Convivendo

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Oito dias se passaram e nada mudou.

Sasuke passava a maior parte do tempo trancado e sozinho, descia apenas para as refeições e se negava a comer qualquer coisa que Hinata tivesse feito. A mesma estava começando a ficar aflita, ele parecia não se tocar que aqueles meses que passariam juntos seriam cruciais para sua liberdade e que ela teria que relatar tudo que acontecia a Tsunade.

Tinha escrito o relatório da primeira semana de forma vaga, omitiu algumas coisas e disse que o relacionamento entre ambos estava bom, mas por quanto tempo poderia ficar o acobertando? Sabia que era errado, mas sua vontade de ajudá-lo era maior e sabia que Sasuke precisava apenas de um bom incentivo para ficar em Konoha.

Foi com esse pensamento que criou coragem para bater-lhe à porta mais uma vez. Como da última tentativa, o moreno a abriu com uma cara de poucos amigos, era óbvio que não queria conversar com a Hyuuga, mas dessa vez ela seria um pouquinho mais insistente e tinha um bom motivo para fazê-lo sair do quarto.

— Preciso buscar algumas coisas no centro da vila, pode vir comigo? — Foi firme e direta, havia ensaiado muito aquela frase no espelho pela manhã.

— Esqueceu que estou preso aqui? —O moreno respondeu rude, pronto para fechar a porta, porém Hinata parou a mesma com o pé.

— Comigo não deve ter problema. —Errado, na verdade ela não sabia se tinha ou não problema, porém iria arriscar. —Não posso deixá-lo sozinho e bem, são itens necessários.

Seria bom para Sasuke caminhar um pouco e rever Konoha. Viu-o revirar os olhos antes de se dar por vencido.

— Você não vai desistir até conseguir me tirar daqui, não é?

— Não mesmo. — Balançou a cabeça para dar ênfase à negação.

— Tcs. Me dê cinco minutos.

Dessa vez, mesmo tendo a porta batida em sua cara novamente, estava feliz. Saiu dando alguns pulinhos, iria esperá-lo no andar de baixo.

-...-

Sasuke ainda não acreditava que tinha aceitado aquele passeio estúpido. Hinata tinha motivos para estar ali, mas ele? Poderia ficar muito bem naquela prisão que eles chamavam de casa, ou realmente acharam que ele não conseguiria sentir a presença dos ANBU's na floresta que cercava a propriedade? Ele era um ninja e não precisava de chakra para tal feito.

Agradecia pela Hyuuga ser silenciosa, assim podia se concentrar nos olhares de repúdio que alguns moradores lançavam para ele. Sim, gostava dessa sensação, era como jogar uma faísca em um monte de palha, apenas o instigava a continuar com sua ambição visto que ninguém ali era digno de sua misericórdia.

— Vê, Sasuke-kun, o Ichiraku mudou um pouco depois que você partiu.

A voz melodiosa o tirou de seus pensamentos obscuros, encarou-a se perguntando se deveria matá-la junto aos outros, não que estivesse se apegando a garota, porém sentia que tinha uma dívida com ela, afinal estava se esforçando para ajudá-lo a retomar sua liberdade.

Tola.

Estava cavando a própria cova.

— Não gosto de lámen. — Respondeu seco, dando a entender que não se interessava pelo assunto.

— Ah. — Murmurou desviando o olhar. — Então, do que você gosta?

Revirou os olhos.

— Onigiri*.

— Só? — Incentivou-o a falar mais.

— Tomates.

Hinata comprimiu os lábios em um sorriso mínimo, se lembraria de preparar bolinhos de arroz para o jantar. Dobrou uma esquina onde, no final da rua estreita, estava localizada a floricultura dos Yamanaka's, Sasuke a olhou incrédulo, entendendo qual era o destino final da Hyuuga.

STUCK -SasuhinaOnde histórias criam vida. Descubra agora