Capítulo 4

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Na mesa do café da manhã, Celine fitava a futura sogra. Era admirável o cuidado que Valentina tinha em pronunciar todas as palavras em inglês, enquanto que o restante deles intrometia uma ou outra expressão em italiano no meio das frases. Quis dizer a ela que não se importava, adorava ter o sentido das frases flutuando entre uma coisa e outra, assim ia aprendendo um pouco do idioma deles. Mas não o fez, teve o gostinho um tanto sádico de mantê-la naquele esforço.

— Valentina, Celine gosta de cereal no café da manhã. — Antonio avisou por cima da mesa.

E o mesmo diálogo do outro dia veio à tona.

— Daqueles cheios de fibras?

Non, do tipo comum.

— Margo sabe qual é, mande-a as compras. Mas para que fique sabendo, é do tipo açucarado. O típico café da manhã das crianças americanas.

— Muitos adultos comem cereal. — Celine quis se redimir.

— Os americanos são como porcos; comem qualquer coisa. — Theodoro deixou escapar. —Sem ofensas, mia cara.

— Não, eu não estou ofendida.

Mas vai ficar. Antonio quis dizer com olhar enviesado.

— Quando eu a encontrei em Nova York, Celine havia mangiato um prato de pasta instantânea.

É vero, existe tale pasta na América? — Theodoro quis saber.

— Não é invenção dos americanos, padre. Foi ideia de um japonês. É uma pasta desidratada, eco? Adiciona-se água quente, dopo tre minuti tem-se um prato de macarrão bem insosso. Comi uma vez quando era mais jovem, na casa do Thor. — Ma questo pare una porcheria...

E o comportamento delicado de Valentina foi-se embora. Num italiano furioso ela passa a atacar Antonio.

Colpa tua se l' nostra nipote è stato rimpinzarsi questo lavaggio americana. Se avesse agito scorretto con tua sposa, l' nostra povera bambina non era stato esposto a tanto porcheria.

(Traduzido: Culpa tua se nossa neta estava se empanturrando dessa lavagem americana. Se tivesse agido direito com tua noiva, essa pobre criança não tinha sido exposta a tanta porcaria)

Uma vez que Valentina começou, Theodoro não ficou de fora:

È vero, colpa tua! Ho detto il tuo passato di nuovo far pagare per l' comportamento sconsiderato! Se non è vissuto come un libertino tua sposa non aveva corso, e ci stavamo prendendo cura di lei fin dall'inizio! (Traduzido: É verdade, tua culpa. Eu disse que teu passado ia voltar para cobrá-lo por teu comportamento inconsequente. Se não tivesse vivido como um libertino, tua noiva não tinha fugido, e estávamos cuidando dela desde o início) É claro que Antonio tentou de se defender do ataque dos pais: — Basta, io non sono uno bambino stupido! Sono un uomo ormai, esigo che mi tratti con rispetto. (Traduzido: Basta, eu não sou um garoto estúpido! Sou um homem, exijo que me tratem com respeito.) A réplica de Theodoro: — Rispetto, come se questa parola esiste in tuo vocabolario... (Traduzido: Respeito, como se essa palavra existisse em teu vocabulário...)

E a discussão foi desandando até que Valentina se deu conta da figura de Celine, alarmada, com um pedaço de fruta ainda espetado no garfo, a meio caminho da boca.

— Basta! — Gritou ela, um pouco envergonhada. — Celine é americana, não entende o que se passa.

— Uma casa de louco, isso que é amore. Temos sorte por termos que aguentar questo qui umas poucas semanas por ano.

O Casamento de CelineOnde histórias criam vida. Descubra agora