Rise [The Heir] → H. J. Potter

6. Velhos problemas, novas formas

Passar por cima, torcer, puxar por trás, prender... Na prática, amarrar uma gravata era muito mais complicado do que se poderia imaginar. O tecido liso e escorregadio escapava pelos dedos não treinados dos jovens ansiosos, que tinham acordado cedo demais para suas primeiras aulas.

Tendo imaginado que nunca usaria um acessório daqueles, Emily ficou parcialmente satisfeita com o nó em seu pescoço, dando pequenas risadas mentais ao imaginar o que seus vizinhos teriam a dizer sobre uma garota usando gravata. Com certeza seria o tema da fofoca por dias.

No entanto, de acordo com a carta que recebeu de sua mãe naquela manhã, entregue por uma coruja extremamente agitada eu espalhou cereal em toda sua volta, todos os seus conhecidos acreditavam que ela tinha sido mandada para um internato para crianças especiais, no interior.

A primeira aula que teve foi Defesa Contra as Artes das Trevas, ministrada pelo professor Quirrel, um homem magricelo e que dava a impressão de ser menor do que realmente era de tão encolhido que andava. O turbante em sua cabeça lhe dava um ar mais interessante, que era completamente arruinado por sua incapacidade de ministrar sua aula sem se assustar com algo.

Sentado ao seu lado, Michael fez uma série de comentários sobre como o professor deveria estar sendo assombrado por algum poltergeists para agir daquela forma, usando de sua aparência pálida e olheiras debaixo dos olhos como sintomas. Emily teve que concordar, mas continuou desenhando nas bordas do livro para passar o tempo sem se entediar. 

Contudo, a aula seguinte era a de McGonagall. Embora severa e rígida, a mulher era uma excelente professora, mantendo a atenção da garota travada nela em cada segundo de sua sala, mesmo quando explicava apenas alguns detalhes teóricos.

Talvez tenha sido por conta dessa atenção extra que deu as palavras da professora, que foi a única aluna da turma da sonserina e Corvinal a conseguir transformar seu fio de palha em algo parecido com uma agulha. Seu primeiro feitiço intencional e bem-sucedido.

As aulas de História da Magia também não foram um grande problema, uma vez que eram dadas por um professor fantasma, que mal reparava nos alunos, preso demais em detalhes históricos e entediantes, como a quantidade de botões das vestes de um bruxo famoso. Por outro lado, Herbologia se provou um verdadeiro desafio, uma vez que algumas plantas tinham tentáculos que pareciam se interessar demais pelos cabelos avermelhados da Sommers, puxando seus fios em momentos aleatórios da aula.

Era seguro dizer que não entraria mais nas estufas sem estar com um coque.

A última aula de sua primeira semana era Poções, com a turma da grifinória. Saber disso deixou Emily com um humor particularmente bom naquela manhã, não apenas porque era a matéria que mais tinha lhe interessado, tendo lido Mil Ervas e Fungos Mágicos duas vezes durante o verão, mas porque era a primeira aula que sua casa compartilharia com os leões.

— Dizem que Snape é pior do que a Minerva, ele tira pontos se você respirar muito alto na aula dele. — comentou Daphne, enquanto eles desciam as escadas para as masmorras depois do café da manhã.

— Não precisamos nos preocupar com isso, ele é o diretor da sonserina, não vai nos prejudicar. Nossa vitória na taça das Casas é uma vitória dele também. — respondeu Pansy, dando de ombros com uma expressão soberba.

Pansy Parkinson era mais uma das colegas de quarto de Emily. De cabelos castanhos e olhos verdes, a menina tinha uma personalidade forte, com uma reposta na ponta da língua (que nem sempre era das mais educadas). Não era das mais simpáticas, mas Emily não podia julgá-la muito naquela área, pois teve certeza que tinha sido grossa uma ou duas vezes sem querer.

— Isso não quer dizer que a aula vai ser fácil. — disse Michael, que seguia um pouco mais a frente das garotas. — Se aparências dizem alguma coisa, Snape é um vampiro que vai sugar nossas energias com trabalhos.