Você é extremo.

146 29 32
                                    

Pela madrugada, os sentimentos mais profundos afloram a pele. Sejam eles, doces, amargos ou ácidos. Sempre vão estar presentes pela madrugada, para te assombrar e amedrontar. Mas ao contrário dos outros dias, este eu estava acompanhado. Ele dormia como anjo no sofá, praticamente esticado no mesmo. Eu não contive um sorriso ao escutar o mesmo respirando, mesmo que seja normal alguém respirar. 

Porém, era diferente o que eu sentia pelo Dong, era como uma linha amarrada em nossos braços. Onde se eu for, ele vai, ou ao contrário. E se essa linha estourar? Poderia acontecer algo ruim, ou bom? Bem, são tantas questões, teorias e ainda um ar de indecisão. Estou preso em meu último pensamento, seja ele ruim ou bom, eu sinto que dele não sairei.

— Yuta, vai dormir! Eu sinto que você está acordado.- a voz rouca de sicheng me assustou, atrapalhando meu monólogo interno, e bagunçou meus pensamentos.— o que aconteceu? Insônia?

Assenti e então ele fechou os olhos, levantando o corpo, se sentando no sofá e então pedindo para que eu vá até ele. E com calma, engatinhei até o mesmo sentindo seus braços adornar em meu corpo com calma e me completar como um só. Ele me abraçou, e em pouco tempo, eu abracei sua cintura deitando o rosto em seu peito.

— o que tanto pensava?- perguntou, calmamente com voz serena e doce.

— em você, na verdade, na nossa ligação.- respondi o mais novo, e ele sorriu e em seguida acarinhou minhas costas, ele então pediu para explicar.— é estranho o que temos, tipo, parece que um dia fomos nossos, como se pertencessem um ao outro. Mas, é complicado saber se isso é paranóia ou parte de meus pensamentos confusos que no fim, dão no mesmo que a paranóia.

Ele nada diz, apenas continua com aquele carinho. Não que eu esperasse quero ele respondesse alguma coisa, mas o silêncio é algo tão estranho e constrangedor. Me sinto um adolescente tímido, isso não é normal.

— bem...- ele começa.— não tenho um argumento, então não espere que te responda como um professor de filosofia. Pensamentos nunca foram meu forte, e acho que nunca serão.

— por que tanta negação?

— acho que pensar sempre me deixou mal, então busco por não fazer nada a respeito.- riu, mas eu senti a acidez da frase. 

Então levantei o olhar, passei a o encarar, sem desviar meus olhos dele. E em um movimento rápido, ele próxima o rosto e sem delongas acabou aproximando o meu também. Mesmo que já estivessemos próximos o bastante, eu sentia a necessidade de tê-lo por perto. Sempre. E sem demoras, eu mesmo tomo a iniciativa de o beijar, deixando apenas um selar casto em seus lábios finos.

por estar deitado ao seu lado, bastou um movimento simples para que eu subisse ao teu colo, intensificando aquele beijo, com a mão em seu rosto. Sicheng levou suas mãos até minha cintura, abraçando a mesma e com um das mãos livres, levou até meu rosto acarinhando o local. E num momento de falta de ar, nossos lábios se soltam, porém permanecemos ali, juntos. Eu sobre ele, e Sicheng abaixo de mim.

— você é tão extremo, como consegue ?- Perguntou então, e ri baixo levando uma de minhas mãos até seu pescoço, acarinhando o local.

— não sou extremo, Cheng. Só sou " vivido", diferente de ti.-sorri e ele mordeu o lábio inferior, levando seus dedos até minha nuca, deixando um cafuné por ali.— olha, o sol nascendo.

Mudei de assunto, mantendo meu por cima do mesmo que então sorriu, levou uma de suas mãos até o sofá e me deu um tapa na coxa, de início não entendi, mas ele então joga um olhar que falava mais que mil coisas. Aquele explícito " sai de cima de mim, eu vou surtar ", e em dois segundos eu já não estava sobre seu colo.

— hyung...- que bonito, ele chama alguém de hyung. Que fofo.- olha ali, olha.- apontou para o gatinho de cor preta, deitado na coberta que, por acaso, estava jogada no chão.— qual o nome dele, hyung?

— Hiro gostou?- perguntei e ele assentiu levando a mão até o gato, acarinhando o mesmo.— ele parece ter gostado de você, Cheng.

Ele sorriu e concordou, e eu levantei do sofá indo até a cozinha e preparando o café da manhã, ou seja, café. Enquanto mexia pela cozinha, o chinês brincava com o felino que mordia sua mão levemente. Eu ri de como o Dong parecia cada vez mais infantil, porém ele parecia mais maduro do que meu pai. 

Ao terminar de fazer o café, lhe chamei para comer e assim fizemos. Juntos fizemos a primeira refeição do dia, e permanecermos na mesa até dar sete da manhã. Ou seja, passamos duas horas comendo e conversando sobre ene* coisas.  Falamos sobre a nossa existência no mundo, compartilhamos ideias que fariam dele um lugar. Talvez sejamos pacifistas, talvez queríamos paz por ter um passado repleto de tormenta. Ou talvez tenhamos que ser nós mesmos, jovens calmos e passivos. Digo, passivo na forma de cidadão. Um cidadão passivo nada mais é do que, alguém que só retruca quando colocam seu nome no meio. E essa é a descrição para mim e Sicheng.

— ei hyung, eu gosto de você.- disse aleatoriamente.

— eu também gosto de você, sicheng.

— quanto você gosta?

Ok, isso me pegou de surpresa. Não que seja pouco o quanto gosto dele, mas eu tenho medo de lhe decepcionar com a porcentagem. Talvez eu seja inseguro demais com isso.

— bastante.- respondi, e ele sorriu arrumando o moletom em seu corpo.

𝐋𝐎𝐒𝐒. [pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora