à normalidade. Terá espaço no castelo também, de sobra, para os que não conseguirem se acomodar. Há muito trabalho a ser feito.

Itachi não sabia qual era o método do corvo, mas ele sempre conseguia passar as mensagens enviadas. Adoraria um dia descobrir.

- Puta merda! - ouviu-se um grito de Madara - Meu porão está incrível!

O porão de Madara, que era onde ele vivia a fim de cumprir suas obrigações de príncipe sem ter que conviver com os reis, foi reformado magicamente, adaptando-se a Hashirama. Livros, sofás, tapetes, a lareira, camas, cozinha e banheiro, além das pinturas no teto e paredes, do espaço extra e do cheiro no ar, tudo gritava Hashirama e Madara.

- Viu? Aqui é o seu lugar. Até os deuses sabem disso - Madara disse dando um beijo em Hashirama, que retribuiu com outro beijo. Mais tarde ele descobriria que haviam roupas novas para ele nos armários e dezenas de fotos de Tobirama em álbuns.

Kakashi seguiu Obito até o quarto do príncipe.

- Aqui é o seu quarto? Não parece você.

- Eu nunca me senti em casa nesse castelo, Kakashi. E desde que a Mito se foi, eu só estava... sobrevivendo, dia após dia. Lembra quando eu fui na sua casa e você fez uma piada sobre eu não conseguir dormir mais sem você? Não era uma piada para mim. Era real.

Hatake caminhou até o outro depois de trancar a porta, o envolvendo entre seus braços e o puxando para um beijo longo.

- Se você não quiser, não precisa mais dormir sem mim - o sorriso que ele ganhou de volta valia tudo.

- Então é isso? Você quer entrar nisso de cabeça?

- Eu quero, príncipe.

- Eu vou para onde você for. Minha casa não é onde, é quem. É você.

Izuna estava prestes a entrar em seu quarto quando Kurama o pegou nos braços e correu até o próprio espaço, os dois rindo alto, sem medo de serem pegos. Parecia um sonho. Eles entraram no quarto do ruivo e Izuna quase gemeu pelo choque de estar num ambiente onde Kurama era tão presente. O cheiro dele estava impregnado em todo o lugar e aquilo lhe causava sensações em lugares nada apropriados. Kurama não lhe deu tanto tempo para contemplar, segurando seu rosto entre as mãos e lhe dando milhares de beijos pelo rosto e pescoço sem parar.

Rindo, Izuna segurou as mãos de Kurama para que ele se acalmasse.

- Seu lugar é comigo, Izuna, você não entendeu isso ainda?

O espelho, a espada e o escudo | SNSOnde histórias criam vida. Descubra agora