prólogo

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AMANDA NASCIMENTO
2020

Quando era mais nova, não entendia como Peter Pan poderia querer ser criança para sempre. Ser criança era depender dos adultos para tudo e ser obrigado a ouvi-los e obedecê-los. Ser criança era nunca poder fazer o que queria, era ser dependente e ter seus sonhos arrancados pela raiz, como uma flor.

Mas crescer, crescer era como criar espinhos. A seleção natural tratava de te moldar para a vida que viria a seguir. Quando criança, nossos sonhos eram podados aos poucos para nos mostrar que, no futuro, o único sonho possível era pagar as contas em dia. E nem sempre ele se realizava.

Quando se é criança, as preocupações não existem. Elas se resumem em acordar cedo para assistir desenho ou não ser atropelado por um carro enquanto anda de bicicleta com os amigos. Essas preocupações geralmente terminam em deliciosas gargalhadas e reaparecem em um doce sonho quando se está dormindo.

Ser criança era lendário, e agora eu entendo você Peter Pan. Uma criança que estava a frente do seu tempo. Uma criança que nunca conheceu a vida adulta e ainda assim não queria viver uma.

Sensato, eu diria.

Porque a vida começa a te cobrar pela infância plena e privilegiada no Ensino Médio. É lá que os espinhos começam a ser induzidos a crescer. É lá que você percebe que sempre alguém vai sair machucado. E é sobre isso que se trata meu coração: sobre espinhos em rosas e estrelas. O pó de pirimpimpim bem que poderia ser despejado em cima de mim.

Crescer é aprender que devemos lutar, todos os dias, para sobreviver - e continuar lutando.

Estrelas que nos guiamOnde histórias criam vida. Descubra agora