para de falar assim.

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Depois daquele dia eu trabalhei pra caraca e , os garotos deram o fora da minha casa. Tipo, eu não os vi pelo resto da semana. E não sei aonde Taeyong se meteu, ou em qual motel barato Chittaphon estava. Mas, eu sabia que Sicheng provavelmente estaria abostado em seu sofá, comendo alguma coisa e assistindo algum desenho. Por que acha que penso isso? Porque eu infantilizo o Sicheng, mesmo ele tendo mais maturidade e saúde mental que eu. Ele é todo "wow" e eu, eu sou só um zé ruela que pensa mais nos outros do que em mim. Ta, talvez eu me minimize demais pra alguém bonito, que tem o que quer e pessoas pra contar. Mas a ansiedade, fundida com crises existenciais me deixam puto e triste.

Tipo, agora eu estou saindo de casa, mas minha alma ainda ta dormindo bem plena na cama. Eu em específico estava bem sonolento,mas entediado. Então, retirei o telefone do bolso e liguei para o contato recente, vulgo sicheng.

- oi, hyung. O que quer?- ele estava ofegante, talvez correndo (?) mas, eu sou paranóico demais pra romantizar isso, embora eu romantize muitas outras coisas.

Insira aqui o meme do mc poze e orochinho, com a legenda "o que Deus uniu, nada separa". Esse sou eu, e as paranóias.

ㅡ ah, nada. Só ia sair de casa, e você era o primeiro contato frequente.-ri nasalado, e ele riu também, desta vez sua voz estava controlada.

- hm, então esta me chamando pra sair? Eu aceito.- disse, simples assim.

Então ele desligou, e eu fiquei com uma cara de palhaço, porque com ele é tudo tão simples. Se você fala "vamos roubar um banco?" ele vai falar um tá, ou apenas vai. Porque ele transforma coisas tão complexas em continha de mais e menos. Porque ele é diferente, um diferente bom. Tipo, um dia de chuva com netflix e chocolate quente, mas invés de fazer o tradicional que seriam dois jovens se pegando, com ele assistiriam o filme e talvez uma serie completa. Porque é ele quem manda. É ele quem faz as coisas.

E logo, ele vai mandar em mim, tipo, entende que isso vai ser muito difícil pra mim? Obedecer ele, e estar errado em desobedecer porque ele é maduro e eu sou um panaca otário.

- Yuta, por que você fica calado do nada? - perguntou se sentando no banco da sorveteria. - você tem umas ideias bacanas, compartilha comigo seus pensamentos.

Inflei a bochecha colocando pouco de sorvete de creme na minha boca. Sorvete de creme me lembra o passado, como se o branco amarelado do doce fosse recordações de um passado não muito longe deste. Como uma carta antiga, que poderia ser lida apenas por quem sabia o código. Que era uma língua criada por um cara que vivia no tedio, e então criou ali o latim.

- sei lá, tava pensando em como você surgiu do nada, e agora é um dos meus amigos proximos. - gesticulei com a mão, e voltei a dar atenção ao meu sorvete de creme.

Ele riu levemente e apertou sua orelha, como se ajeitasse a tarracha de seu brinco ou algo assim.

- foi do nada mesmo. Tipo, quem acha que esbarrar com um cara atrasado pro trabalho, e um Zé ruela que ia no parquinho ia resultar em uma amizade assim.-ele falou, e mesmo que tenha sooado como um "tanto faz", ele detalhou tudo, do jeito dele.

Ele tinha em suas mãos um picolé de maracujá, que se recusou a pegar um de massa igual o meu. Então eu apenas dei de ombro.

- tava pensando aqui, sicheng. - ele murmurou para que eu continuasse a falar.- hm, qual seria o gosto de sentimentos.

- por que raios você imagina o gosto de sentimentos?

Foi retórico, então não dei bola.- acho que solidão tem gosto de sorvete de creme. É bom em partes,mas tem horas que enjoa. E também tem a parte de que sempre vai estar acompanhando você em sua jornada pela sobremesa.- disse para o maior que passou a me olhar confuso.

𝐋𝐎𝐒𝐒. [pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora