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Bailey May ligou o carro e acelerou. Ao seu lado, no banco do passageiro Joalin encarava a janela.

Estava uma noite chuvosa e seus pensamentos variavam entre arrependimento, raiva e o desejo de que sabina estivesse dormindo quando ela chegasse em casa.

Bailey sabia que algo estava errado com Joalin.

— O que acha de uma música? — O garoto encarou a loira.

— Eu acho melhor não. — Ela respondeu e ele assentiu.

— O que vai querer comer? — ele mais uma vez puxou assunto.

— Acho que uma salada.

— O quê? Está falando sério?

Ela arquiou a sobrancelha e virou a cabeça para encarar o garoto.

— O que tem contra uma boa salada, May? Pensei que por você ser um atleta e ter tantos músculos teria uma boa alimentação.

— E pensou certo, mas não precisamos comer sempre assim.

Ele estacionou o carro em um restaurante e ambos saíram do carro.

— Boa noite. — Um garçom os cumprimentou assim que sentaram em uma das mesas. — O que desejam?

Joalin olhava atentamente o cardápio, ela queria sentir o gosto do hambúrguer. Fazia alguns meses que não comia algo calórico.

Como se lesse os pensamentos da garota o May disse:

— Traga dois hambúrgueres, uma batata frita grande e dois milkshakes.

O garçom assentiu e então se retirou.

— Ficou maluco? Quem vai comer tudo isso?

Ele apenas riu.

                                   •••

Quando Joalin entrou em casa já eram meia-noite, as luzes já estavam desligadas e ela tratou de seguir para o seu quarto.

Sentia se extremamente cheia, depois de comer o hambúrguer e as fritas havia pedido vários outros pratos.

Pegou uma roupa confortável e foi para o seu banheiro, assim que tirou a calça e a blusa observou seu corpo.

Sua barriga que ela pensava ser grande, seus braços que ela achava serem flácidos.

E então lembrou das palavras que eram lhe ditas todos os dias quando era mais nova e estava no ensino médio.

"Você nunca terá amigos, Joalin. As pessoas não gostam de ficar perto de pessoas gordas." Era o que Lins  uma garota bonita e mais velha dizia para ela.

" Talvez se você deixasse de comer..." uma das amigas de Lins disse.

"Ou melhor, porque não coloca tudo para fora? Tem uma ótima técnica para isso."

Joalin encarou seu reflexo e engoliu seco.

— Não faça isso. — Disse a si mesma. — não faça isso. — repetiu.

Mas então seus olhos desceram para sua barriga e então ela correu para o vaso sanitário. Abriu a tampa e fez o que normalmente fazia.

E então depois de terminar de fazer aquilo se sentou no chão do banheiro frio encostando as costas na parede e deixou uma lágrima solitária escorrer.

Joalin era uma pessoa altruísta, tudo bem ela sofrer aquilo, mas saber que milhares de pessoas sofriam com aquilo cortava seu coração. Se pudesse tomaria o lugar delas para que elas não precisassem viver com aquilo.

Lentamente se arrastou até o chuveiro e tomou um banho e depois de se enrolar em um roupão foi até o quarto. Pegou uma foto que ficava em cima do movel da cabeceira.

Era uma foto sua com cinco anos, ela tinha grandes bochechas e já estava a cima do peso. E então pegou uma foto sua no ensino médio, estava muito magra.

Lembrar daquilo a fazia derramar lágrimas, havia emagrecido o quanto podia para agradar Lins e suas amigas na esperança que assim elas parassem de fazer bullying com ela, mas ao invés disso as garotas começaram a xinga-la por ser tão magra.

Joalin pensava que havia aprendido a lição sobre mudar pelas pessoas, mas todos os dias se moldava ao padrão da sociedade. Tentava emagrecer com dietas e treinos malucos, andava como uma modelo, tentava ser a mais gentil de todas e tudo isso só a destruía ainda mais por dentro.

Regra número 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora