Celine, apesar da insistência do marido, postergava a contratação de um segurança. Não se sentia à vontade em chegar aos lugares com um guarda costas em seu encalce, ainda se preocupava com o tipo de atenção que isso pudesse gerar. Além do mais, gostava muito da liberdade de dirigir seu próprio carro.
Numa quarta feira de um dia ensolarado, ela decidiu, sem consultar Antonio e Juan, levar Pietra com ela para Nova York. Enrico estaria lá a trabalho e combinaram de se encontrar para um almoço. Levou a babá junto, planejando alugar um quarto de hotel para que ela e a filha ficassem seguras e confortáveis enquanto visitava seus cientes. Mesmo com tudo planejado, Celine saiu de casa, naquele dia, consciente de que estava cometendo um erro. Não existira técnica de controle da raiva capaz de salvar Antonio de ter um ataque quando soubesse que a filha deles entrara em contato com um rival que só existia em sua imaginação. Mas o que ela podia fazer? Enrico vinha cobrando conhecer Pietra pessoalmente já fazia muito tempo, chegou até mesmo a pedir para fazer uma visita na casa deles, em Baltimore. Foi nesse ponto que Celine sugeriu levar a menina até ele, num rompante de extremo constrangimento. Quando pensou a respeito mais tarde culpou o marido, a coisa poderia se resolver com mais civilidade, se ele não fosse tão intransigente e ciumento em relação ao seu amigo. Existiam também outras razões pelas quais ela desejava levar Pietra consigo, e uma delas era se livrar da inveja que sentia das mães que passeavam com seus filhos pelo Central Parque. Celine jamais poderia fazer algo assim com Pietra, em Baltimore, sem o flagrante dos paparazzi, ela e Antonio decidiram poupar a filha desses tabloides sensacionalistas. Pietra ia adorar alimentar os patos, e quem sabe, se desse tempo, passeariam de charrete. Seria uma experiência muito agradável para as duas. Antonio que mordesse a ponta dos dedos depois.
Saíram bem cedo, logo depois de Antonio. Em Nova York, Celine alugou um quarto no The Mark, que ficava na avenida Medison, à uma esquina do parque. Às dez horas da manhã, ela foi visitar um cliente na Middle Village, falou sobre a empresa que estava abrindo e sobre os novos serviços que seriam oferecidos a partir de maio, prometendo enviar um convite para inauguração. Duas horas depois, ela estava em um novo encontro, e repetindo as mesmas coisas. Antonio detestava que Celine tivesse que fazer esse tipo de contato, mas se tratava de clientes que estavam com ela desde que começara a atuar no mercado. Celine sentia que devia a eles um tratamento mais íntimo. Quando encerrou, à uma hora da tarde, passou no hotel, pegou Pietra e Diana e foram ao encontro de Enrico. O restaurante escolhido foi o The Loeb Boathouse, que ficava dentro do próprio Central Park, por isso foram andando enquanto Celine empurrava o carrinho de passeio da filha. Enrico estava esperando na calçada e assim que as viu fez uma expressão toda derretida para pequena, que agitava as perninhas dentro do carrinho. Pietra sabia ser encantadora quando queria, sorria e arrulhava palavrinhas que ninguém entendia, mas que deviam significar alguma coisa. Erico a tomou no colo e ela não estranhou o tio do coração, os dois já se conheciam através da câmera do computador, mas Celine sabia, melhor do que ninguém, o que era ter aquela coisinha linda no colo. Enrico ficou emocionado, mimou a garotinha com todo tipo de gracejo. E Deus era testemunha do quanto Pietra adorava esse tipo de atenções. Mas a cena comovente não impediu que Celine tivesse um insight ruim, pensou em como seria fácil atrair a filha, qualquer um levaria a pequena Pietra embora, se quisesse. Uma ideia boba, que foi embora tão logo ela se deu conta de que o estranho em questão não era tão entranho assim, era Enrico, o tio postiço, que a amava muito e cuja imagem já lhe era familiar.
Enrico entregou Pietra a Diana, e as conduziu para a mesa que já estava reservada.
— Pietra é bella, Celine, parabéns. Sinto que vou sentir mais saudades dela de agora para frente.
Os dois olharam em direção a Pietra, que estava no colo Diana admirando o lago do parque debruçado logo depois do terraço. Os patinhos já estavam ali perto à espera da generosidade dos clientes.
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O Casamento de Celine
RomanceGrávida, vivendo escondida na cidade de Nova York, Celine apenas queria seguir com sua carreira. Criar o filho sozinha não parecia tão mal quanto apostar seu coração em Antonio Navarro, o italiano pervertido que a engravidara. Navegar pela costa it...