14. Traços do futuro

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A notícia sobre o que tinha acontecido na madrugada de sábado se espalhou rapidamente pelos corredores, quando o restante dos alunos despertou na manhã seguinte e percebeu que a Sonserina estava com 100 pontos a menos e a Grifinória com menos 150, colocando a Corvinal e a Lufa-lufa a frente do campeonato. E dizer que os colegas de casa de Emily não estavam felizes seria um eufemismo.

O boato de que a Sommers e o Malfoy tinham saído no meio da madrugada, brigando acima de tudo, tornou os dois alvo de uma multidão de olhares feios na sala comunal. Mesmo Clarice Stevens, a monitora, que costumava ser muito simpática, estava bastante irritada e decepcionada com o acontecido. A casa não perdia a Taça das Casas há anos e eles tinham jogado isso fora, como se não fosse nada demais.

Os amigos também foram bem claros ao demonstrar seu desagrado.

— O que deu em você? — Daphne questionava, quase que gritando. — Nós nem mesmo te ouvimos levantar da cama!

— Eu posso ser bem sorrateira quando eu quero. — respondeu Emily, folheando seu livro como se não ligasse, o que apenas aumentou a irritação do grupo, que ficou de cara emburrada pelo resto do dia.

Mas ela se importava. E muito.

Detestava a ideia de ter irritado seus amigos e seu coração apertava todas as vezes que eles respondiam com secura, como se para puni-la por nem ao menos explicar o que realmente tinha acontecido. Era como se Emily tivesse cometido uma traição pessoal, em complô com a grifinória. Nem mesmo Draco parecia disposto a contar todos os detalhes da noite, o que aumentava a especulação.

Porém, a garota sabia que, se tivesse que passar por tudo de novo pelo mesmo resultado, ela o faria. Norberto estava seguro, morando em um lugar apropriado para ele, junto de sua própria espécie e Hagrid não seria indiciado por ter tentado criar um dragão ilegalmente. Perder alguns pontos parecia um detalhe irrelevante comparado a isso.

O único de seus amigos que não parecia incomodado com a situação, era Michael, que nem mesmo tornou a tocar no assunto das semanas que seguiram, tornando-se sua companhia de estudos frequente.

— Quais são os ingredientes necessários para uma Poção Wiggenweld? — ele perguntou, segurando um cartão em suas mãos.

Eles estavam sentados no sofá da sala comunal da sonserina, de frente um para o outro, fazendo perguntas sobre os conteúdos das provas para treinarem seus conhecimentos, uma tática sugerida pela professora Sprout na semana anterior.

— Suco de tolete, sangue de salamandra, acônito e ferrão gira-gira. — Emily respondeu, enumerando cada ingrediente em suas mãos. — Quais são as três categorias de transfiguração?

— Transformação, desaparecimento.... — ele fechou os olhos para se concentrar. — Destranfiguração e...?

Percebendo sua dificuldade, ela decidiu ajudá-lo.

— Conjuração — lembrou, trocando o cartão. — Tente decorar as iniciais de cada nome, vai ser mais fácil de chegar na resposta.

— Certo. — concordou Michael, puxando o próximo cartão. — São tantas matérias, como esperam que a gente aprenda tantas coisas de uma só vez.

— Você não ia para a escola antes de Hogwarts? — Emily supôs, erguendo uma sobrancelha.

Ao ouvir os relatos dos outros, não foi difícil de notar que aquela era a primeira vez de muitos deles em um ambiente escolar, principalmente aqueles que tinham ambos os pais bruxos, enquanto mestiços e nascidos-trouxa já estavam acostumados com aquele ritmo de estudos.

— Não, meus pais contrataram uma governante para me ensinar as coisas mais básicas como matemática e gramática. — o rapaz explicou, dando de ombros. — Ainda bem.

Rise [The Heir]  → H. J. PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora