16. Verdades guardadas

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As luzes da enfermaria eram claras demais. O ambiente era muito branco e as janelas enormes, permitindo que os raios de sol pousassem diretamente sobre as marcas, algo que Madame Pomfrey chamaria de um método natural de despertar, que auxiliava na cura. Respeitosamente, Emily teria que discordar.

Quando suas pálpebras abriram, seu olhar se deparou diretamente com o teto do local, sem reconhecê-lo imediatamente. Seu corpo parecia pesado demais para levantar-se, implorando por mais algumas horas de descanso, mas a garota fez um esforço para ao menos mover a cabeça para os lados. A sua esquerda estava a entrada da Ala Hospitalar, macas vazias e uma cômoda com um abajur amarelado e um caderno verde que parecia muito familiar. Para a direita, uma maca ocupada por alguém de seu tamanho, cabelos negros e algumas feridas espalhadas pelo rosto.

Criando coragem para se levantar, Emily respirou fundo e se apoiou em seus cotovelos para erguer seu tronco. Uma ardência forte surgiu em seu peito com o movimento e ela soltou um grunhido de do.

Do outro lado da enfermaria, alguém escutou seu barulho e se aproximou com passos apressados.

— Ah, senhorita Sommers. — Dumbledore apareceu em seu campo de visão. — Que bom vê-la acordada.

Suas palavras levaram um momento para registrar para Emily, que forçou seu corpo a ficar sentado, mesmo com a dor.

— O que aconteceu? — perguntou, ouvindo a própria voz soar mais rouca. — Quirrel, ele...

— Deixe-me colocá-la a par dos fatos. — o diretor puxou uma cadeira, sentando-se ao lado de sua maca. — Chá?

As mãos velhas e enrugadas estenderam uma xícara quente em sua direção, que ela aceitou, mas deixou descansando em seu colo, mais interessada nas respostas que precisava.

— Eu o confrontei. — disse Emily, deixando as memórias retornarem. — Era Quirrel quem estava tentando roubar a pedra, para Voldemort...

— Correto. — Dumbledore confirmou. — Devo dizer que, embora muito imprudente, foi extremamente corajoso de sua parte agir com seus instintos. Quando Quirrel gritou pelos corredores que uma aluna tinha desmaiado de exaustão, você entre todos os outros, tive minhas suspeitas sobre o que realmente estava se passando dentro da escola. Foi essa suspeita que me fez retornar ao castelo, bem a tempo de impedir que ele pegasse a pedra.

Fez uma pausa, indicando com o olhar para o chá intocado. Emily se rendeu, deixando o líquido adocicado escorrer por sua garganta.

— No entanto, quando cheguei, Harry Potter já estava fazendo um belo trabalho, defendendo a pedra. — ele falou.

Emily virou seu olhar para a cama ao lado outra vez, agora conseguindo reconhecer a figura deitada. Seus olhos se arregalaram.

— Ele está bem?

— Apenas cansado. Teve que aguentar sozinho os ataques de Voldemort por um tempo, receei que fosse tarde demais quando cheguei. — explicou Dumbledore. — Mas tudo deu certo, no final. Quirrel e Voldemort foram impedidos, Harry está a salvo e a Pedra Filosofal foi destruída.

Com mais um gole, a garota mergulhou nos próprios pensamentos por um instante. Era melhor que tivesse sido destruída, ela sabia, se era um artigo tão perigoso nas mãos erradas, que causou todos aqueles problemas até então... Era melhor que existisse apenas nos livros de história.

Mas ainda havia uma multidão de perguntas que ficavam em sua ausência, todas as implicações que tinha causado.

— Aqueles sonhos não eram só sonhos. — Emily se atreveu a dizer. — Voldemort estava entrando na minha cabeça.

Rise [The Heir]  → H. J. PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora