11. Coração abandonado

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O encontro com o enorme cérebro afetou Emily de mais de uma maneira. Um peso ocupou sua consciência ao saber que a criatura estava sendo mantida dentro da escola, com o consentimento do diretor, sem saber se poderia falar para alguém o que tinha descoberto, pois sabia que não teria como explicar como tinha parado na sala em primeiro lugar.

Além disso, o cenário de seus pesadelos se transformou naquela sala, abandonando as paredes gelo rachadas e o vulto misterioso, para ficar apenas com o alçapão aos seus pés, que ela se sentia compelida a tentar abrir, inutilmente. A única coisa que permanecia a mesma, era a voz sussurrante, que a incentivava a seguir em frente e encontrar algo.

Ao contrário do que Dumbledore havia dito, as poções para dormir não causaram efeito algum além do sono excessivo, o que tornava tudo ainda mais esquisito.

— Você está desanimada demais para alguém que está indo para casa.

Emily ergueu seus olhos do livro de Adivinhação que tinha tirado de uma das estantes da biblioteca, que tentaria ler durante seu tempo vago, se deparando imediatamente com Michael na mesa mais próxima, terminando um de seus deveres de feitiços.

— Ao contrário de você, que está praticamente saltando de felicidade. — ironizou a garota, que o tinha visto olhar tentadoramente para a lista de alunos que ficariam na escola mais de uma vez. — Não está ansioso para ver seus pais outra vez?

— Huh, mais ou menos. — ele disse. — Digamos que não vamos ter uma recepção muito calorosa.

Franzindo o olhar, Emily se sentou na cadeira ao seu lado, deixando seu livro escolhido em cima da mesa.

— Por que não? Irritaram seus pais ou algo do tipo?

— Tecnicamente, não. Não de propósito pelo menos. — explicou Michael, deixando de escrever para acariciar os fios de sua pena. — Meus pais não ficaram muito felizes por Shane ter parado na grifinória, recebeu uma carta bem aborrecida dizendo que ele já estava desonrando nosso nome, depois de tudo que fizeram por ele.

Foi impossível conter a reação chocada da Sommers, que ficou com a boca entre aberta com a revelação. "Desonra" soava como um termo muito forte, sujo até, para se dizer para alguém de sua família, apenas pela casa que tinha sido selecionado. E Shane, o eterno sorridente do grupo, nunca tinha se mostrado abalado com nada, o que fez a garota se perguntar com a data em que a carta chegou.

As perguntas começaram a se acumularam na ponta da língua, mas em respeito a privacidade seu amigo ausente, ela as reteve, se limitando a assentir com a cabeça.

—É, acho que não vai ser muito agradável... Mas é natal!— falou Emily, dando um grande sorriso. — A melhor época do ano, não tem como ser ruim.

— Não achei que você fosse uma pessoa natalina. — riu Michal, realmente impressionado. — Depois que você se recusou a comemorar seu aniversário na semana passada, achei que você fosse o tipo de pessoa que não celebra nada, prefere morar debaixo de uma pedra.

— Meu aniversário e o Natal são datas muito diferentes! — ela se defendeu. — Sempre foi a minha festa preferida: presentes, a lareira acesa, biscoitos, os dez filmes natalinos que eu e minha mãe assistimos todos os anos, ao ponto de sabermos todas as falas... É a melhor época do ano!

O rapaz balançou a cabeça de um lado para o outro, não parecendo muito convencido.

— É, não posso discordar muito. — falou. — O Natal também é o dia preferido da minha mãe e ela sempre faz questão de tornar tudo especial, tem toda uma tradição para fazer desejos com uma fogueira e meu pai é obrigado a não ser ranzinza por dois dias inteiros. Não tem como reclamar.

Rise [The Heir]  → H. J. PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora