Capítulo15

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Bianca chegou no meio daquele drama todo. Assim que bateu os olhos sobre a amiga, seu coração se contraiu de puro pesar. Celine estava apática, tinha olheiras enormes embaixo dos olhos, ao mesmo tempo em que seus gestos beiravam ao histerismo. Olhava constantemente para os lados, a atenção presa em vários pontos da casa e muito pouco na conversa que estavam tendo.

— Sinto muito, minha amiga.

— Você já disse isso, Bianca.

— Eu sei. Acho que não esperava que fosse te encontrar nesse estado.

— Estou péssima, não é? Sua mãe já me disse isso noutro dia.

— Olha só, Celine, não pense que eu não entendo pelo o que está passando. Nem minha mãe, é claro que todos nós ficamos perturbados com o ocorrido. Você é a mãe da Pietra e estava lá...

— Eu deixei que eles levassem a minha filha, Bianca. Não foi só fato de eu estar lá, eu permiti.

— Ah, Celine, não pense assim. O que uma mulher indefesa pode fazer contra dois bandidos?

Celine balançou a cabeça, contrariada.

— Ninguém consegue entender como eu me sinto. Ninguém. Eu não preciso de compaixão. Eu estava lá, eu sei o que eu poderia ter feito. Mas eu não fiz nada. – Celine levantou do sofá para evitar o toque consternado de Bianca sobre sua mão. Apesar de sua obsessão pela porta de vidro, foi se sentar do outro lado, de costas para o jardim. — Mas vamos deixar essa conversa de lado. Eu estou tão cansada de falar sobre isso, de ficar revivendo aquele pesadelo infernal. Vamos falar de você, dos seus planos. Sua mãe disse que veio apenas para o fim de semana.

— É. Vim atrás de roupas, na verdade. Minha mãe está inconformada, mas o que eu posso fazer? Tenho milhões de coisas para resolver na faculdade. Relatórios para entregar, você conhece todo o protocolo, né?

— Conheço, sim. Pelo menos deixe sua mãe ir com você.

— E o que ela vai fazer lá? Eu vou estar super ocupada. Você bem sabe como ela pega no meu pé.

— Coitada, Bianca. Eu sou testemunha do quanto sua mãe esteve com saudade durante todo o tempo em que esteve isolada naquela base de pesquisa.

— Agora que estou de volta, vou vir todos os finais de semana. Isso vai ter que ser o suficiente. A disciplina do professor Rupert começa na próxima semana, e ela é pré-requisito para que eu me forme. Neste ano, eu também vou fazer parte do ciclo de palestras. Está vendo como estou soterrada de coisas para fazer? ser madrugadas em claro, revistando texto e estudando. Minha mãe só ia me atrapalhar. Ainda bem que ela tem você e a Pietra para entretê-la. Sabe que nessas horas eu detesto se filha única.

— Você é uma ingrata, isso sim. Devia levantar as mãos para o céu e agradecer pela mãe que tem.

— Sim, claro que sim. Quando eu for mãe vou me lembrar disso. Enquanto não for, vou continuar uma filha mal-agradecida e uma tia coruja. Trouxe um presente para nossa garotinha. Não vejo a hora de pegar ela no colo.

— Se eu soubesse que vinha, tinha combinado um horário longe da soneca.

— Eu tentei ligar, mas ninguém me atendeu, vim de puro atrevimento.

— Me esculpe por isso. Tivemos que silenciar o telefone por causa da imprensa, as ligações agora caem direto na secretária eletrônica.

O Casamento de CelineOnde histórias criam vida. Descubra agora