Morning sensations

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Isabel sempre dormiu cedo... Sempre foi assim. Poucas eram as noites em que empenhava-se para ficar acordada até tarde lendo, por exemplo. Sua rotina diária era dormir cedo para acordar cedo e aproveitar melhor o dia. Seu humor tornava-se estável e seu rendimento em atividades diversas que ela mesma inventava para si eram bem mais proveitosas.

Porém, naquela manhã, Isabel acordara exausta. Seu corpo parecia ter sido esmagado por uma pedra e seus olhos estavam tão pesados que, pela primeira vez em anos, desde o fatídico dia das picadas de formiga quando criança, sentiu vontade de ficar deitada na cama por mais umas horas.

Ao julgar a posição do sol, concluiu que não era mais tão cedo, porém não tão tarde... Precisava esforçar-se para começar um novo dia em sua maldita nova vida.

Nada estava sendo do jeito que imaginou, começando pela promessa de Henry que ainda não fora cumprida pelo mesmo e estava desapontada, mas, principalmente, com medo de ser uma mentira tudo o que ele disse. Ela não suportaria... Se realmente fosse, não perderia tempo em desmascara-lo para toda a sociedade londrina.

Enfim, ela não deveria ter esperado por Henry na noite anterior, pois, além de obrigar-se a dormir em um horário que não era o seu habitual, passou por uma experiência devastadora que nunca imaginou ser submetida dada as circunstâncias.

O que aconteceu? Tudo parecia fora do seu controle de uma hora para outra! Tinha as palavras certas em sua boca para quando ele chegasse, os gestos que deveria fazer enquanto explicava os espaços entre eles na cama... Os avisos sobre proximidade dos dois e, principalmente, sobre a promessa que ele fez a ela antes de casarem-se!

Tudo estava em suas mãos! Ela tinha o poder de por ordem nessa loucura, mas ficou questionando-se, ainda de olhos fechados na cama, porque não teve nenhuma iniciativa quando sua sorte mudou repentinamente para o azar de ser imobilizada por Henry na grande cama que iriam compartilhar pelo resto da vida. Deveria tê-lo chutado para longe, afinal, suas pernas estavam livres para isso, mas... Quando seus olhos depararam-se com os dele, fixados aos seus, toda sua força para repeli-lo com raiva esvaiu-se de seu corpo em uma velocidade absurda. Aqueles olhos azuis lhe trouxeram calma e, aos poucos, seu corpo foi relaxando ao toque firme dele em seus pulsos.

Não doeu. Ele não queria machuca-la e sabia disso, porém, uma dor maior estava por vir quando seu coração acelerou e, finalmente, reparou em detalhes no rosto de Henry que não conhecia, pois nunca o admirou com outros olhos se não os de astúcia para lidar com o lobo em pele de cordeiro que vivia nele.

Um dos olhos de Henry detinha de duas cores. Era extraordinário! Quantas pessoas podiam testemunhar algo assim?! E os traços fortes dele pareciam tão simétricos em sua visão que nem toda a matemática que aprendera explicaria o quão perfeito ele parecia naquele momento.

Isabel odiava homens de bigode! Além de dar-lhes um aspecto sujo, aparentavam ainda mais a velhice que o normal, mas... Gostou do bigode dele, pois, de uma maneira que ela não entendeu, o deixou muito atraente.

Mas o que era atraente para alguém que nunca vira um homem com esses olhos e nem mesmo permitia-se pensar nesse tipo de coisa? Algo estava muito errado em sua cabeça e Isabel sabia disso.

Então, como falar com seu coração para parar de reagir dessa forma? Como exigir que o mesmo não batesse em sua caixa torácica com tanto desempenho em meio ao toque dele?!

Quando os lábios de Henry tocaram os seus e as respirações misturarem-se como uma, ficou arrepiada da cabeça aos pés e nem mesmo sentiu o sabor do beijo que talvez ele lhe daria se fosse um pouco mais ousado e seguisse seus planos devassos de libertino das esquinas de Londres.

I'll Be Waiting ||  Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora