10. Sombras Sussurrantes

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Quando era mais nova, Emily costumava passar seus dias no hospital com sua mãe. Havia uma creche lá dentro para todos os funcionários com filhos, para que pudessem visitar os pequenos quando quisessem durante seus longos e cansativos expedientes, criando mais tempo para passarem juntos. A sala era colorida, cheia de desenhos nas paredes, com bonecas, legos e bichos de pelúcia, cuidadoras amáveis e uma comida deliciosa.

Havia momentos em que colegas de sua mãe iam vê-la, hipnotizadas por seus cabelos avermelhados que as causava inveja e adoração ao mesmo tempo. Mesmo depois de sair da creche, muitas vezes a jovem ainda frequentava o hospital, ficando na ala pediátrica com as crianças internadas, e isso a permitiu ouvir muitas coisas.

Megan era uma pacifista. Quando pacientes e familiares estavam estressados e prestes a descontar nos médicos, ela conseguia intervir, acalmando seus nervos e iniciando uma conversa que os distraía da situação problema. Nunca levantava a voz quando entravam uma discussão sobre o tratamento adequado, mesmo que sua contraparte estivesse aos berros.

Mesmo com sua filha, ela nunca teve uma briga de fato, preferindo resolver as coisas com uma boa conversa ou um rápido e simples "não" que encerrava o assunto. Ela não se alterava, ela era calma.

Ela era tudo que Emily não era.

Com a respiração trêmula, a garota andava de um lado para o outro no corredor, sentindo seus olhos ardendo com todas as lágrimas que estava retendo naquele momento, evitando a todo custo evitar olhar para a estátua de gárgula por onde Snape havia desparecido há apenas alguns minutos, com promessas de uma punição severa. Se deixasse apenas uma lágrima cair, as outras não poderiam ser contidas e a conversa com o diretor seria vergonhosa o suficiente sem estar soluçando a sua frente.

Sua vontade era de correr para o dormitório e nunca mais sair, ficar enterrada em seus cobertos abraçando Whiskers e torcendo para que não a expulsassem. O pensamento a deixou ainda mais nervosa com a possibilidade de ser mandada embora, considerada um perigo para os outros alunos porque não conseguia se controlar. Era uma coisa quando isso acontecia sem que a culpa pudesse ser colocada nela, afinal, ninguém sabia sobre a magia, mas agora todos sabiam da verdade.

Isso significava que Gibson estava certo; ela realmente era uma coisa quebrada que não tinha conserto.

A estátua girou mais uma vez, fazendo a garota parar de andar e encarar as escadas circulares que foram reveladas com a subida da gárgula. Os sapatos negros de Snape vinham descendo lentamente, como se ele não tivesse mais nenhum outro lugar para estar, o que serviu para estressá-la ainda mais.

Imaginou que o professor fosse parecer contente, afinal, mesmo que fosse uma sonserina, ele parecia tirar prazer de ver seus alunos sofrerem, visto todas as notas baixas que distribuía, no entanto, uma carranca estava exibida em seu rosto, ainda maior do que aquela que tinha no campo de quadribol.

— O diretor irá vê-la agora. — falou, desgostoso. — Espero que entenda que isso é uma escola, não um clube de duelos, Sommers.

—Sim, senhor. — assentiu Emily.

Uma pontada de alívio a percorreu quando percebeu que esse era o fim de sua fala e não receberia uma dura do homem, pois sua aparência vampiresca era assustadora e se tivesse que ouvi-lo gritar outra vez, não sabia se teria coragem de entrar em sua sala de aula outra vez.

No entanto, quando ele gesticulou para que subisse as escadas, o alívio despareceu tão rapidamente quanto nasceu. Já tinha ouvido falar de brigas entre alunos que foram interrompidas por professores, mas que tinham sido resolvidas diretamente com os diretores de suas casas; se ela estava sendo mandada para Dumbledore na mesma hora, é porque a situação era grave.

Rise [The Heir]  → H. J. PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora