Venho refletindo há muito tempo sobre as mudanças da vida, sobre a linha entre a adolescência e a vida adulta. Sobre a compreensão de que as coisas acontecem por algum motivo, para te levar a algum lugar. E isso é um aprofundamento tão confuso na minha cabeça que, muitas vezes, entro para dentro do quarto, sento na cama e fico pensando enquanto observo os quadros na parede.
Voltei a pendurar fotografias minhas com Felipe, uma delas sendo particularmente especial por questões amorosas - foi tirada no dia em que ele me pediu em namoro. Enquanto olho para nós dois naquela imagem, lembro que eu não sabia se estava preparada para isso. Quer dizer, era uma grande mudança emocional. Não digo comportamental porque nós já vivíamos juntos, mas laços amorosos são diferentes de laços amigáveis. O compromisso que eu teria com ele seria maior e eu não sabia se estava pronta.
Quando nos beijamos pela primeira vez eu surtei, é verdade. Tinha medo de nossa amizade acabar ou, sei lá, do que poderia vir depois (e realmente veio, mas não era algo ruim). Nunca tive esse laço com ninguém e era muito confortável saber que essa pessoa era Felipe, meu melhor amigo. Nós já sabíamos tudo um sobre o outro (ou quase tudo) e nos amávamos de verdade.
Só era totalmente bizarro mudar assim, de uma hora para a outra. Num dia nos cumprimentávamos com um abraço e, hoje, nossas línguas se entrelaçam.
Antes eu sabia das quedas que ele tinha por outras garotas, hoje era para eu ter ciúmes delas.
Eu não tinha, porque sei que se Felipe está comigo é porque ele realmente quer estar e, se um dia não quiser mais, vai me falar. Tenho isso muito claro na minha cabeça, porque sei que nossa amizade é superior ao nosso relacionamento... o problema é o antes.
Minha cabeça vaga, muitas vezes, para as nossas conversas sobre Ana. Felipe era fascinado por ela. E nós não temos nada em comum. Me pergunto se ele realmente não sente nada quando estão juntos - porque eles se veem frequentemente e nem sempre eu estou junto.
Não me importo que eles saiam, mas não me sinto segura emocionalmente. Foi tanto tempo ouvindo sobre como Ana era incrível e em como ele sonhava em beijar Ana que, às vezes, quando o beijo, sinto ânsia de vômito por lembrar disso.
Não é legal sentir ânsia de vômito ao beijar o namorado, confie em mim.
E, quando percebi isso, percebi que eu realmente estava com um problemão: eu o amava mais do que pensava.
Acho que mesmo que eu nunca tenha gostado muito das princesas e toda aquela enrolação deplorável com os príncipes, talvez elas tenham interferido um pouco no meu comportamento sentimental romântico. Acho que, na minha cabeça, eu preferia estar com alguém como eu: que nunca tinha se apaixonado por ninguém antes. E Felipe já, por mais que ele diga que foi para me esquecer, ele já tinha sido completamente obcecado por alguém - o que nem era saudável e eu nem queria que tivesse sido comigo, mas é isto.
Isso é algo que também venho refletindo muito, com a ajuda de dra. Helena. Queremos entender sobre como eu lido com todas essas mudanças na minha vida e sobre como cada detalhe do presente pode me afetar no futuro.
Doido, né?
Pois é, venho refletindo muito.
O tempo inteiro, para falar a verdade. Às vezes estou comendo uma maçã e paro para refletir sobre tudo o que ela passou para estar indo em direção ao meu estômago.
Objetos também contam histórias. Comidas também contam histórias.
E esse tipo de ponto que percebo acho importante destacar escrevendo-os em um dos meus inúmeros cadernos de anotações.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Estrelas que nos guiam
Teen FictionSempre ouvimos falar que amizade vem antes de namoro, certo? Isso para Amanda sempre foi muito bem definido: nunca deixar os amigos por conta de um possível namoro, mas para Felipe - seu melhor amigo - as coisas não eram bem assim, sua crença nas pe...