I'll Be Waiting || Henry Cavill

When we were young

Isabel encarou-se mais uma vez no espelho, em cima de um banquinho, rodeada de costureiras que não paravam de falar um só minuto sobre todos os ajustes finais que deveriam fazer em seu vestido de noiva.

Mal podia acreditar no que seus olhos castanhos contemplavam naquele momento. Ela era uma noiva prestes a casar-se com um dos homens mais ricos e influentes da Inglaterra. Henry era quase braço direito de vossa majestade, apesar de ausentar-se o máximo que podia da corte britânica, sempre apresentando-se em última instância, o que era um bom sinal para Isabel, pois não teria que viver acompanhando-o em jantares e bailes no palácio real. Mal conseguia imaginar-se em uma situação dessas. Na verdade, não conseguia imaginar-se nessa situação em geral. Afinal, ela sempre fora contra o casamento e, por mais que já tivesse passado algum tempo depois ao pedido de Henry em sua casa, ela ainda não conseguia digerir muito bem a situação, evitando qualquer pergunta matrimonial relacionada desde a cor das toalhas de mesa da festa ao amor que sentia por Henry o qual ela precisava fingir que sentia de todo o coração.

Eram tempos difíceis para uma mulher de princípios independentes que carregava no peito o orgulho sobre jamais casar-se com alguém, principalmente com esse tipo de homem que era o duque Cavill... Devasso demais, libertino demais, orgulhoso demais, sedutor demais, bonito demais, influente demais. Logo, quem havia conquistado para ser se perderia em um patamar que ela jamais almejou... A esposa do duque. A duquesa William... Isabel Cavill.

-Inferno. –Praguejou baixo, enquanto via sua mãe gesticulando ao longe com as costureiras do quanto queria mais babados no vestido. Algo realmente esplendoroso... Algo que Isabel não queria.

Ao olhar-se uma última vez, antes de tirar o vestido para finalmente sair daquele lugar, deu uma boa olhada em cada detalhe.

Não estava feia. Pelo contrário, nunca esteve tão bonita quanto naquele momento, em sua opinião, apesar de não estar feliz.

O vestido era lindo e todo trabalhado em rendas com vários desenhos delicados. Não possuía vestígio de decote ou algo que pudesse comprometê-la. Somente eram visíveis suas mãos e a cabeça, pois até o pescoço fora tampado com uma renda que lhe pinicava a pele e, apesar de querer muito arranca-la, e daria um jeito nisso na festa, até que não ficou tão feio. Era conservador, uma palavra que também odiava. Havia babados nas mangas que seguiam em renda até suas mãos. Na cintura, uma fita de cetim cor pêssego fora amarrada para realçar suas jovens e adoráveis curvas como um tipo de presente para seu futuro marido, o qual achou completamente desnecessário e patético. Da cintura para baixo, ele era bem aberto e com vários desenhos e pedrinhas que faziam com que parecessem gotinhas de chuva presos ao longo do vestido, até os pés.

Deslumbrante, mas desnecessário.

Assim, encarou o espelho novamente, analisando outros reflexos atrás de si e assustou-se com o olhar preocupante de Kate, enquanto apoiava as mãos sobre a boca.

-Kate? –Virou-se e ficou de frente para a irmã que levantara da cadeira em que estava sentada, aproximando-se da mais nova. –O que foi?

-Nada. –Suspirou com um sorriso e seus olhos ficaram cheios d'água. –Só... –Comprimiu os lábios. –Você está tão linda. –Uma lágrima escapou e Isabel somente lhe deu um sorriso fraco. –Meu passarinho vai voar para o seu próprio ninho. –Acariciou o rosto delicado da jovem noiva.

-Seria melhor voar para o horizonte. –Isabel olhou pela janela e ficou pensativa sobre tudo o que não poderia mais fazer ou dizer.

Teria total liberdade. Sabia bem disso, mas... O que é uma mulher casada que recebera um nome do que uma mulher que lutou para deixar seu próprio nome?