AMOR SEM FRONTEIRAS (REVISANDO...)

CAPT 17- JASMIN

São anos me dedicando ao voluntariado, e aos médicos sem fronteiras e nunca na vida o arrependimento bateu da minha parte, por mais difícil que às vezes fosse de exercer minha profissão em países com altíssimos níveis de pobreza, violência, zonas de guerra, pouquíssimo saneamento básico. José uma vez disse que éramos soldados e ele estava certo éramos soldados em uma guerra para salvar vidas em condições desumanas.

Após a minha ligação telefônica com Josh a imagem da mulher na tenda não saia da minha cabeça, e um milhão de coisas passavam pela minha mente nesse momento: O que fariam com ela? Para onde ela iria com as filhas pequenas? Eles a torturariam para consegui informações? E como era possível ela está aqui? Afinal ela era a filha do líder do maior grupo terrorista da Somália, filha essa que foi obrigada a casar com um velho com o dobro da sua idade que era o líder militar do grupo terrorista. A vida dela definitivamente não tinha sido fácil de maneira nenhuma e Deus por mais que eu não a conhecesse, e sabendo quem ela era, eu sentia simpatia pela moça, pq sempre acreditei que toda estória tem duas versões. Eu não conseguia dormir, pregar o olho em momento algum, a imagem dela e das filhas meio que me atormentava.

E contra tudo que me disseram eu fiz Algo que eu jamais poderia fazer, eu desobedeci ao Matt e a Josh. Coloquei meu jaleco e fiz o caminho para o hospital, mesmo não sendo meu turno, eu não sei o que esperava encontrar, eu só queria na verdade ter certeza que elas estavam bem, afinal haviam duas crianças envolvidas, duas garotinhas.

Ao me aproximar da tenda, vi que ela estava só um pouquinho aberta, acho que para entrar um pouco de ar, estava uma noite muito quente na Somália, era visível às duas crianças dentro da tenda, mas ela não estava com as filhas e isso instantaneamente me fez ter calafrios e eu dei meia volta e ao dar meia volta, dei de cara com ela. 1,70 metros de altura, roupa preta inteira cobrindo o corpo todo e o Nicabe no rosto. O Nicabe é um dos vários tipos de véus islâmicos, ele cobre a cabeça toda e deixa somente os olhos a mostra, e eu não sabia o que dizer, então falei o mais obvio que me veio à cabeça:

- Salaam Aleikum (Que a paz esteja sobre vós­)

E ela me respondeu de volta:

- Waalaikum As-Salaam (E sobre vós a paz)

Ela continuou a me olhar e eu sinceramente não sabia por aonde ir ou o que falar então, mais uma vez fui contra meu bom senso e falei:

- Camille, me chamo Camille.

Ela então respondeu:

-Nala

E eu me perguntei se ela falava meu idioma o inglês. Então falei:

- Vc fala inglês?

Ela balançou a cabeça em concordância, e isso definitivamente me surpreendeu muitas das mulheres não tinham acesso à educação, quanto mais, a idiomas. Principalmente se vc fosse membro de família conservadora mulçumana o que definitivamente era o caso dela.

Ela fez sinal para a tenda dela como em convidando para entrar, antes olhou o local inteiro ao nosso redor como que checando se não havia pessoas nos vendo e eu sabia que não podia em hipótese alguma ficar por lá, mas eu não sabia como recusar e eu estava mais uma vez curiosa, então aceitei a oferta.

Assim que entramos ela deixou ela fechou parte da tenda deixando um pouco aberta da entrada para entrar ar como disse anteriormente estava muito, muito quente esses dias.

Em seguida ela tirou o Nicabe, deixando o rosto dela a mostra. Ela era absolutamente linda, mas tinha uma cara de sofrida em seu semblante que era de dar pena. Sem sombras de duvidas ela era uma das mulheres mais lindas que eu já tinha visto na vida.