-E você caiu no lago?! –Lotte, ainda espantada com a história, esfregava a esponja nas costas de Isabel que continha um sorriso bobo em seus lábios, apenas suspirando com a lembrança do que acontecera durante a tarde.
-Sim... –Deitou a cabeça sobre o braço apoiado na borda da banheira. –Escorreguei tentando correr do duque.
Lotte parou o que estava fazendo imediatamente, dando a volta na banheira as pressas para olhar nos olhos de Isabel, que assustou-se com o ato momentâneo da governanta, quase caindo de costas na água.
-Isabel... Diga-me a verdade. –Fechou os olhos, pressionando as pálpebras com força, retesando-se da possível confissão que invadiria seus ouvidos em instantes. –Henry empurrou você de propósito? –Sua voz era severa.
-O que?! –Arregalou os olhos. –Claro que não, Lotte! Ele seria um homem morto se o fizesse. Porque acha uma coisa dessas?
-Ora... –Cautelosa, continuou a observação. –Querida, não entenda-me mal, mas... Desde o dia em que casou-se com o duque, preocupo-me demasiadamente com seu bem estar. Vocês viviam brigando e isso nos afligia de tal maneira que...
-Ele nunca me machucou.
-Não! –Lotte acariciou seu rosto. –Claro que não! Acho que não soube me expressar de maneira adequada. –Refletiu. –Vocês são tão parecidos que tenho medo de cometerem uma loucura irreversível a qualquer momento.
A duquesa mal cabia-se em tamanhas risadas que foram liberadas de seu corpo com tanta diversão, ao escutar a declaração vinda da mulher preocupada que lhe deu um tapinha indolor no braço para repreendê-la do ato debochado que estava demonstrando.
-Isabel! –A governanta a advertiu. –Não caçoe de mim dessa maneira, menina! –Riu.
-Me perdoe, Lotte! –Tentava recuperar o fôlego. –Mas é que sua observação foi tão verdadeira que imaginei Henry e eu tentando nos matar como em um campo de guerra.
-Deus nos livre! Que esse dia nunca chegue! –Fez o sinal da cruz. –Corrija-me se estiver errada, mas parece que vocês dois tem se dado bem ultimamente, não? –Sorriu.
-Na medida do possível. –Isabel deu de ombros. –Ele não é tão mal quanto pensei que fosse. Na verdade, venho surpreendendo-me com certas atitudes dele.
-Olha... –Tocou um cacho solto do cabelo bagunçado da menina. –Pensei muitas vezes que não fosse se adaptar aqui, sabia? Sempre mostrou-se um espírito tão livre que, sinceramente, você nunca me pareceu ser uma moça com a ambição do casamento.
-Nunca fui. –O pesar de Isabel era nítido.
-Um grande motivo para achar toda essa situação uma injustiça com você.
Isabel ficou em silêncio, analisando que também não achava justo passar por isso somente para realizar um de seus maiores sonhos que era tornar-se intelectualmente independente e ganhar sua liberdade de expressão baseada em conhecimentos adquiridos através do estudo contínuo que somente a proposta do duque poderia lhe oferecer. Claro, casar-se pela obrigação do matrimônio em si nunca fora um de seus planos, mas as condições envolvidas tentaram-na fortemente a aceitar. De fato, não fora a melhor troca do mundo. Uma lástima aos seus planos futuros, mas, curiosamente, sua linha de raciocínio hoje não era mais a mesma. Óbvio, suas prioridades seguiam intactas e jamais mudariam. Porém, a atmosfera pessimista que habitava diariamente desde o dia em que aceitara o pedido de casamento do duque, mudara completamente. Tentava recordar-se de sua rebeldia e, se procurasse com atenção, a encontraria fluindo em suas veias em cada ser e agir seu, mas algo aquietou-se. Uma parte assumira um silêncio confortável ao pensar que, gradativamente, a revolta fora domada por Henry. Não o via mais com rancor ou como um adversário em potencial, mas como seu aliado mais forte que hoje nutria um carinho especial em seu coração. Ele entrara em sua vida com o propósito de manipula-la, mas seguia nela atendendo seus desejos milimetricamente, percebendo que estava adorando isso mais e mais. Henry era bem vindo em seu caminho, mesmo Isabel não tendo noção alguma do que realmente sentia quando ele estava por perto. E, não, não tinha nada a ver com a questão sexual, conclui. Isso, com toda certeza, era um detalhe de suma importância que a delirava ao imaginar, mas percebeu que, por si só, ele criou um 'todo' dentro dela o qual a mesma não via-se mais sem.
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I'll Be Waiting || Henry Cavill
FanfictionIncompreendida por sua família, Isabel, a mais jovem da casa Whitfield, seguia um dilema simples, porém escandaloso para a época: passar a vida solteira e lutar por seus direitos em busca de conhecimento, ajudando a livrar também todas as mulheres q...