dói muito.

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Você tinha dormido em meu peito, estava tão cansado. Não sei o que tinha te acontecido, mas você parecia tão triste. Seus olhinhos pequenos e finos estavam tão prensados. Sua boca continha um biquinho, e teu cenho estava franzido. O que está acontecendo, Sicheng? Suas expressões são tão limpas, eu posso ler elas. Mas, embora tu expresse teu rosto tão lindamente, eu ainda tenho curiosidade sobre ti.

Mesmo que com realidade tua voz responde, ou com sinceridade tu me falas, eu ainda permaneço sem resposta. Pois tu máscara tudo com um sorriso, não tão sincero quanto a ti.

Percebi que há dor em seu olhar, há culpa. Mas você não diz o quê lhe dói, ou o quê te faz culpado. Isso me preocupa, pois tua saude mental é tão importante quanto a física.

Então deslizo meus dedos em tua  pele leitosa, acarinhando tua bochecha com calma. Seus fios de ouro envelhecido balançavam conforme o vento batia, e sua respiração calma trazia uma sensação antiga a mim. Mas eu não senti nada, ele só me lembrava algo ou alguém. Talvez na vida passada, eu tenha lhe encontrado, no entanto, ele me encontrou?

Ou me perdeu?

A sensação antiga que tenho, é como um disparar de arma. Uma bala atravessando o meu ser, como se eu fosse um alvo. Sinto meu sangue sendo retirado de meu peito, escorrendo pelo meu corpo e caindo no chão. E minha tez se enchendo com lagrimas quentes,  por fim, apagando.

— hey?-a voz rouca e calma de sicheng me tira dos devaneios, levando sua mão até meu rosto e acarinhando.— o que aconteceu?

sem saber o que eu havia feito para ele acordar, respirei fundo e pedi desculpas assim abaixando o rosto e vendo a camiseta do mesmo, com marcas de lágrimas sobre.

— desculpa, eu não sei o quê ta acontecendo. Eu só senti essa necessidade.-contei e ele pediu espaço para se levantar, e assim concedi. Não esperava que com força ele me envolvesse, e nem esperava o selar na lateral da minha cabeça.

— você também viu?-perguntou como se fosse obvio, e lhe respondi que não sabia por um murmúrio baixo.— também viu como morreu na vida passada?

A dor em meu peito aumentou, ele teria visto isso? Ele viu isso? Eu estou tão sem chão. Sem rumo. Sem saída. Isso é demais pra mim, eu só quero no mínimo sumir.

— eu vi! Foi horrível.- contei e ele passou suas mãos em minhas costas, tentando me acalmar. Mas a sua presença me deixava nervoso, eu me sentia encurralado. O que aconteceu comigo antes?— eu estou com medo, Sicheng. Como você sabe disso? Como eu sinto isso quando estou com você? Eu estou assustado.

Ele apenas me pediu para ter calma, e que não sabia o que estava acontecendo. Ele só sabia que assistiu meu assassinato, e que por sinal, foi em teu aniversário, no ano de 1478. Isso foi confirmado, apenas isso. Mas ele ainda tinha culpa no olhar, eu não sei, mas aquilo me deixava intrigado.

— Yuta calma, eu tô aqui, não vou deixar nada acontecer com você. Nada mesmo, okay? Eu estou ao seu lado.- suas mãos pouco maiores que as minhas tocaram novamente meu rosto, e lhe olhei como quem pedisse socorro. Ele estava assustado também, mas eu quem estava em pânico.

— me destrai com alguma coisa, por favor. Eu não aguento pensar nisso, dói muito.-disse ao mais alto que por um segundo fez uma cara pensativa, e logo aproximou seu rosto do meu segurando com as duas mãos minhas bochechas.

Senti seus labios aos meus, tão derrepente, mas não os afastei. Pelo contrário, segurei seu pescoço e com uma das mãos acarinhei teu maxilar. Eu precisava de algo que me faça esquecer aquilo, mesmo que isso me faça mal depois por isso. O ósculo tinha gosto de saudades, mas do quê? Eu nunca havia o beijado, nunca e nem em sonho.

Era tão estranho sentir que um dia, teus labios já me pertenceram. É estranho saber que você está com suas mãos em meu rosto aprofundando o beijo, enquanto eu apenas cedo. E como o vento rapido, tua boca foi embora e deixou a minha só. E com uma feição leve, você perguntou: — está calmo?

Toquei meus labios com a ponta dos dedos, ainda desacreditado do que o mais novo havia feito. Ele não era o "bv" do grupo? Então porque em um beijo fez me suspirar? Isso é tão confuso ou eu quem coleciono paranóias demais.

— estou...- lhe respondi em um sussurro e tu riu.

Então, soltou meu rosto e se levantou da grama. Me deixando sentado no chão, e eu achando que ias me abandonar, logo estendes sua mão para mim. E eu como alguém que teme cair, segurei-a com força e me levantei. Você sorriu e me abraçou levemente, voltando a encarar meu rosto. Então silabou com um sorriso no canto dos labios "se você deixar, eu sempre estarei aqui."

Isso foi um baque para mim, porque eu negaria a ajuda dele? Ele sabe de algo que não sei?

— ahm, okay! Eu deixo voce estar aqui sempre.- ri, andando ao seu lado.

Se você deixar, eu paro de me sentir inútil. Se você deixar, eu paro de me diminuir. Basta você deixar. Mas enquanto não sabes que estou assim, tu andas comigo no meio destas flores de sakura espalhadas pelo chão. As rosadas e lindas flores de meu Pais natal.

— você é estranho.- disse o alto.

— somos estranhos.- completei.

— tu é mais.- ele retrucou.

— vai chover.- disse jogando o assunto para longe após olhar o céu se escurecendo, de fato, choveria bastante esta noite.— quer dormir lá em casa, Cheng? Não gosto de ficar sozinho enquanto chove.

— vamos, o quê eu tenho a perder?- disse retórico e sorriu.

Assim, fomos para minha casa, que não ficava muito longe da onde estavamos. Eram apenas trinta minutos para chegar até lá, e não tinha trânsito. Com a pista limpa, eu pude admirar a ti. Seu rosto belo e tão bem esculpido, totalmente hipinotizante. Era você. Um alguém passado que esta no meu presente. Isso é confuso. Mas o importante é que você esta aqui, e eu te conheço.

Dong sicheng, o garoto da minha vida passada.

𝐋𝐎𝐒𝐒. [pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora