11. Tutti-Frutti alcoolizado e luzes anestésicas

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FELIPE

Amanda saiu do banheiro vestindo um short jeans claro e uma camiseta preta e lisa. Mesmo após dois anos de amizade a sua maior desculpa para não se trocar na minha frente - como eu fazia com ela, não era questão de querer privacidade, era uma questão de "não me sinto confortável em mostrar meu corpo para outras pessoas, por favor."

E, de verdade, não havia problema nenhum no corpo dela. Mesmo que eu nunca a tivesse visto sem camiseta, pois até mesmo na praia ela se cobria. Amanda era assim, quando implicava com algo era difícil tirar de sua cabeça, ainda mais quando a implicância surgiu na sua vida bem antes de mim. Entretanto, nas vezes que eu insistia em dizer que não havia problema nenhum, ela dizia:

"Felipe, eu não sou magra! Mas não vou te mostrar minha barriga, não preciso passar por isso."

E eu não tinha nada para responder, porque Amanda achava que ela precisava ser uma tábua para usar roupa curta, coisa que nunca me fez muito sentido. Minha mãe, por exemplo, nunca deixou de usar as roupas que queria por conta do formato do seu corpo ou altura. Os vestidos longos e colados, que diziam ser para mulheres altas e magras, eram sempre a sua primeira escolha na hora de se vestir para aniversários de quinze anos e casamentos. Ela adorava se sentir uma rainha, e se sentia bonita; ela era bonita e sua autoconfiança era invejável.

— Que foi? — Ela ergueu as duas sobrancelhas.

Não notei que estava a encarando por tanto tempo, enquanto pensava. Cocei a nuca na tentativa de arranjar mais tempo para uma resposta, mas só consegui dizer:

— Vai sair assim?

Ela fechou a cara, cruzou os braços e passou por mim batendo no meu ombro enquanto se dirigia ao próprio roupeiro.

— Tô muito coberta pro teu gosto? — Ela puxou um batom e passou nos lábios, observando seu reflexo no espelho.

O batom pintava seus lábios de forma delicada, ressaltando os traços bem desenhados de sua boca, dando uma aparência macia e confortável - para meus lábios descansarem.

MEU DEUS, CHEGA!

— Sim. — Murmurei, meio inaudível ... ou não, porque ela escutou e gritou um "safado" atirando em minha direção a primeira almofada que suas mãos encontraram.

Não notei o troço vindo até mim e simplesmente deixei que ele atingisse em cheio meu rosto. Bufei, após a surpresa, e fui até a garota que passava rímel em seus cílios. Passei meus braços por sua barriga e a puxei, levantando-a do chão.

Seu gritinho de surpresa não me atingiu.

— Que maquiagem é essa ein, já tá querendo se aparecer demais, dona Amanda.

Ela soltou uma gargalhada.

— Me coloca no chão!

Mas eu não queria soltá-la. Queria mantê-la para sempre em meus braços, aquecendo meu corpo e me divertindo. Meu Deus, eu nem conseguia imaginar o resto da minha vida sem ela, era como se o antes de conhecê-la não existisse.

Deixei que seus pés voltassem a tocar o chão.

Amanda riu e beijou minha bochecha. Foi inevitável sorrir quando seus lábios tocaram minha maçã do rosto, intensificando ainda mais o leve toque no local.

— Obrigada por tirar o excesso do meu batom com seu rosto, lindo. — Ela se afastou, analisando a obra de arte que havia deixado em meu rosto.

Me controlei para não comentar o que eu queria.

Estrelas que nos guiamOnde histórias criam vida. Descubra agora