Capítulo 10

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         — Seu aniversário é daqui a duas semanas, devíamos aproveitar que temos uma babá e organizar uma grande festa, talvez em um clube noturno aqui mesmo, em Baltimore. Mas pode ser em Nova York. E você poderia convidar seus clientes, se quiser.

— Não, Antonio. Detestaria comemorar meu aniversário desse jeito.

— E o que prefere? Quem sabe, um fim de semana em alguma ilha paradisíaca. O lugar que você quiser.

— Não, nada tão extravagante. Não me importo em comemorar meu aniversário, na verdade.

— Como não, Celine, seu aniversário é uma data especial.

— Para mim, é só mais um ano que correu. Não consigo ver de outra forma.

— É uma celebração da vida. E sua vida, amore mio, merece ser comemorada à altura. Respeito, se não quiser nada extravagante. Mas não posso deixar passar em branco.

— Tudo bem, você decide, mas desde que seja bem íntimo.

— O quão íntimo? Tem que dizer quem você quer no seu aniversário.

— Bem, Bianca está viajando, Enrico não poderia vir. Margo deverá ficar com Pietra, não vou deixa-la sozinha com a babá, não antes de ter certeza que essa moça é confiável. Então, só nos restam Rose e Robert. Não quero sair de Baltimore, estou muito ocupada. Acho que um jantar será o suficiente.

— Adoraria tê-la só para mim. O que acha de reduzirmos os convidados a noi due?

— Acho ótimo, meu marido...

Celine, enquanto trabalhava no estúdio observava a babá brincando com sua filha no jardim. A moça havia sido enviada por uma agencia especializada nesse tipo de contratação. Tinha treinamento em primeiros socorros, conhecia todos os manuais sobre crianças e havia cursado dois anos de pedagogia. Enfim, parecia perfeita. Não para os olhos atentos de Celine, apesar de Pietra parecer adorá-la, ela não conseguia tirar os olhos de cima da moça. Andava pela casa espreitando a pobre garota. Margo não ficava atrás, apesar de mais convencida quanto à capacidade da nova cuidadora. Mas, fora isso, tudo andava na mais perfeita paz. Celine havia ganhado mais independência, um carro, liberdade de ir e vir. É claro que tudo isso sob o aval de Juan, era obrigada a passar todo o itinerário para ele. O endereço de todos os lugares onde ela estaria; quanto tempo planejava ficar em cada um deles, até mesmo o local onde planejava estacionar o carro. Carro, que veio da fábrica com um GPS rastreado por satélite. Era agora monitorada à distância. Mas estava satisfeita, de todo modo, visitava seus clientes em nova York sem nenhum constrangimento. Havia apresentado o novo serviço que oferecia e fechado com a maioria deles. Devido a isso, ela ia para Nova York com certa frequência, passava o dia inteiro por lá, não dormia porque Antonio não chegaria a esse nível de aceitação. Numa dessas viagens, reencontrou seu querido amigo Enrico. Passear com ele foi como comer a cereja do bolo. Antonio foi informado disso depois, e não subiu pelas paredes, se comportou perfeitamente. Ele frequentava o divã de um analista e estava aprendendo algumas técnicas para controlar a raiva. Estava indo muito bem.

Seu contato com John Smith, no fim, não tinha sido grande coisa, haviam se encontrado uma vez somente. E não foi em nova York, foi em Baltimore mesmo. Ele tinha uma namorada na cidade. Antonio foi apresentado a ela e ficou bastante aliviado. O piloto do livro já estava quase pronto, mas ela ainda não estava satisfeita com a parte que lhe cabia. Vinha reescrevendo aquelas páginas quase que diariamente.

Fazia mais de um ano que ela estava naquela casa, casada com Antonio. Parecia que o tempo havia corrido a passos largos. As bodas de um ano foram passadas em branco no meio da briga que tiveram, ela nem podia acreditar que haviam superado tudo aquilo. Estava tão feliz que seu peito, constantemente, se inflava de felicidade, e ela se via fazendo preces curtas de agradecimento em muitos momentos do dia. Deus era onipresente demais para ficar de fora de sua vida.

O Casamento de CelineOnde histórias criam vida. Descubra agora