Na mesa do café da manhã, Celine fitava a futura sogra. Era admirável o cuidado que Valentina tinha em pronunciar todas as palavras em inglês, enquanto que o restante deles intrometia uma ou outra expressão em italiano no meio das frases. Quis dizer a ela que não se importava, adorava ter o sentido das frases flutuando entre uma coisa e outra, assim ia aprendendo um pouco do idioma deles. Mas não o fez, teve o gostinho um tanto sádico de mantê-la naquele esforço.
— Valentina, Celine gosta de cereal no café da manhã. — Antonio avisou por cima da mesa.
E o mesmo diálogo do outro dia veio à tona.
— Daqueles cheios de fibras?
— Non, do tipo comum.
— Margo sabe qual é, mande-a as compras. Mas para que fique sabendo, é do tipo açucarado. O típico café da manhã das crianças americanas.
— Muitos adultos comem cereal. — Celine quis se redimir.
— Os americanos são como porcos; comem qualquer coisa. — Theodoro deixou escapar. —Sem ofensas, mia cara.
— Não, eu não estou ofendida.
Mas vai ficar. Antonio quis dizer com olhar enviesado.
— Quando eu a encontrei em Nova York, Celine havia mangiato um prato de pasta instantânea.
— É vero, existe tale pasta na América? — Theodoro quis saber.
— Não é invenção dos americanos, padre. Foi ideia de um japonês. É uma pasta desidratada, eco? Adiciona-se água quente, dopo tre minuti tem-se um prato de macarrão bem insosso. Comi uma vez quando era mais jovem, na casa do Thor. — Ma questo pare una porcheria...
E o comportamento delicado de Valentina foi-se embora. Num italiano furioso ela passa a atacar Antonio.
— Colpa tua se l' nostra nipote è stato rimpinzarsi questo lavaggio americana. Se avesse agito scorretto con tua sposa, l' nostra povera bambina non era stato esposto a tanto porcheria.
(Traduzido: Culpa tua se nossa neta estava se empanturrando dessa lavagem americana. Se tivesse agido direito com tua noiva, essa pobre criança não tinha sido exposta a tanta porcaria)
Uma vez que Valentina começou, Theodoro não ficou de fora:
— È vero, colpa tua! Ho detto il tuo passato di nuovo far pagare per l' comportamento sconsiderato! Se non è vissuto come un libertino tua sposa non aveva corso, e ci stavamo prendendo cura di lei fin dall'inizio! (Traduzido: É verdade, tua culpa. Eu disse que teu passado ia voltar para cobrá-lo por teu comportamento inconsequente. Se não tivesse vivido como um libertino, tua noiva não tinha fugido, e estávamos cuidando dela desde o início) É claro que Antonio tentou de se defender do ataque dos pais: — Basta, io non sono uno bambino stupido! Sono un uomo ormai, esigo che mi tratti con rispetto. (Traduzido: Basta, eu não sou um garoto estúpido! Sou um homem, exijo que me tratem com respeito.) A réplica de Theodoro: — Rispetto, come se questa parola esiste in tuo vocabolario... (Traduzido: Respeito, como se essa palavra existisse em teu vocabulário...)
E a discussão foi desandando até que Valentina se deu conta da figura de Celine, alarmada, com um pedaço de fruta ainda espetado no garfo, a meio caminho da boca.
— Basta! — Gritou ela, um pouco envergonhada. — Celine é americana, não entende o que se passa.
— Uma casa de louco, isso que é amore. Temos sorte por termos que aguentar questo qui umas poucas semanas por ano.
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O Casamento de Celine
RomanceGrávida, vivendo escondida na cidade de Nova York, Celine apenas queria seguir com sua carreira. Criar o filho sozinha não parecia tão mal quanto apostar seu coração em Antonio Navarro, o italiano pervertido que a engravidara. Navegar pela costa it...