Embora nunca tivesse visitado as outras, Emily possuía a firme crença de que a Sala Comunal da Sonserina precisava ser a melhor e a mais bonita de todas elas. Por estar localizada nas masmorras, os dias de calor intenso que atacaram o mês de junho tornaram aquela região ideal para os alunos que buscavam evitar o Sol e o suor.
Dessa forma, os sonserinos não precisavam se aglomerar na biblioteca com as outras casas e nem buscar refresco nos terrenos, podiam ficar em seu espaço de conforto enquanto revisavam para as provas. O ambiente naturalmente fresco, espaçoso e com mesas e sofás de sobra rapidamente ficou mais e mais agitado, chegando ao seu auge quando as provas de fato começaram.
Porém, mesmo com todas essas vantagens, Emily se viu trocando o ambiente confortável para ficar à beira do lago com Harry, na tarde antes do teste prático de feitiços, pois havia uma preocupação maior entre eles, não compartilhada por seus outros amigos. Uma angústia que apenas eles entendiam.
— Ainda está doendo?
A garota observou o outro, sentado na grama ao seu lado, abraçando os joelhos. O Sol de fim de tarde abraçava seu rosto como um véu dourado, trazendo a tona a azul de seus olhos, como se fossem o próprio céu.
De tempos em tempos, ele levava uma mão até a testa, traçando a área marcada pela cicatriz de raio.
— Um pouco. — Harry respondeu. — Ela vai e vem, mas os pesadelos são a pior parte.
Embora não pudesse vê-la, Emily assentiu com a cabeça. O som de algo batendo na água levou sua atenção para o lago negro, podendo pegar o momento em que alguns tentáculos da Lula Gigante chacoalharam na superfície, cumprimentando os alunos que passavam voando por ali.
— Eu não entendo por que ele me escolheu. — disse a garota, amassando a terra debaixo de suas mãos. — Existem centenas de alunos nessa escola, mais velhos e experientes, então por que eu?
— Pode ter sido uma escolha aleatória, queria alguém que fosse passar despercebido. — sugeriu o rapaz. — Ou talvez, Voldemort reconheça a bruxa talentosa que você é.
— Estou falando sério...
— Eu também. — Harry se virou para ela. — Emily, você deve ser uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci. Se não te conhecesse, não iria acreditar que não sabia sobre a magia antes das aulas começarem.
Seus lábios formigaram na forma de um sorriso, fazendo a Sommers desviar o olhar outra vez para o próprio colo.
— Além do mais, você mesma disse que o Fofo nunca te atacou quando entrou na sala. Se tivessem essa habilidade em mãos, Snape e Voldemort conseguiriam a pedra em um piscar de olhos. — ele continuou.
— Mas como? Nem eu sabia que o Fofo não me atacaria! — rebateu Emily. — De verdade, quando eu o encontrei, tinha certeza de que estava morta, mas então...
A memória a arrebatou suavemente, levando-a de volta para o primeiro momento em que encontrou o cérbero, acariciando sua pelagem negra. Mesmo que o contexto não fosse dos melhores, ela se sentiu em paz ao tocá-lo, tanto quanto ele se sentiu confortável em sua presença. Não foi diferente de estar com Whiskers, ou qualquer outro animal que já tivesse conhecido, mesmo Norberto.
— Foi como se tivesse uma conexão, sabe? Ele não me viu como uma ameaça, mas como... uma amiga? Ao menos, alguém que não lhe faria mal. — ela tentou explicar, sentindo-se confusa ao tentar colocar seus sentimentos em palavras. — Como Voldemort poderia saber que isso aconteceria?
Mas Harry não sabia como responder. Havia muitas coisas que os dois não sabiam, coisas que pareciam cercá-los de todos os lados, mas sempre como uma vaga ideia, nunca como um fato completo. E para quem eles poderiam se voltar?
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Rise [The Heir] → H. J. Potter
FanfictionEmily sempre acreditou que era diferente das outras pessoas. Sempre enxergou o mundo de uma forma diferente, que ninguém mais parecia ser capaz de entender. Coisas aconteciam a sua volta, sem nenhuma explicação lógica de como ou porque. Ela era dif...